Mesmo após o fim dos esportivos V8, a década de 1980 foi um período muito interessante para quem gostava de carros esportivos. Foi justamente nessa época que surgiu um dos mais carismáticos e desejados da Volkswagen: o Gol GTI de primeira geração.
Apresentado em 1980, o Gol inaugurava a plataforma BX com estrutura monobloco e tração dianteira. Tinha a árdua missão de substituir o Fusca e a Brasília de uma só vez.
O Gol era um paradoxo sobre rodas: o estilo arrojado inspirado no esportivo alemão Scirocco era incompatível com a anacrônica mecânica refrigerada a ar, com quase meio século de estrada.
Mas o ápice na história da primeira geração do Gol ficou reservado para a 15ª edição do Salão do Automóvel de São Paulo: em outubro de 1988 era apresentado o Gol GTi, o primeiro automóvel nacional equipado com injeção eletrônica de combustível.
A adoção do sistema Bosch LE-Jetronic foi um dos últimos trabalhos do engenheiro Philipp Schmidt. Com ele o torque do motor AP-2000 subia de 14,9 para 18,35 kgfm e a potência chegava a expressivos 120 cv.
Tratava-se, na verdade, de um sistema de gerenciamento com dois processadores que controlavam não apenas a injeção mas também a ignição, sempre de acordo com as condições atmosféricas e do comando do acelerador. Pela primeira vez um carro nacional dispensava o hoje esquecido afogador.
As respostas no pedal do acelerador eram imediatas, sem a hesitação ou os engasgos tão comuns nos carburadores. O GTI tinha uma personalidade completamente distinta do GTS, mais suave, progressiva e civilizada. O sensor de detonação implicou na uso de um cabeçote com tuchos hidráulicos, muito mais silencioso.
A decoração externa exclusiva do GTI foi criada pelo designer Guenter Karl Hix: a carroceria era sempre pintada em Azul Mônaco metálico enquanto os para-choques e apliques laterais eram pintados de prata. A antena no teto lançou moda.
Por dentro, o acabamento em tons escuros deixava claro que se tratava de um esportivo. O volante revestido de couro era uma novidade. Os bancos Recaro com encostos de cabeça vazados, outra. O painel exibia grafismos vermelhos.
Preço do Gol GTi
Em valores atuais um GTI 0km custava o equivalente a pouco mais de R$ 260.000,00, valor que justifica número relativamente baixo de unidades produzidas.
Em meados de 2020 um GTI 1993 estabeleceu o recorde de R$ 119.000 em leilão de automóveis antigos do Brasil, fato que agitou as redes sociais e o mercado antigomobilista. Unidades em razoável estado de conservação não costumam ser negociadas por menos de R$ 70.000,00.
Teste: Volkswagen Gol GTi em janeiro de 1989
- Aceleração de 0 a 100 km/h – 10,4 s
- Velocidade máxima – 174,3 km/h
- Frenagem 80 km/h a 0 – 28,9 m
- Consumo – 8,5 km/l (urbano) – a 13,3 km/l (rodoviário)
- Preço: Janeiro de 1989 – Cz$ 19.300.000 | Atualizado – R$ 225.546 (INPC/IBGE)
Ficha técnica
- Motor: dianteiro, 4 cilindros, longitudinal, 1 984 cm3
- Diâmetro x curso: 82,5 x 92,8 mm
- Taxa de compressão: 10:1
- Potência: 120 cv a 5.600 rpm Torque: 18,3 mkgf a 3.200 rpm Câmbio: manual de 5 marchas, tração dianteira
- Dimensões: comprimento, 385 cm; largura, 160 cm; altura, 135 cm; entre-eixos, 236 cm; peso, 997 kg
- Suspensão: dianteira, independente, McPherson; traseira, eixo de torção
Não pode ir à banca comprar, mas não quer perder os conteúdos exclusivos da Quatro Rodas? Clique aqui e tenha o acesso digital.