Hyundai se renova no Brasil com novo Santa Fe, elétrico premiado e mais
Acordo entre Hyundai e Caoa corrige problemas da marca e permite que sul-coreanos tragam novos carros e tecnologias inéditas ao Brasil
O modelo negócios da Hyundai no Brasil trazia obrigações que geravam conflitos internos na marca. O esquema previa que o empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, da Caoa, podia importar modelos da montadora e produzir alguns outros em Anápolis (GO). Os sul-coreanos, por sua vez, podiam fabricar Creta, HB20 e HB20S em Piracicaba (SP). Até as concessionárias eram separadas.
A parceria já teve momentos turbulentos, mas a paz foi selada. O novo acordo é o que faltava para a Hyundai liberar uma demanda represada e composta por tecnologias que fazem sucesso no exterior, mas que a burocracia mantinha longe do Brasil.
Funcionará da seguinte forma: a fábrica de Anápolis segue da Caoa, mas quem decidirá o que será feito é a própria matriz da Hyundai. Estando alinhada a objetivos mais amplos, a planta goiana será útil para a produção de carros eletrificados e pode ajudar no uso de hidrogênio a partir do etanol. Ao mesmo tempo, a unidade de Sorocaba se mantém com os asiáticos, que ainda cuidarão do estoque de peças geral e, claro, das importações.
O CEO da Hyundai na América Latina, Airton Cousseau, se mostrou aliviado ao “ganhar” uma fábrica na base da negociação, corrigindo o gargalo que enfrentava. “Precisamos da capacidade produtiva da Caoa. Nossa fábrica tem 100% da capacidade utilizada”.
A previsão é de bons ventos adiante, pois Anápolis começou, há pouco tempo, seu segundo turno de produção. Já há trabalhos para implantar o terceiro turno e planos de investir R$ 3 bilhões a fim de modernizar e expandir ainda mais as instalações.
Novo Ioniq 5
Alguns planos que a Caoa mantinha serão aproveitados pela HMB, que pagará royalties ao grupo que também é parceiro da Chery. Dessa forma, os modelos cuja importação foi anunciada no ano passado se mantêm, com algumas mudanças.
O Hyundai Ioniq 5 é um que manteve seu cronograma e será lançado no Brasil ainda em 2024. O SUV elétrico se destacou pelo sucesso de crítica no exterior e não teve preço anunciado, mas a marca mira rivais como os Volvo XC40 e C40 (agora rebatizados EX40 e EC40), cujos valores variam entre R$ 342.950 e R$ 405.950.
As versões que teremos seguem desconhecidas, mas o Ioniq 5 vai desde a variante com 170 cv, tração traseira e alcance de 352 km (ciclo EPA) à topo de linha com 324 cv, tração integral e autonomia de 485 km.
Novo Santa Fe
Anúncio 100% inédito é o novo Hyundai Santa Fe, que segue movido a gasolina mas, em sua quinta geração, traz design bem ousado. O destaque vai para o aspecto de caixote do SUV, que foi projetado a partir da traseira ao invés do comum, que é a partir da frente. Esse atrevimento promete dar mais certo que os HB20 de 2019, por exemplo, já que, ao menos nas redes sociais de QUATRO RODAS, o Santa Fe caiu no gosto do brasileiro.
Os rivais declarados variam bastante no aspecto de preço, e a Hyundai disse que três opções mecânicas podem chegar. Isso nos faz esperar por diferentes versões, que brigarão desde o segmento de SUVs grandes como o Jeep Commander ao andar de cima, que inclui Honda CR-V e Toyota SW4. Valores que cobrem dos R$ 300.000 a R$ 380.000.
O conjunto mais modesto utiliza motor 1.6 turbo, com sistema híbrido convencional; ao todo são 227 cv e 35,7 kgfm, com transmissão automática de seis marchas. Logo acima, há o motor 2.5 aspirado (194 cv, 25,1 kgfm e oito marchas) e o 2.5 turbo, topo de linha, com 281 cv, 43,0 kgfm e câmbio DCT de oito velocidades.
Novo Kona
Faz cerca de um ano que o Hyundai Kona estreou no Brasil, na mesma época em que sua nova geração era revelada lá fora. O atraso será corrigido, já que o SUV mudará entre 2024 e 2025 no mercado nacional.
É outro carro com visual futurista, e que manterá variante híbrida e elétrica. A primeira competirá com Toyota Corolla Cross e Peugeot e-2008, que ficam na região dos R$ 200.000 ainda que o Peugeot seja elétrico. O Kona híbrido usa motor 1.6 turbo e, ao todo, tem 141 cv e 27,0 kgfm, com transmissão automática de seis marchas.
O Kona elétrico, por sua vez, tem duas opções de baterias e quatro de motor. A autonomia vai de 342 km a 490 km, o torque é sempre de 26,0 kgfm e a potência varia entre 135 cv e 218 cv. Caso a estratégia se mantenha, os brasileiros terão a opção mais simples à venda, em torno de R$ 250.000.
Novo Palisade
Ainda mais caro será o Palisade, que estreia em 2025 e foi anunciado ainda pela Caoa. O SUV tem versões de até oito lugares e tem motor V6 3.8 sem eletrificação, com tração integral, 295 cv e 26 kgfm.
Seus rivais declarados incluem Jeep Grand Cherokee e o Range Rover Discovery Sport. Os preços variam bastante, abrindo margem para especular-se algo entre R$ 450.000 e R$ 550.000 sendo cobrados pelo maior utilitário esportivo da Hyundai no mundo.
Os novos Tucson
Outro projeto da Caoa que segue em frente é a reestilização do Tucson, cuja geração à venda saiu de linha no exterior, incluindo o facelift ainda inédito no Brasil. Os retoques são discretos e o maior destaque está na atualização do painel. O motor segue um 1.6 turbo com 177 cv e 27 kgfm.
A nova geração do Tucson, entretanto, foi ausência no evento desta quarta-feira (6), em São Paulo, O SUV cujos faróis são unidos à grade havia sido confirmado pela Caoa antes, e sua chegada ao mercado, se acontecer, ficará para 2025.