Impressões: nova Renault Oroch 2023 ganha nova vida com motor 1.3 turbo
Picape tem boas evoluções no interior e na mecânica, mas fica devendo melhorias mais robustas quanto a equipamentos de conforto e segurança. Confira vídeo!
Não dá para chamar de nova geração. Após quase sete anos, a Renault Oroch passa pelas primeiras mudanças significativas na linha 2023, que incluem um interior quase todo novo e novas opções mecânicas, além de novos equipamentos de série. Além disso, perdeu o nome “Duster“, com quem rompe qualquer relação.
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As vendas da nova Renault Oroch começam hoje em três versões, com duas opções de motores: antigo 1.6 SCe (aspirado) e o novo 1.3 TCe (turbo). Os preços colocam as versões 1.6 alinhadas com as versões mais caras da Fiat Strada e a versão topo de linha abaixo da Fiat Toro.
Versões | Preço |
Renault Oroch PRO 1.6 manual | R$ 105.800 |
Renault Oroch Intense 1.6 manual | R$ 111.300 |
Renault Oroch Outsider 1.3 turboflex CVT | R$ 137.100 |
Clique aqui e confira detalhes das versões e equipamentos de série
O que muda na Renault Oroch 2023?
A Renault Oroch 2023 tem nova grade dianteira e novo para-choque, que na versão topo de linha Outsider ainda recebe uma peça saliente para acomodar os faróis de milha. Mas os faróis são os mesmos de antes, logo não têm luzes diurnas de leds.
Na traseira, as lanternas têm o mesmo formato mas passam a ser escurecidas e as letras cromadas formando o nome “Oroch” abaixo da maçaneta da tampa traseira foram trocadas por grandes adesivos na base da tampa. Além disso, o para-choque traseiro deixou de ter pintura nas versões mais caras.
A Renault diz que houve evoluções técnicas, mas elas não chegaram aos pés do que se viu no novo Renault Duster em 2020. Embora ainda use a mesma plataforma de sempre, o SUV teve alterações na parede corta-fogo e nas colunas A, que ficaram mais inclinadas e obrigaram a mudar as portas dianteiras.
A Renault Oroch segue alinhada ao conceito do Duster antigo. O que muda nas laterais são o desenho das molduras nas caixas de roda (versão Outsider), as barras longitudinais no teto (que suportam até 80 kg) e o desenho das rodas.
O painel é todo novo e exclusivo da Oroch, o que não quer dizer que tudo lá dentro seja exclusivo. Não é. O volante passa a ser o mesmo encontrado do Sandero ao Captur, o quadro de instrumentos com velocímetro digital é o mesmo do Captur e as saídas de ar e os comandos do ar-condicionado automático são os do Duster.
O que mais chama a atenção é o fato de terem deslocado a central multimídia de oito polegadas para a parte superior do painel. Isso abriu espaço para um porta-objetos entre os comandos do ar-condicionado e as teclas que comandam pisca-alerta, start-stop, controle de tração e modo Eco. E também a área vazia entre esses botões e as saídas de ar centrais.
Por sinal, essa central multimídia é exclusiva da Oroch 2023. É a única na linha Renault com Android Auto e Apple Carplay sem fio (o carregador wireless será vendido como acessório), mas não dá para dizer que é a melhor central de todas: veja no vídeo como sua operação é lenta.
Embora tenha, enfim, recebido controles de tração e estabilidade, além do assistente de partida em rampa, a Renault Oroch 2023 continua deixando a desejar no itens de segurança: todas as versões têm apenas os dois airbags dianteiros obrigatórios. Na Fiat Strada, até a versão mais básica pode receber airbags laterais.
Além disso, a picape permanece com direção eletro-hidráulica (e não elétrica como Duster, Sandero, Logan, Kwid e Captur) e direção apenas com ajuste de altura, que deixa o volante despencar no colo. Captur e Duster já têm ajuste de profundidade.
Como anda a Renault Oroch com motor 1.3 turbo?
A Renault perdeu a oportunidade de trocar os bancos pelos mais novos, com melhor apoio lateral, que adotou em seus outros carros. Por isso e por não ter mudanças na direção, por mais que o painel seja novo a posição de dirigir é a mesma de antes, que exige braços mais esticados.
As sensações seriam exatamente as mesmas, não fosse pelo motor 1.3 16V turboflex, criado em parceria com a Mercedes e pelo câmbio automático CVT. Como nos outros Renault, faz a nova Oroch parecer mais leve.
A entrega de força é boa e não é necessário aumentar o giro para a picape embalar, como é praxe em alguns carros com câmbio CVT. Dá para passar o tempo todo sem deixar que o motor passe das 3.000 rpm.
Mas se achar que a entrega de força está muito rápida, convém usar o modo Eco. Quando ativado, as respostas ao acelerador ficam lentas lentas e até faz lembrar o desempenho com o antigo motor 2.0.
Não há borboletas para trocas sequenciais nos outros Renault com esta mecânica e não é diferente na Oroch. Quem quiser comandar as trocas de marcha precisará fazer isso por meio da alavanca.
