Ford Transit automática estreia mecânica da nova Ranger e custa R$ 274.500
Primeira van automática vendida no Brasil tem câmbio de 10 marchas como o Mustang e motor 2.0 turbodiesel que estará na Ranger
Enquanto o câmbio automático é dominante nas vendas de automóveis e picapes, até agora não havia uma van com câmbio automático à venda no Brasil. A Ford Transit passa a ter essa opção nas versões furgão e minibus, estrategicamente posicionadas custando praticamente o mesmo que as Mercedes Sprinter com câmbio manual. Parte dos R$ 274.500 na configuração van L3H3.
Preços da Ford Transit automática:
- Transit Furgão Van L3H3 – R$ 274.500
- Transit Minibus vidrada – R$ 298.200
- Transit Minibus 14+1 – R$ 336.500
- Transit Minibus 17+1 – R$ 358.900
Uma concorrência tão direcionada tem motivo. Transit e Sprinter têm versões com dimensões parecidas, tração traseira e números de potência equivalentes, e a Sprinter tem tradição, por ser vendida no Brasil desde 1997. A saída para a Transit, que foi vendida entre 2008 e 2014, e retornou em 2021, é apostar no que a rival não tem.
O motor 2.0 turbodiesel EcoBlue, com turbo de geometria variável, já era conhecido, mas tem 165 cv e 39,7 kgfm ante os 170 cv das versões com câmbio manual de seis marchas. A Ford explica que essa mudança se dá pelo mapa de funcionamento do motor, que é otimizado para o câmbio automático de 10 marchas. É um câmbio da mesma família daquele utilizado pelo Mustang, mas cada qual tem uma exigência de força diferente.
O interessante aqui é saber que essa combinação entre o motor 2.0 turbodiesel e o câmbio de 10 marchas funciona como uma prévia para o que veremos na nova geração da Ford Ranger, que será lançada no Brasil ainda em 2023.
Como anda a Ford Transit automática
A Transit por si só tem um rodar bastante refinado para uma van tão grande. Mesmo quando vazia, como em nosso percurso de test-drive, a carroceria tem pouca oscilação e pouco barulho do motor invade a cabine. Não é um carro de passeio, mas não exige tantas concessões como outras vans.
O câmbio automático melhora essa experiência, porque ter que pisar na embreagem é cansativo. Um pouco menos nas Transit manuais, mas ainda cansativo. Especialmente ao longo de semanas no para-e-anda de trânsito e entregas.
A Ford calcula que um motorista de um veículo como esse faz cerca de 400 trocas de marcha por hora. O câmbio automático faz ainda mais trocas por sua conta, afinal são 10 marchas que avançam rapidamente e raramente isso é notado pelos ocupantes, mesmo quando faz múltiplas trocas de uma só vez, como de 10 para sexta marcha.
Até é interessante apertar o seletor de marcha e ver uma tela com todas elas à mostra. Por sinal, os botões para trocas sequenciais estão na alavanca, muito parecida com a que era usada nos Ford com câmbio Powershift. O seletor fica ainda mais avançado na direção do motorista e minha iniciação na Transit foi acertar o nervo do joelho bem na quina. Doeu.
Trata-se de um câmbio automático convencional, com conversor de torque, e sua suavidade impressiona ainda mais no uso urbano. A resposta na arrancada não é tão imediata, mas isso é até bom para rodar no trânsito e melhor ainda para o consumo. E dá para deixar ainda mais econômica com modo de condução próprio, que chega a limitar a velocidade máxima e o funcionamento do ar-condicionado para poupar diesel.
E a Ford tenta explorar o consumo como argumento de venda. Ela promete uma certa equalização da eficiência entre os vários motoristas de uma frota e que os números de consumo das versões automáticas são muito próximos das versões com câmbio manual. A propósito, as versões automáticas também têm função start-stop.
Outro argumento está na promessa de ter menos intervenções mecânicas. Câmbio manual depende de troca da embreagem com regularidade, enquanto o câmbio automático só precisa de troca do óleo lubrificante e a cada 250.000 km no caso deste de 10 marchas. Mas realmente vai precisar rodar bastante até conseguir a confiança dos frotistas, mecânicos e motoristas, o mesmo processo pelo qual passaram os câmbios automáticos de carros de passeio.
A Ranger servirá como aliada. Inclusive, esta versão do 2.0 com 165 cv poderia substituir o atual motor quatro cilindros 2.2 da picape. O 2.0 biturbo com até 213 cv ocuparia o lugar do atual cinco cilindros 3.2 de 200 cv. Comparado a eles, o motor 2.0 é bastante suave.
Como é a Ford Transit?
É quase como qualquer outro Ford. Faz os mesmos barulhos de alerta, a chave canivete é a mesma que era usada pelos Ka e EcoSport nacionais, o quadro de instrumentos tem visual semelhante e o miolo do volante tem o mesmo desenho que se via nos últimos EcoSport. É um carro de trabalho, mas dá para se sentir em casa.
Todas as versões têm central multimídia de série: embora seja baseada em Android, ela imita o visual das centrais Sync, mas é bastante limitada. Há conexão para Android Auto e Apple Carplay via cabo, mas não tem equalizador de som, por exemplo. Por outro lado, dá para instalar aplicativos como Waze e leitor de PDF nela, desde que compartilhe internet do seu celular. A conectividade nativa funciona apenas para o localizador da Transit.
Para facilitar as manobras (que não são tão difíceis assim, graças ao grande esterçamento das rodas) há sensor de estacionamento e câmera de ré, também de série. Também tem controles de estabilidade e tração, e assistente de partida em rampa.
Minhas impressões foram com a Transit Van, mas as versões Minibus ainda têm frenagem autônoma de emergência com detecção de pedestres, assistente de permanência em faixa, piloto
automático adaptativo, estribo lateral elétrico e cintos de segurança de três pontos em todos os bancos.
A Ford Transit é vendida e tem sua manutenção feita nas mesmas 110 concessionárias que vendem carros de passeio. Contudo, o serviço é feito sob a bandeira da Ford Pro, que prevê atendimento dedicado de venda e pós-venda às Transit e às versões de trabalho (XL) da Ranger.
Por meio do aplicativo Fordpass o proprietário ainda pode acompanhar a localização e a condição do carro ou de toda a frota, podendo receber relatórios de desempenho e até fazer videoconferência com a assistência técnica da concessionária. Os serviços de conectividade são gratuitos por dois anos.