Estudantes de engenharia recriam ícone da Mercedes pilotado por Senna
De sedã pacato a campeão da DTM, o 190E foi o escolhido dos estudantes do curso de engenharia de competição da DriveX Academy
A equipe de competição DriveX Motorsport mantém uma escola, em Madrid, na Espanha, que oferece curso de pós-graduação em Engenharia de Competição.
A DriveX Academy forma profissionais com habilidades de desenhar e construir motores de alto desempenho; desenvolver estudos de aerodinâmica e conhecer ajustes que podem transformar um carro em um bólido vencedor.
Como trabalho de conclusão de curso a turma que se forma no final de 2020 está construindo um carro que além de ser capaz de competir em provas de longa duração ainda presta homenagem a um ícone do passado.
Os alunos estão recriando o Mercedes-Benz 190E 2.5-16V Evolution II, que foi vencedor do Campeonato Alemão de Turismo, o famoso DTM (Deutsche Tourenwagen Masters), em 1992, pilotado pelo alemão Klaus Ludwig.
O projeto parte de um modelo Mercedes 190 de rua que será usado basicamente como fornecedor do chassi e da carroceria, uma vez que todos os demais componentes originais serão modificados ou substituídos.
O pequeno Mercedes 190, lançado em 1982, era para ser um carro desprezado pelos puristas, que acham feio tudo o que não tem caráter superior e tradicional, na marca.
Conhecido como Baby-Benz, esse modelo foi um projeto que colocava a Mercedes em um segmento em que a marca não existia, de carros compactos.
Quis o destino, porém, que ele se tornasse uma legenda.
O 190 foi apresentado em duas versões 190 e 190 E, equipado com motor de quatro cilindros, 2.0, gasolina, de 90 e 122 cv e pouco tempo depois ganhou uma versão diesel, 2.0 de quatro cilindros e 72 cv.
O sedã trazia algumas inovações como suspensão traseira multilink, freios ABS, airbags e cintos de segurança pre-tensionados, além de ser o primeiro modelo da indústria a ter carroceria feita com aços especiais (mais leves) em escala comercial.
No ano seguinte, em 1983, a Mercedes adotou uma nova opção de motor, o 2.3 que foi o primeiro 16V da marca. Seu sistema de injeção já era multiponto e o cabeçote foi projetado pela inglesa Cosworth.
Foi aí que a sorte do carro começou a mudar.
Com a justificativa de celebrar a abertura do novo circuito de Nurburgring, com um traçado de 5.148 metros ao lado gigante Nordschleife, com 22 quilômetros de extensão, a Mercedes promoveu uma corrida com 20 unidades do 190 no grid.
Para pilotar os carros, a empresa convidou estrelas da Fórmula 1 e batizou a prova como Corrida do Campeões.
Entre os convidados: Niki Lauda, Keke Rosberg, Alain Prost, James Hunt, Carlos Reutmann, Jody Scheckter, Jack Brabham, Phill Hill, John Surtees, Alan Jones e Stirling Moss, entre outros.
Fangio não foi. Já estava com 72 anos. E Emerson Fittipaldi cancelou a participação por conta de compromissos às vésperas de disputar as 500 Milhas de Indianapolis, sugerindo que o novato Ayrton Senna tomasse o seu lugar.
Senna havia estreado na F-1, com a Toleman, naquele ano e já somava um ponto na categoria, em seu segundo Grand Prix, que foi em Kyalami, na África do Sul.
A corrida foi disputada no dia 12 de maio de 1984. No grid, Prost cravou a pole position à frente de Senna e Reutmann.
Na primeira das 12 voltas sob garoa, Senna tratou de passar o francês e assumir a ponta, posição em que se manteve até o final, mesmo com os ataques de Lauda, que chegou em segundo.
Prost saiu da pista, voltou e terminou em décimo quinto. E Reutmann ficou em terceiro.
Hoje o carro que Senna pilotou é um dos mais visitados no museu da marca, em Sttutgart.
Para homologar o 190 E 2.5 16V Evoluiton II e disputar a DTM, a Mercedes precisou produzir uma série de 500 unidades do modelo para as ruas. Essa versão lançada em 1990 atualmente é disputada por entusiastas e colecionadores de todo o mundo, puristas e não puristas.