Merece destaque o nível de isolamento dos ruídos do motor. Mesmo quando se exige o máximo do motor, seu barulho não invade tanto a cabine. O problema é que deixa o velho assobio dos retrovisores e das colunas da Oroch audíveis a partir dos 100 km/h. É outra coisa que poderiam ter resolvido se tivessem seguido o novo Duster.
É no banco traseiro que a Renault Oroch lembra que está acima das picapes compactas. Não é grande a ponto de sobrar espaço para as pernas, mas o assento é mais alto, o que tira a sensação de clausura que se tem em uma Strada com cabine dupla. Além disso, a cabine é mais larga. Só não há muitos mimos além de uma tomada de 12V e uma luz no teto dedicada a quem vai atrás.
As mudanças no conjunto de suspensão foram feitas para lidar com o peso diferente da nova mecânica turbo com câmbio CVT, o que é bom. O comportamento da suspensão McPherson dianteira e independente multilink traseira sempre foi agradável. Filtram bem buracos e imperfeições e garantem controle e pouca rolagem da carroceria nas curvas.
As Renault Oroch 1.3 turbo têm capacidade de carga de 650 kg e caçamba com 683 litros de capacidade. Capota marítima e protetor de caçamba são itens de série, mas não foi desta vez que a Renault incluiu molas ou amortecedores para aliviar o peso na abertura da tampa da caçamba, bastante pesada.
Uma nova estratégia para a picape Renault Oroch?
Quem deu inaugurou o segmento das picapes intermediárias, monobloco, com cabine dupla e plataforma de SUV foi a Renault Duster Oroch em 2015, seis meses antes da Fiat Toro chegar às lojas. Mas a rival fez sucesso implacável: foram 341.039 emplacamentos até 2021, contra 73.474 unidades da Oroch – praticamente o que a Toro vendeu em 2021, 70.914 unidades.
Talvez o mais acertado para a Renault Oroch seja, de fato, assumir um posicionamento intermediário entre as picapes compactas Volkswagen Saveiro e Fiat Strada, e a Toro.
Pelo menos é isso que a fabricante francesa insinua ao manter o motor 1.6 16V de 120 cv, agora com start-stop, sempre combinado com câmbio manual, que agora é manual de seis marchas. A promessa é uma velocidade de cruzeiro com rotação e consumo mais baixos, mas ainda não pudemos conferir essa combinação.
Agora, em vez do velho motor 2.0 flex de 143 cv e câmbio automático de quatro marchas, a versão topo de linha Oroch Outsider está equipada com o novo motor 1.3 turboflex de 170 cv e 27,5 kgfm combinado com o câmbio CVT com simulação de oito marchas, que estreou no Captur 2022 e já chegou ao Duster 2023.
É um conjunto mecânico que aproxima a Renault Oroch da nova Fiat Toro, que desde a versão de entrada Endurance (R$ 138.390) têm motor 1.3 turboflex de 185 cv e câmbio manual de seis marchas.
Mas a disputa entre as duas para por aí, porque todas as versões da Fiat Toro são mais equipadas e têm “sofisticações” como quadro de instrumentos digital, direção elétrica, seis airbags e regulagem de altura e profundidade da direção. Contra as compactas, porém, a Oroch tem uma clara vantagem em espaço e comportamento dinâmico. E é a isso que ela precisa se apegar.
No fim, esta é a velha Renault Oroch de sempre, mas que pretende melhorar sua sorte com o mínimo de equipamentos exigidos nos dias atuais, mais conectividade e uma mecânica realmente competente.
Ficha Técnica – Renault Oroch Outsider 1.3 TCe CVT
- Motor: flex, dianteiro, transv., 4 cil., 16V, turbo, 1.332 cm³, 170/162 cv a 5.500 rpm, 27,5 kgfm a 1.600 rpm
- Câmbio: CVT, 8 marchas simuladas, tração dianteira
- Suspensão: ind. McPherson (diant.), multilink (tras.)
- Freios: disco ventilado (diant.), tambor (tras.)
- Direção: eletro-hidráulica, 10,7 (diâmetro de giro)
- Pneus: 215/65 R16
- Dimensões: comprimento, 471,9 cm; largura, 183,4 cm; altura, 163,4 cm; entre-eixos, 282,9 cm; caçamba, 683 l; capacidade de carga, 650 kg; tanque de combustível, 45 l
- Peso: 1.432 kg
- Off-road: ângulo de ataque, 27,5°; ângulo de saída, 22,4°; vão livre, 21,2 cm
Consumo e desempenho da Renault Oroch 2023
Quanto ao consumo, para a nova Oroch 2023 1.6 aspirado, a Renault informa média urbana de 7,7 km/l com etanol e 11 km/l com gasolina. Na estrada o consumo praticamente não muda, com 7,9 km/l com etanol e 11,4 km/l com gasolina.
Na nova Oroch 2023 1.3 turbo, os números são 7,4 km/l (etanol) e 10,5 km/l (gasolina). Na estrada, faz média de 7,8 km/l com etanol e 11 km/l com gasolina.
O desempenho, porém, muda bastante. Com álcool, a Oroch 1.6 com seis marchas chega aos 100 km/h em 11,8 s e à velocidade máxima de 166 km/h. Já a Oroch 1.3 turbo precisa de 9,8 s para chegar aos 100 km/h e alcança os 189 km/h de máxima.