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Ford Taurus, o sedã que salvou a marca da falência e teve até motor flex

Com o tempo, acabou perdendo seu apelo entre os consumidores norte-americanos e agora é exclusividade da China

Por Felipe Bitu Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 2 abr 2021, 10h53 - Publicado em 2 abr 2021, 10h49
Ford Taurus GL 1994 QUATRO RODAS
Seu coeficiente de arrasto aerodinâmico era de apenas 0,32 (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Neto de Henry Ford, o executivo-chefe Henry Ford II parecia não entender que o mercado exigia automóveis mais racionais e econômicos na virada dos anos 1980.

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Sua postura colaborou para o avanço dos concorrentes japoneses e colocou a Ford na mesma situação deficitária dos anos 1940, situação que só foi revertida com o Taurus, em 1986.

Chefiado pelo engenheiro Lewis Veraldi, o projeto do Taurus teve início em 1979 e consumiu 3 bilhões de dólares. A consultoria prestada pelo estatístico William E. Deming resultou em um novo padrão de qualidade e pela primeira vez na história da Ford estilistas e engenheiros passaram a integrar uma única equipe.

Ford Taurus GL 1994 QUATRO RODAS
Americano médio nos anos 1990: 4,88 metros no comprimento e 2,69 entre os eixos. (Fernando Pires/Quatro Rodas)

O visual futurista, com linhas assinadas por Jack Telnack, também deu origem a uma perua e a um primo mais requintado, o Mercury Sable. Sua aerodinâmica era especialmente favorecida pelos vidros rentes à carroceria e pela frente em cunha sem grade frontal.

Quase 90% dos Taurus receberam o V6 Vulcan de 3.0 e 140 cv nas versões GL e LX, com câmbio automático de quatro marchas. As versões de entrada L (automático de três marchas) e MT5 (manual de cinco) eram impulsionadas por um quatro-cilindros de 2.5 e 90 cv. A tração era dianteira.

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Ford Taurus GL 1994 Motor V6 Vulcan.
O pacato V6 Vulcan era voltado a baixas rotações. (Fernando Pires/Quatro Rodas)

A suspensão independente nas quatro rodas resultava em ótimo comportamento dinâmico e conforto de rodagem excepcional.

O sedã carregava até seis ocupantes quando configurado com banco dianteiro inteiriço e alavanca do câmbio automático na coluna de direção. Mais de 200.000 unidades do Taurus foram vendidas logo no ano de estreia.

O V6 Essex de 3,8 litros e 140 cv surge em 1988 com ganho expressivo de torque (de 22 para 29,7 kgfm). O lendário SHO (Super High Output) é apresentado no ano seguinte: um V6 Yamaha com cabeçotes de alumínio de 24 válvulas e coletor de admissão variável o leva de 0 a 96 km/h em 6,6 segundos, com máxima de 230 km/h.

Ford Taurus GL 1994 Dianteira.
Dianteira sem grade e lanternas retangulares foram mantidas na segunda geração. (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Suspensão recalibrada e quatro discos de freio ventilados (com ABS) garantiam a segurança do SHO, que oferecia ainda para-choques exclusivos, apliques laterais, faróis de neblina, bancos envolventes e conta-giros com escala até 8.000 rpm.

Ford Taurus GL 1994 traseira e lanternas.
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

Nem a falta do câmbio automático conteve seu sucesso: mais de 15.000 unidades foram vendidas na primeira geração, que despediu-se do público em 1991, totalizando mais de 2 milhões de unidades comercializadas.

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Salva da falência, a Ford apresentou a segunda geração no modelo 1992: por meio dela o Taurus conquistou o posto de automóvel de passeio mais vendido nos Estados Unidos, desbancando o então líder Honda Accord.

Ford Taurus GL 1994 interior e volante
Volante multifuncional de couro com comandos de vidros e espelhos nas portas. (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Em 1993, surgiu o Taurus FFV, com motor flex para queimar gasolina pura ou E85 (85% etanol de milho e 15% gasolina). O SHO ganhou opção de câmbio automático de quatro marchas: o V6 Yamaha crescia para 3,2 litros para compensar as perdas mecânicas do conversor de torque.

Ford Taurus GL 1994 porta-malas
O porta-malas, de 406 litros, era todo acarpetado e seu comando de abertura poderia ser trancado
a chave. (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Em 1994, a Ford iniciou a importação oficial do Taurus para o Brasil: o exemplar das fotos integrou o primeiro lote e pavimentou a chegada da terceira geração, em 1996.

Repleto de formas ovaladas, o novo Taurus não teve o mesmo sucesso: nem mesmo o V8 de 3,4 litros e 235 cv da versão SHO cativou os entusiastas.

Para reverter esse quadro, a Ford adotou o estilo New Edge na quarta geração, que surgiu no modelo 2000 com o terceiro volume da carroceria mais elevado e uma dianteira com grade convencional. O SHO estava oficialmente extinto.

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Ford Taurus GL 1994 bancos dianteiros
Duas poltronas dianteiras e… (Fernando Pires/Quatro Rodas)

O Taurus só foi vendido a frotistas quando a quarta geração deixou de ser produzida, em 2006. Mesmo considerando a força de seu nome, ele só voltaria ao mercado no ano seguinte, quando a quinta geração deixou a categoria dos médios para se tornar uma variação do enorme Ford Five Hundred. Durou apenas dois anos.

Ford Taurus GL 1994 bancos traseiros
… um verdadeiro sofá na traseira (Fernando Pires/Quatro Rodas)

A sexta geração do Taurus foi apresentada no modelo 2010 e permaneceu em linha até 2019, com o mérito de ter resgatado a versão SHO, com tração integral e um motor V6 EcoBoost de 3,5 biturbo com 365 cv também empregado na versão Police Interceptor Sedan.

Baseada no Ford Fusion, a sétima e última geração do Taurus é hoje uma exclusividade do mercado chinês.

Ficha técnica

Ford Taurus GL 1994

Motor: 6 cilindros em V de 3 litros; 22,9 kgfm a 3.250 rpm; 142 cv a 4.800 rpm. 

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Câmbio: automático de 4 velocidades, tração dianteira.

Carroceria: fechada, 4 portas, 5 lugares. 

Dimensões: compr., 488 cm; larg., 180 cm; altura, 138 cm; entre-eixos, 269 cm; peso, 1542 kg.

Desempenho: Aceleração de 0 a 96 km/h: 13,19 segundos; velocidade máxima de 187 km/h.

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CAPA 743
(Arte/Quatro Rodas)
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