Ford mantém engenharia no Brasil para desenvolver até carros elétricos
Mesmo que não venda híbridos ou elétricos no Brasil, a engenharia da Ford no Brasil é estratégica para a eletrificação da marca
A recente aparição de carros como Ford Explorer, Mustang Mach-E, F-150 híbrida e Lincoln Navigator no Brasil tem explicação: além de alguns testes, a Ford aproveitou para apresentar aos colaboradores brasileiros os carros que eles ajudaram a desenvolver.
Mesmo com o encerramento da produção de automóveis no Brasil no início de 2021, a norte-americana manteve seu Centro de Desenvolvimento e Tecnologia no Brasil. Ele foi apenas realocado: da área da antiga fábrica, foi levado para seis galpões em uma área de 6 mil m² fornecida pelo Senai Cimatec de Camaçari (BA).
Ali estão o estúdio de design, laboratórios de realidade virtual e de Teardown, escritórios e o DFord, área que atua como uma startup com foco em inovação e pesquisas. No total, há 1.500 profissionais ali (500 contratados recentemente), sendo que 85% do trabalho desenvolvido por eles é para o mercado global.
Grande parte do esforço da engenharia brasileira está voltado ao desenvolvimento de carros eletrificados, componentes e ecossistema para eletrificação e software para carros autônomos. Também atuam no design e no desenvolvimento de carros e sistemas que, muito provavelmente, nunca serão oferecidos no Brasil.
É o caso de funções como o one pedal do Mustang Mach-E, da luz ambiente da F-150 Lightning e dos bancos massageadores dos Lincoln Navigator, Corsair e Aviator.
Ainda que tecnologias como o arrefecimento de sistemas eletrônicos, otimizações de sistemas elétricos e até o design de carros elétricos e híbridos sejam desenvolvidos no Brasil, a Ford ainda não vende híbridos ou elétricos no Brasil. Até pretende vender o Mustang Mach-E, mas não em um futuro próximo. Os lançamentos confirmados neste momento são a nova Ranger e a F-150, ambas para 2023.
O trabalho voltado para a América do Sul está relacionado a validações e testes de veículos para o mercado local, pesquisa, desmontagem e análise de componentes, desenvolvimento de software e conectividade veicular. O foco no mercado externo é tamanho que nem sequer há pesquisas e desenvolvimentos relacionados ao uso do etanol.
A Ford não vende mais carros flex no Brasil, sendo que foi uma das pioneiras nas pesquisas dessa tecnologia. A Ford diz que só voltará a apostar nessa tecnologia se houver demanda, mas que hoje seu foco está voltado para a completa eletrificação de seus modelos.
De acordo com Daniel Justo, presidente da Ford América do Sul, a exportação de serviços de engenharia para os principais mercados da Ford é baseado em três pontos: a equipe é versátil, criativa e tem experiência com redução de custos. Mas também há o fator de ser mais barato realizar certos desenvolvimentos no Brasil.
Mesmo assim é rentável: a Ford do Brasil deve gerar uma receita de R$ 500 milhões este ano com serviços de engenharia.