A Jiuma é mais uma daquelas fabricantes chinesas que nunca soubemos da existência, mas suas criações não podem ficar esquecidas. Pertencente à Shanghai Jinma Automobile Corporation, produziu uma série de carros no mínimo curiosos entre a metade dos anos 1990 até meados dos anos 2000. E o Volkswagen Santana parece ter sido sua grande inspiração.
Mas antes é preciso entender as particularidades dos carros da marca.
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A Shanghai Jinma Automobile Corporation foi fundada em 1994, mas com uma particularidade: só tinha licença do governo para produzir veículos agrícolas de baixa velocidade, caminhões de baixa velocidade, veículos elétricos, peças automotivas, ferramentas e equipamentos mecânicos.
Além de ser muito mais fácil obter licença para produzir veículos agrícolas, essa classificação também era válida para picapes. Mas para cumprir (ou pelo menos fingir) as normas para a categoria foi necessário ter criatividade, algo que não costuma faltar nas empresas chinesas.
Na época, muitas picapes de fabricação local eram sedãs com a traseira transformada em caçamba, que depois poderia receber uma capota vendida à parte pela mesma fabricante. Mas os carros da Jinma eram ainda mais peculiares porque sua licença era apenas para veículos de baixa velocidade.
Em outras palavras, suas picapes não poderiam passar dos 70 km/h, uma velocidade que não seria problema para triciclos ou pequenos caminhões basculantes. Mais curioso é que os primeiros veículos da Jinma tinham motor 2.2 diesel (da Jiangsu Sida Power Machinery) que ela declarava ter apenas 46 cv, talvez para convencer de que realmente são lentos.
O visual leva a presumir que as picapes, chamadas de Jiuma (nove cavalos, em tradução literal, em alusão à montanha dos nove cavalos) eram baseadas no Shanghai-Volkswagen Santana, que era extremamente comum na China àquela época.
Algumas peças podem até ser comum aos dois. As picapes têm capô longo, portas idênticas e, aparentemente, o mesmo interior dos Santana. Mas a altura livre do solo e a tração nas rodas traseiras, onde há um eixo rígido com molas semielípticas, entregam o segredinho: aquela que poderia ser uma picape monobloco com cabine dupla e quatro portas, à moda do projeto Tarok, na verdade usa um chassi de caminhão agrícola adaptado.
Não era incomum na China àquela altura que pequenos fabricantes comprassem carrocerias ou peças de estamparia de fornecedores oficiais de grandes fabricantes, como Citroën e Volkswagen, ou de quem apenas copiava essas peças. Muito provavelmente algo do tipo aconteceu neste caso.
Curiosamente o entreeixos era o mesmo do Volkswagen Santana, 2,55 m, e a capacidade de carga era de parcos 200 kg.
As “picapes-sedã” da Jiuma mudaram bastante nos primeiros anos: houve dianteira igual a do Santana, outra inspirada nas Mitsubishi L200 da época e até mesmo uma dianteira que tentava imitar o Volvo 740. Os motores também alternaram para um outro 2.2 diesel de 39 cv e um 1.8 diesel de 31 cv.
Mais tarde, os carros ganharam nomes: Shanghai Shuaibao para as picapes e Shanghai Shuaihu para as peruas – que nada mais eram que picapes com a caçamba fechada. O nome veio acompanhado de faróis maiores e mais modernos e novas grades, que seriam as únicas peças que mudariam ao longo do anos.
A chamada “picape sedã multifunção” acabou ganhando espaço em frotas governamentais no interior da China e permaneceu à venda sem grandes mudanças por muito tempo. Mas quando mudou… Ganhou para-choques volumosos, grade inspirada nos Volvo e traseira com vidro menor e lanternas do último Volkswagen Polo vendidos no Brasil. Ainda fizeram um protótipo com a mesma tampa traseira do hatch.
Após um período desaparecida, hoje a Jinma fabrica pequenos tratores, inclusive para exportação.
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