Fiat confirma dados de Quatro Rodas: Pulse terá 1.0 mais potente do Brasil
Além da aceleração, o novo motor também terá o menor consumo entre os 1.0 turbo
Fim do mistério? Nem tanto. A Fiat anunciou hoje os principais dados da mecânica do novo Fiat Pulse, que entra em pré-venda em 19 de outubro. Quem acompanha a QUATRO RODAS, porém, já sabia há alguns meses que o Pulse terá o motor 1.0 mais potente do Brasil, com 130 cv.
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Trata-se do motor 1.0 de três cilindros com turbo, injeção direta flex e o engenhoso sistema de comando de válvulas eletro-hidráulico Multiair. Com tudo isso, o motor chamado Turbo 200 Flex terá potência de 130 cv quando abastecido com álcool e 125 cv com gasolina.
Com os dois combustíveis, o torque terá pico de 20,4 kgfm a 1.750 rpm. Para efeito de comparação, é a mesma medida do 1.0 TSI da Volkswagen, que equipa o arquirrival Nivus, mas com pico a 2.000 rpm. São basicamente os mesmos valores apurados por nossa equipe há sete meses.
Na verdade, a mecânica já havia sido destrinchada. O motor inédito também será combinado a um câmbio inédito na Fiat. Trata-se de um CVT com simulação de sete marchas. Há três modos de condução, que interfere no câmbio, no acelerador e no peso da direção elétrica. Há modo manual (há trocas na alavanca e nas borboletas atrás do volante), Sport e o Automático, que faz o conjunto se ajustar conforme o modo de condução do motorista, que é o modo normal.
De acordo com a fabricante, seu primeiro SUV entrega médias de 14,6 km/l na estrada e 12 km/l na cidade, quando abastecido com gasolina. A Fiat também antecipou a aceleração do Pulse. O SUV compacto poderá ir de 0 a 100 km/h em 9,4 segundos superando o Volkswagen Nivus, que, nos números da VW, cumpre a mesma prova em 10 segundos.
Esse motor 1.0 turbo flex é estratégico para a Fiat e para a Stellantis como um todo. Sua missão será, ao longo do tempo, substituir o vetusto 1.8 E.TorQ Evo de 139 cv, um motor usado pela Fiat há 10 anos mas que foi desenvolvido há 22 pela extinta Tritec – uma joint-venture entre a BMW e a Chrysler.
As versões mais baratas, porém, terão o motor 1.3 8V Firefly de 109 cv e 14,2 kgfm combinado ou ao câmbio manual de cinco marchas. Já em desenvolvimento, o esportivo Fiat Pulse Abarth será o único da linha com o motor 1.3 turboflex da família GSE, que gera 185 cv e 27,5 kgfm.
O que é o Fiat Pulse?
A Fiat vinha falando sobre o desenvolvimento do seu novo SUV compacto antes mesmo de ter definido o nome definitivo do carro. O Fiat Pulse será fabricado em Betim (MG) e seu lançamento é iminente: será em 19 de outubro, com as primeiras entregas previstas para dezembro.
O que é inegável é que o SUV compacto da Fiat tem muitas peças da carroceria em comum com o Fiat Argo. Reaproveita portas e mantém a mesma ordem de grandeza em suas dimensões. Para diferenciá-los, entretanto, o Fiat Pulse ganhou dianteira e traseira exclusivas além de maior vão livre, entre outros detalhes.
Na dianteira, destaque para os faróis de neblina de leds, como nos VW Polo mais caros, e para os faróis full-led que são interligados por uma barra cromada que vai de ponta a ponta da frente do SUV compacto. Também é possível notar sensores de estacionamento dianteiros.
Na traseira, as lanternas e o volume acima dela lembram bastante a traseira do sedã Cronos. Também é possível ver melhor a base do para-choque traseiro, com duas saídas de escape cromadas e, aparentemente, falsas.
Plataforma evoluída, mas carroceria conhecida
A despeito das semelhanças com o Argo, a Fiat diz que o Pulse tem uma nova plataforma, batizada MLA. A nova plataforma produzida em Betim (MG), aumentaria os níveis de performance, robustez e conforto e também os resultados de segurança dos novos produtos, e permite a adoção de novos sistemas eletrônicos e de segurança.
Grande parte das mudanças mostradas pela fabricante estão na parte inferior do monobloco, o chamado underbody, e foram feitas para aumentar a segurança e melhorar a qualidade da rodagem do modelo, reduzindo is índices de NVH (sigla em inglês para ruído, vibração e aspereza).
Ainda que algumas chapas do assoalho tenham sido mantidas, a chamada linha de força, que é a parte da carroceria que precisa lidar com as “pressões” estruturais, da suspensão e também lidar com impactos, é toda nova.
As longarinas dianteiras têm maior inércia e maior carga de colapso, por serem 50% mais largos, o que favorece a segurança em colisões. Na região da parede corta-fogo, entre o cofre do motor e a cabine, novas travessas prometem maior conforto acústico e vibracional. Ainda tem uma nova estrutura para suportar impactos laterais.
No fim, 66% da parte estrutural do SUV da Fiat (não confundir com a carroceria inteira) é de aço de alta resistência, 20% de aços de alta resistência avançados, 7% de aços prensados a quente (localizados na seção sob os bancos dianteiros) e 7% de baixa resistência.
