Impressões: novo BMW M340i não é um M3, mas é um bom sedã esportivo
Conhecemos, em primeira mão, o BMW Série 3 em sua versão mais potente antes do M3, que pode chegar ao Brasil em 2023
Dirigir nas Autobahnen, no famoso sistema rodoviário alemão com trechos sem limites de velocidade, está no imaginário de todo entusiasta automotivo. E foi lá que QUATRO RODAS teve o primeiro contato com o novo BMW Série 3, entre as cidades de Garching e Regensburg, na região da Baviera.
Conhecemos o modelo em sua versão mais apropriada para a ocasião, diga-se: a esportiva M340i que deverá ser exportada para o Brasil, junto com a 330e, no futuro.
Por enquanto, temos apenas as versões equipadas com motor 2.0 turbo flex, igual ao do modelo antecessor, produzidas em Araquari (SC), com entregas começando agora.
Uma pequena dose de eletrificação é a principal novidade do M340i. Agora, o esportivo passa a ser um híbrido leve, com o auxílio de um sistema elétrico constituído por um motor-gerador, que substitui o alternador.
Ele é alimentado por uma bateria de 48 V e oferece 11 cv a mais para ajudar nas acelerações. Apesar disso, ele não abriu mão do motor 3.0 turbo de seis cilindros a gasolina, de 374 cv e 51 kgfm.
De acordo com a BMW, o modelo é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 4,4 segundos e chegar aos 250 km/h de velocidade máxima, limitada eletronicamente.
Desempenho é, de fato, um dos atributos mais marcantes do modelo. Suas acelerações fortes são condizentes com as rodovias de alta velocidade da Alemanha, com saídas e retomadas rápidas, acompanhadas de um belo ronco saído do seis-cilindros, com tons levemente agudos e direito a estouros no escapamento em trocas de marcha e reduções do rápido câmbio de oito marchas.
A direção precisa e progressiva também segue a receita de esportividade, assim como a suspensão, mais rígida e fechada (com cursos menores).
Nas ruas e estradas alemãs isso não trará maiores problemas, além do balanço típico de conjuntos mais rígidos. Já nas ruas brasileiras, com buracos, valetas, emendas e asfalto de má qualidade, os ocupantes certamente sofrerão pancadas mais fortes – reforçadas pelas grandes rodas de 18 polegadas calçadas com pneus 225/45 na dianteira e 255/40 na traseira.
Além da direção, a tração integral permitiu que o sedã mantivesse a rota das curvas do trajeto, sem escapadas, mesmo debaixo de chuva.
Também não há problemas com espaço no M340i. Os ocupantes do banco traseiro vão confortáveis e sem aperto, exceto um terceiro passageiro central, que terá problemas na acomodação dos pés pelo túnel central alto.
No porta-malas vão 480 litros de bagagem – volume bem maior do que os 365 divulgados para o modelo brasileiro. A diferença acontece pela presença do estepe temporário no porta-malas do modelo nacional, que não existe nos modelos vendidos na Europa.
À primeira vista, o Série 3 parece ter mudado pouco. Mas um olhar mais atento mostra que não é bem assim. Na dianteira, os faróis full-led agora têm formato menos recortado, sem o antigo degrau que havia na parte inferior. A grade ganhou barras duplas e o para-choque adotou aberturas maiores e mais angulosas.
Na traseira, as lanternas de led seguiram sem mudanças, enquanto o para-choque tem cortes e aberturas também mais destacados. Na versão M340i especificamente, a mais esportiva antes da extrema M3, as saídas duplas de escape têm formato retangular e há uma imitação de difusor de ar entre elas. De lado, as rodas têm desenho novo e acabamento diamantado.
Essas alterações fizeram com que o Série 3 ganhasse ares ainda mais esportivos. Mas, fora isso, nenhuma alteração mais radical de estamparia foi feita, já que se trata de uma reestilização de meia-vida.
A maior novidade está na parte de dentro do modelo – que mantém alto nível no acabamento, com materiais emborrachados, couro e imitação de fibra de carbono.
Além do novo seletor de marchas, quase que disfarçado no console central, o painel agora tem um conjunto curvo de telas que representam o quadro de instrumentos (de 12,3 polegadas) e a central multimídia (de 14,9 polegadas), assim como no Série 4 e no SUV elétrico iX.
Com a mudança, o console do Série 3 fica mais limpo visualmente por perder alguns botões físicos, cujas funções passam a ser controladas diretamente na central multimídia, com conexão com Android Auto e Apple CarPlay.
Por falar na central, não dá para ignorar o navegador nativo do modelo, de funcionamento confuso e que exige certo costume e aprendizado. Quando em uma rota, o sistema poderia apresentar cores mais contrastantes para melhor entendimento.
Além disso, há um atraso entre a posição do veículo e a rota indicada: é preciso ficar atento para não perder as entradas que, na tela, parecem estar mais distantes do que realmente estão. É bastante confuso.
Ainda entre os equipamentos, o M340i tem ar-condicionado de três zonas, head-up display, sistema de estacionamento semiautônomo, faróis altos automáticos, carregador de celulares por indução, memória de manobras (o carro faz o inverso dos últimos 50 metros percorridos, como para manobras) e sistemas de condução semiautônoma de nível 2.
Entre eles estão piloto automático adaptativo que funciona entre 30 e 210 km/h com função Stop & Go (quando o veículo chega a parar e, assim que o tráfego é liberado, volta a acelerar automaticamente), assistente de permanência em faixa e frenagem automática de emergência.
Um sistema chamado de Active Navigation detecta (em rota no GPS nativo) quando é necessária uma mudança de faixa para acesso a uma saída na estrada, por exemplo, e cria uma leve força de esterço no volante no sentido da manobra.
Na linha 2023, o Série 3 não apenas mantém como reforça suas principais qualidades e características tipicamente alemãs: é bom de dirigir, tem esportividade na medida certa e ficou com uma aparência ainda mais atraente, por dentro e por fora.
Resta saber quais versões serão vendidas por aqui. Nossas apostas são em ao menos três: a nacional 320i, com motor 2.0 turbo flex; a híbrida plug-in 330e, que une um motor 2.0 turbo a outro elétrico; e a esportiva M340i, aqui apresentada. Também não podemos descartar versões inéditas e mais baratas.
Veredicto
Bom de dirigir, bonito e tecnológico, o Série 3 mudou e reforçou suas principais qualidades.
Ficha técnica – BMW M340i
Motor: gasolina, dianteiro, long., 6 cilindros, 2.998 cm3, 374 cv a 5.500 rpm, 51 kgfm a 1.900 rpm
Motor elétrico: 48 V, 11 cv
Câmbio: automático, 8 marchas, tração integral
Direção: elétrica
Suspensão: ind. McPherson (diant.) e multilink (tras.)
Freios: disco ventilado nas quatro rodas
Pneus: 225/45 R18 (diant.) e 255/40 R18 (tras.)
Dimensões: compr., 471,4 cm; larg., 182,7 cm; alt., 144 cm; entre-eixos, 285,1 cm; peso, 1.725 kg; porta-malas, 480 l
Desempenho*: 0 a 100 km/h, 4,4 s; velocidade máxima de 250 km/h (limitado eletronicamente)
*Dados de fábrica