Enfim conhecemos a sucessora da 812 Superfast e o novo carro-chefe da Ferrari. Batizada de 12Cilindri, em homenagem ao famoso V12 de Maranello, o novo superesportivo foi apresentado em Miami, nos Estados Unidos, em versões cupê e conversível.
Para os presentes no evento oficial, a reação ao ver o carro pode ter sido um tanto chocante, afinal, ele rompe paradigmas estéticos que estamos acostumados a ver em carros da Ferrari. E essa era justamente a proposta da equipe de design, chefiada por Flavio Manzoni.
Segundo a Ferrari, a inspiração veio dos Gran Turismo da marca das décadas de 1950 e 1960, mas o objetivo final era trazer um carro mais futurista e inovador. Deu certo. A 12Cilindri deixa de lado os faróis grandes e linhas curvas, por uma estética mais retilínea.
Na dianteira é onde a mudança fica mais evidente, com os faróis horizontais e estreitos. Logo abaixo, o para-choque é pronunciado e com grandes aberturas para resfriamento do conjunto. De perfil, vemos uma silhueta semelhante aos clássicos da marca. Outro detalhe é que uma linha reta de cintura corta as laterais, diferente do 812 que tinha formas mais curvadas.
Passando para a traseira, o conjunto óptico “conversa” com a dianteira: as lanternas são representadas por uma barra bastante fina. O destaque vai para a asa traseira, que tem formato de delta. O para-choque é bem pronunciado e tem quatro saídas de escape em forma de trapézio.
Quanto ao motor, ele é o velho conhecido V12 6.5 aspirado, mas que recebeu diversas melhorias que possibilitam chegar aos 9.500 rpm. Algumas dessas mudanças derivam da 812 Competizione, mas outras foram adotadas especialmente para a Ferrari 12Cilindri.
As novas bielas de titânio são uma das responsáveis pelo V12 atingir rotações tão altas, já que são 40% mais leves se comparadas às de aço. Os pistões também ficaram mais leves e são feitos de uma nova liga de aço.
A 12Cilindri também ganhou um dedo deslizante derivado da Fórmula 1 feito de aço revestido de carbono tipo diamante (DLC), que garante maior resistência à fadiga. Além de mais leve, ele reduz o coeficiente de atrito nos acoplamentos mais delicados, melhorando significativamente o desempenho mecânico do motor.
Os engenheiros também trabalharam para melhorar a entrega de torque do motor, e isso passa diretamente pela transmissão automática de dupla embreagem e oito marchas. Foi adicionada uma nova engrenagem cônica, que aumenta a disponibilidade de torque no solo em 12% e deixa as trocas até 30% mais rápidas.
Com esse conjunto renovado, a 12Cilindri tem 841 cv a 9.250 rpm e 69,13 kgfm a 7.250 rp. A Ferrari declara um tempo de 0 a 100 km/h de 2,9 s e de 0 a 200 km/h e 7,9 s para o cupê. A versão Spider é um pouco mais lenta, provavelmente devido ao maior peso (1.560 kg do cupê contra 1.620 kg do conversível), e tem tempos de 2,95 s e 8,2 s no 0 a 100 km/h e no 0 a 200 km/h, respectivamente. As duas versões têm velocidade máxima declarada de 340 km/h.
O novo design é intencionalmente projetado para melhorar a aerodinâmica, que fica ainda melhor com o sistema ativo. Ele permite que o motorista opere em dois modos: Low Drag (LD) e High Downforce (HD).
O primeiro opera, principalmente, em velocidades até 60 km/h e acima de 300 km/h, quando o downforce não é muito relevante para o desempenho. No modo LD, os spoilers ficam nivelados com a carroceria, de modo que o ar passa por cima deles sem interrupção, tornando-os invisíveis ao fluxo. Já no HD, os sistemas e partes móveis operam para gerar o máximo de downforce possível, para garantir o equilíbrio aerodinâmico do veículo.
O assoalho do 12Cilindri foi especialmente projetado para maximizar a geração eficiente de carga vertical, além disso, a Ferrari instalou venezianas atrás das rodas dianteiras para reduzir a sobrepressão dentro do compartimento do motor. E, assim como no 812 Competizione, há três pares de geradores de vórtice abaixo da dianteira, que também contribuem para gerar carga vertical.
A Ferrari adotou diversos softwares que melhoram a condução para o motorista. Entre eles o brake-by-wire, que gerencia os freios de maneira eletrônica ao invés de mecânica, e o Slide Slip Control 8.0, que permite ao motorista ajustar quanto ângulo de deslizamento em uma curva. Segundo a montadora, esse sistema foi otimizado e agora pode estimar a aderência dos pneus com a pista, permitindo aprender rapidamente os níveis de aderência em tempo real.
Passando para o interior, a cabine esbanja luxo com um acabamento feito em Alcantara. O design é interessante e bem simétrico, com os lados do motorista e passageiro sendo quase espelhados.
A diferença está no tamanho do painel, o que é de se esperar, já que a tela do quadro de instrumentos tem 15,6’’, enquanto a do carona tem 8,8’’. Há ainda a tela central de 10,25’’, colocada em uma posição estranhamente mais baixa que as demais. Por fim, quem quiser pode optar por um sistema de som Burmester de 15 alto-falantes.
A chegada da nova 12Cilindri deve acontecer mais para o final do ano. A Ferrari ainda não divulgou os preços, mas a estimativa é que o cupê custe em torno dos 400.000 euros, aproximadamente R$ 2,18 milhões, enquanto a Spider custe na casa dos 435.000 euros (R$ 2,37 mi). Para o Brasil, porém, os valores ficarão muito acima da conversão direta.