A suspensão vai além de mudanças na geometria dos elementos móveis, como era praxe nos Adventure antigamente. A suspensão dianteira McPherson é toda nova, com subchassi próprio, plano, e, claro, uma nova geometria proporcionada pelas bandejas com buchas verticais. A barra estabilizadora é “mais eficiente” segundo a Fiat, por conta da sua geometria.
O conjunto traseiro é por eixo de torção convencional, mas o componente está mais rígido e tem centro de rolagem mais baixo. Tanto o conjunto dianteiro como o traseiro tem novos amortecedores e molas, e prometem menor rolagem da carroceria mesmo com a altura em relação ao solo elevada, própria de um SUV.
A Fiat fala em melhora de cerca de 11% nos índices de subesterço, deriva e rolagem, mas na comparação com a média da concorrência, não na comparação com o Argo.
Além disso, a caixa de direção também é diferente, com relação mais direta e pontos de fixação com coxins. A Fiat ainda adiantou que terá ajuste de altura e profundidade (um opcional do Argo), além de estar habilitada para assistência de permanência em faixa e de ter compensação do desvio de direção (que pode ser proporcionado até pela entrega de força do motor).
Mesmo assim, é a geometria do conjunto da suspensão a responsável pelo aumento do entre-eixos no SUV da Fiat. Enquanto o Argo tem 252,1 cm, o SUV terá 253,2 – 1,1 cm a mais. A estrutura do carro em si não mudou de forma que proporcione algum aumento no espaço interno.
A medida ainda é menor que os 2,56 m do VW Nivus e que os 2,55 m do Honda WR-V, que também têm conjuntos de suspensões diferentes na comparação com os carros dos quais derivam.
Interior e painel do Fiat Pulse
Após vazamentos, a marca finalmente divulgou o painel da versão topo-de-linha do modelo, que aposta em detalhes para ser ousado e atraente. Como adiantado desde o início do ano por QUATRO RODAS, o utilitário apostará em tecnologia para se destacar. Desse modo, o interior de Compass e Commander surge em versão mais simples, com central multimídia flutuante e painel de instrumentos digital.
O quadro de instrumentos, por outro lado, é o mesmo da Fiat Toro, com tela TFT de 7’’ polegadas que não dá show mas que atende bem ao propósito e se disfarça melhor ainda em meio aos marcadores de combustível e temperatura do óleo, idênticos aos da picape.
Para aproveitar o visor colorido, a Fiat apostará em animações caprichadas, que entregam informações do carro ao condutor via interface intuitiva e agradável. É uma experiência comercial válida, que a fabricante também explorou sem constrangimento com um chamativo botão vermelho no volante esportivo aproveitado do Cronos S-Design que urge ser notado.
Trata-se do modo Sport, que por mais que pareça algo digno de fazer o Pulse voar, basicamente aproveita a transmissão CVT e bloqueio eletrônico do diferencial dianteiro para oferecer relações mais curtas e obedientes ao excelente (e inédito) motor 1.0 turbo, que promete ser o mais potente de sua categoria no Brasil.
Se à esquerda há alma de Toro, o restante do painel, na verdade, é uma versão simplificada mas ainda visualmente elegante dos Jeep Compass e Commander, com grande seção horizontal em cor distinta e central flutuante de 8,4’’ nas versões mais baratas ou 10,1’’, na gama premium do carro.
A central utiliza o novo software Uconnect 5, que apresenta respostas mais rápidas e, principalmente, recursos além-carro, baseados em parcerias com Tim, Amazon, McDonald’s e até Google Assistente. Desse modo, graças ao chip 4G embarcado no Pulse é possível acessar a internet e, como um cartão de crédito flex, pagar idas ao drive-thru, pedágios, abastecimento e mais através do Fiat Cart.
A modernidade também se aplica ao controle de cruzeiro, assistente de frenagem de emergência e assistente de permanência de faixa, de série no Pulse mais caro. As versões mais básicas não trarão as assistências, entretanto.
Para predominar sobre forte concorrência, o Pulse quer ter apelo jovem e tecnológico, de modo que centrais multimídias e alta conectividade serão oferecidas desde variantes mais baratas. O motor das versões manual e Drive, entretanto, será o 1.3 do Argo.
Preços do Fiat Pulse
A Fiat ainda não confirma, mas o lançamento do Pulse está previsto para setembro ou outubro. As versões mais baratas do Pulse terão preço inicial na faixa dos R$ 85.000, superando os R$ 100.000 mas sem adentrar o terreno do SUV cupê que a Fiat prepara 2022, provisoriamente chamado de projeto 376.
O que também vale destacar é que o Fiat Cronos não terá motor 1.0 Turbo, o que leva a crer que o Pulse herdará do sedã a faixa de preço até os R$ 103.000 praticados pelo Cronos HGT.
A estratégia será o inverso da adotada pela VW com Nivus e T-Cross: em vez de o SUV cupê ser mais barato, ele será mais caro na linha Fiat. O 376 terá preço ao redor dos R$ 120.000. Também será maior: espere entre-eixos ao redor dos 2,60 m (o 363 mantém os 2,52 m do Argo), pois não pode se aproximar tanto dos 2,64 m do Jeep Compass.