Ford Brasil teria perdido mais de R$ 10.000 por carro vendido desde 2012
Prejuízos de até R$ 61,4 bilhões, pandemia da Covid-19 e erros estratégicos levaram a empresa a fechar fábricas no país
A Ford anunciou em janeiro deste ano que deixaria de produzir veículos e motores no Brasil, tornando-se uma importadora no país. Pouco mais de quatro meses após o anúncio, documentos obtidos pela agência de notícias Reuters mostraram que empresa teria perdido 2.000 dólares, mais de R$ 10.500 na cotação atual, a cada carro produzido por aqui nos últimos 8 anos, e o montante de R$ 61,4 bilhões na operação geral durante os últimos 10 anos.
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De acordo com os arquivos registrados no Estado de São Paulo, a Ford havia perdido R$ 41,3 bilhões entre prejuízos acumulados e injeções de dinheiro sem retorno.
Após o encerramento das atividades produtivas no Brasil, a montadora precisou desembolsar mais R$ 21,7 bilhões para se livrar dos seus compromissos, como contratos com concessionários e demissões.
Com o fechamento das fábricas, mais de 5 mil trabalhadores diretos ficaram sem emprego, sem considerar o impacto a fornecedores e comércios locais no entorno das unidades.
Para fontes ouvidas pela Reuters, os prejuízos, reforçados pela pandemia da Covid-19, se somaram aos erros estratégicos da marca em produtos, como a demora na transformação de sua linha de compactos não lucrativos em SUVs e picapes, que têm margens mais altas.
O plano de transformação foi sido anunciado em 2019, quando a marca fechou a fábrica de São Bernardo do Campo (SP), encerrando a produção do Fiesta e toda a linha de caminhões.
Também em 2019, quando a concorrência já se preparava para lançar novos SUVs, a Ford ainda planejava o lançamento de três modelos e mantinha o EcoSport como única opção. Apesar de ser o precursor do segmento no país, o modelo já sentia o peso da idade (foi lançado em 2012 e levemente reestilizado em 2017) e foi ultrapassado pela concorrência, com diversos integrantes mais modernos.
“A verdade é que a Ford não conseguiu modernizar sua linha de produtos na mesma velocidade que seus rivais”, disse Ricardo Bacellar, chefe automotivo da consultoria da KPMG no Brasil, à Reuters.