Grandes Brasileiros: Ford Maverick 6-cilindros era um sedã cheio de sede
Generoso com passageiros e cruel com a bagagem, o Maverick sedã bebia muito e andava pouco
Modelos intermediários, graças a suas versões cupê, até hoje são considerados ícones nacionais de esportividade: Dodge Charger R/T e Chevrolet Opala SS já traziam essa receita quando a Ford respondeu com o Maverick.
Diferentemente dos rivais, ele chegou em junho de 1973 primeiro como cupê, o que reforçou sua imagem esportiva, assegurada pela versão GT V8. No Salão do Automóvel daquele ano era apresentado o Maverick sedã, um carro que ocuparia o lugar que já havia sido do Itamaraty, assimilado com a compra da Willys-Overland em 1967 pela Ford e eliminado da linha em 1971.
Além das dimensões próximas, outra herança do antigo sedã era mantida no cofre – do motor. O seis-cilindros em linha era uma evolução do que o Aero-Willys e o Itamaraty usavam, o que agilizou o lançamento do Maverick.
A Ford aprimorou a durabilidade e o consumo. Pistões, bronzinas, mancais, cabeçote e coletor do escapamento, assim como o sistema de lubrificação, foram redesenhados. O filtro de ar passou a ser do tipo seco, de papel. Saiu o carburador duplo, entrou um simples. Pintado de azul e capaz de entregar 112 cv, o seis-cilindros de 3 litros produzia um som distinto.
Com 17 cm a mais entre os eixos que o cupê, o Maverick sedã era mais que um mero enxerto de portas adicionais. Com dois bancos inteiriços, levava até seis pessoas. Havia as versões Luxo e Super Luxo.
Num teste entre dois Super Luxo, um de seis e outro de oito cilindros, QUATRO RODAS revelou em dezembro de 1973 pontos do projeto que poderiam ser melhores, como encosto dos bancos, ângulo de abertura das portas, escalonamento das marchas e o porta-malas, menor que no cupê.
Os 22,6 mkgf de torque mostravam-se modestos para o sedã. “É um motor de concepção ultrapassada. (…) E o consumo é grande, em virtude de se ter que andar sempre com o pé no fundo”. Mas a maciez e suavidade no funcionamento foram reconhecidas.
O Super Luxo 1974 vermelho das fotos pertence a Paul Gregson, autor de Maverick – Um Ícone dos Anos 1970. Não por coincidência, é o carro da capa do livro. Comprado em 1992, tinha algumas alterações, mas era de único dono, com manual de proprietário, rádio funcionando e estepe original.
Câmbio manual opcional no assoalho veio em 1975. Com ele, bancos dianteiros individuais e molas mais rígidas conferiam ao sedã um toque mais esportivo. Um quatro-cilindros de 99 cv era o novo motor básico. Com 157,2\ km/h de velocidae máxima, ele superou no teste da edição de agosto o seis-cilindros e ainda bebeu menos, com média de 8,3 km/l.
O antigo motor Willys continuou, agora como opcional, enquanto durou o estoque, quatro anos antes de o Maverick sair de linha. Era o fim do último resquício de um Willys de passeio. Apenas o Jeep manteria o legado da marca no Brasil, até 1983.
Ficha técnica – Ford Maverick Super Luxo 6 cilindros 1974
- Motor: longitudinal, 6 cilindros em linha, 3016 cm³, carburador simples, comando de válvulas central único, a gasolina
- Diâmetro x curso: 79,38 x 101,6 mm
- Taxa de compressão: 7,7:1
- Potência: 112 cv a 4400 rpm
- Torque: 22,6 mkgf a 2000 rpm
- Câmbio: manual de 4 marchas, tração traseira
- Dimensões: comprimento, 473 cm; largura, 179 cm; altura, 136 cm; entre-eixos, 279 cm; peso: 1372 kg
- Suspensão: Dianteira: independente, braços inferiores simples e superiores triangulares, molas helicoidais. Traseira: eixo rígido, molas semielípticas
- Freios: tambor nas 4 rodas (a disco na dianteira opcionalmente)
- Pneus: 6,45 x 14
Teste QUATRO RODAS – dezembro de 1973
- Aceleração 0 a 100 km/h: 20,8 s
- Velocidade máxima: 148,1 km/h
- Frenagem de 80 km/h a 0: 28,65 m
- Consumo: 7,9 a 10,6 km/l (em velocidades constantes), 5,1 a 5,9 km/l (estrada), 7,9 km/l (média)
- Preço (dezembro de 1973): Cr$ 32 675
- Atualizado (IGP-DI/FGV): R$ 104.997