A GWM está próxima de iniciar a produção na fábrica de Iracemápolis, no interior de São Paulo, e já anuncia um dos modelos que serão montados na linha de produção. Trata-se do SUV Haval H4, que na China é chamado de Jolion, e pode ser o primeiro híbrido flex plug-in produzido no Brasil.
Ainda não há uma confirmação por parte dos chineses, mas é provável que o H4 chegue com o mesmo trem de força do irmão H6. Ou seja, ele seria equipado com o motor turbo 1.5 de quatro cilindros de 170 cv e 29 kgfm, junto do motor elétrico de 135 cv e 25 kgfm. Combinados, o sistema entrega 240 cv e 54 kgfm e a principal diferença é que o novo modelo aceitaria etanol além da gasolina, o que pode mudar um pouco a entrega de potência e torque.
No ano passado, QUATRO RODAS pode conhecer e dirigir o H4. As primeiras impressões foram boas, graças ao design moderno e o interior espaçoso e confortável. O SUV é menor que o H6, mas tem bons 4,47 m de comprimento e 2,7 m de entre-eixos, colocando-o no mesmo patamar de modelos como o Jeep Compass, Volkswagen Taos e Toyota Corolla Cross.
Mas embora as boas medidas resultem em conforto para quem viaja, os defeitos na cabine podem prejudicar a vida do motorista. Mesmo na versão topo de linha testada em 2023, o plástico duro predominava na cabine e os bancos eram um pouco curtos demais. O motorista também sofre com a visibilidade prejudicada pelo pequeno vidro posterior e as largas colunas traseiras.
Porém, o problema maior está na central multimídia. Além de não oferecer a conectividade com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, o sistema ocupa toda a tela quando conectado, impedindo que o motorista acesse o menu principal de maneira simples. Isso é um grande problema, afinal, não há muitos controles físicos na cabine e até para realizar uma tarefa simples, como alterar o modo de direção, é necessário navegar por uma série de telas da central.
Quanto a dinâmica do carro, vale ressaltar que o trem de força do modelo testado é diferente do que está sendo cotado para o Brasil. O Haval H4 daquela ocasião tinha um sistema híbrido leve composto por um motor 1.5 aspirado a gasolina de 95 cv e 12,7 kgfm e outro elétrico de 150 cv e 25,5 kgfm que, juntos, entregam 189 cv e 38,2 kgfm.
A intenção da GWM é produzir um híbrido flex por aqui, mas nada impediria que o H4, assim como o H6, estivesse disponível com duas motorizações: uma de entrada híbrida leve como a testada no ano passado e a topo de linha com o inédito trem de força híbrido flex plug-in.
Com isso explicado, a versão híbrida mais simples não deixou a desejar. O motor a combustão e elétrico se alternam ao tracionar, com o primeiro atuando em velocidades mais altas e o segundo auxiliando em acelerações mais fortes e em baixas velocidades. Embora o H4 seja um SUV grande, não faltou fôlego e se mostrou bem ágil nas acelerações, realizando o 0 a 100 km/h em 8,2 s.
O problema está na suspensão, que trás o conforto que se espera de um SUV familiar, mas fica “mole” demais em velocidades mais altas ou estradas mais sinuosas, fazendo com que a carroceria role excessivamente. Já a direção é pouco direta e não transmite muito bem a relação dos pneus com o asfalto. A frenagem, por outro lado, foi um ponto positivo com resposta do pedal bastante progressiva, e comportamento equilibrado.
Bem equipado, o H4 tinha uma lista completa de recursos ADAS o que está longe de ser algo ruim, porém o seu funcionamento precisa ser aprimorado. É o caso da manutenção de faixa e o controle de cruzeiro adaptativo, por exemplo, que agiam de maneira brusca a ponto de dissuadir fortemente sua utilização.
Produção só em 2025
A GWM começará os trabalhos da fábrica de Iracemápolis (SP) já em outubro de 2024. Mas, em um primeiro momento, a planta funcionará apenas para treinamento e fabricação de modelos pré-série.
A produção para valer está prevista para o segundo semestre de 2025, quando o Haval H4 está cotado para chegar. O SUV, além de estrear a linha de produção, também pode ser o primeiro híbrido plug-in flex do Brasil, se as intenções da GWM realmente se concretizarem.
Além do H4, que já roda em testes no Brasil há algum tempo, a GWM também pretende montar a picape Poer na mesma fábrica. Inicialmente, a produção será no regime CDK, onde os componentes chegam importados e apenas a montagem e pintura são feitas por aqui.
Por enquanto, existem poucas confirmações sobre o H4, mas a julgar pelo H6 que custa R$ 214.000 na versão híbrida leve mais básica, não seria estranho ver o irmão menor estreando com preço na casa dos R$ 190.000.