O momento é de mudanças em concessionárias Troller no Brasil. A produção dos Troller T4 e TX4 em Horizonte (CE) foi encerrada. Fotos da última unidade, um TX4, pintado nas cores azul e branco, circulam nas redes sociais.
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A fábrica ainda não fechou, pois seguirá operando até, a princípio, novembro. A intenção é formar estoque de peças de reposição. Mas já há movimentação nas concessionárias.
Revendedores Troller do nordeste, onde os carros da fabricante brasileira sempre tiveram maior aceitação, perceberam aumento na procura pelos últimos carros. Outras, já sem estoque, encerraram o setor de vendas de carros novos.
Em seu site, a Troller diz que não fechará concessionárias neste primeiro momento. “A Rede de Concessionárias Troller não sofrerá nenhuma mudança e continuará a operar normalmente no Brasil. Mudanças futuras serão comunicadas com antecedência, com total transparência.”
É o caso da concessionária Trilha Natal, de Parnamirim (RN), que recebeu a última unidade do Troller TX4 há pouco mais de uma semana, sendo que o carro já estava vendido.
“Eu até tenho um pedido a mais em espera. Ficaram de confirmar se há sobra na produção para viabilizar essa venda”, conta uma vendedora que já foi realocada em concessionária de outra marca. A loja da Troller segue atuando apenas com serviços de pós-venda.
Na Bahia, concessionária de Lauro de Freitas ainda tinha cinco carros, sendo dois T4 com câmbio manual (R$ 240.000), dois com câmbio automático (R$ 259.900) e uma unidade do TX4, topo de linha com câmbio automático negociado a R$ 270.000, na última semana.
A disponibilidade de carros é maior nas regiões sudeste e sul, onde as concessionárias ainda têm grande disponibilidade de carros.
Na Trilha Barra, no Rio de Janeiro, há opção de cores da série especial Connect, seja com câmbio manual ou automático, com preços entre R$ 228.400 e R$ 244.500. Os Troller TX4 disponíveis são oferecidos por R$ 279.500.
No configurador, ainda disponível no site da Troller, apenas o T4 Connect com câmbio manual está disponível, tabelado em R$
Jipe sem substitutos
Não há substitutos à altura dos Troller. A combinação de chassi curto, com motor diesel e tração 4×4 com reduzida não é encontrada em nenhum outro modelo vendido no Brasil. A carroceria de fibra de vidro, que não amassa ou enferruja, é destaque à parte.
Todos os Troller T4 e TX4 de segunda geração foram equipados com o motor cinco cilindros 3.2 de 200 cv e têm tração 4×4 com reduzida. O que muda é o câmbio, que pode ser manual ou automático, ambos de seis marchas. São os mesmos componentes da Ford Ranger.
A vocação off-road sempre foi destaque dos Troller, seja nos de primeira ou de segunda geração. E isso serviu de argumento para nenhum deles serem equipados com airbags, apenas com ABS.
Marca não será vendida
Criada no Ceará, a Troller foi comprada pela Ford por R$ 400 milhões em 2007. O interesse maior da Ford era herdar os incentivos fiscais obtidos pela fabricante brasileira no regime automotivo especial para empresas que se instalaram no Nordeste. A demora do governo em liberar a transferência foi um dos motivos para que a negociação demorasse tanto.
Sem produção no Brasil desde janeiro, não é difícil entender a falta de interesse da Ford em manter a produção da Troller. A fabricante norte-americana vinha negociando sua venda desde janeiro, quando a Ford interrompeu a fabricação de automóveis no Brasil. Àquela altura garantiu a continuidade da produção dos Troller até este momento.
Sob mediação de órgãos do governo cearense, como a Sedet (Secretaria do Desenvolvimento Econômico e do Trabalho) e a Secretaria da Fazenda, as negociações para a venda da Troller seguiram até o início de agosto. Acabaram, porém, por ordem direta da matriz, nos Estados Unidos.
Isso se deu quando a fabricante anunciou que havia contratado uma empresa especializada em fusões e aquisições para o processo. A decisão da Ford seria de não vender a marca Troller, nem o design dos seus produtos, somente o complexo fabril composto pelo terreno de 120.142 m² com 21.736 m² de área construída. O regime especial de tributação, válido até 2025, também estaria vinculado à fábrica.
Desta forma, a Ford abriu mão de vender algo que supostamente também interessava aos possíveis compradores. Até havia boatos de empresas que cogitavam transformar o jipe cearense em elétrico.
É difícil entender a motivação da Ford, que nunca explorou a marca Troller fora do Brasil. A fabricante chegou a exportar para Angola, Kuwait, Moçambique e Emirados Árabe Unidos antes de ser comprada pela Ford,