Lamborghini mais caro da história custou R$ 44 mi e pertenceu a ditador
Lamborghini Veneno pertenceu ao atual vice-presidente da Guiné Equatorial e é um dos nove conversíveis produzidos do modelo
Quanto mais caro é um carro, melhor a história por trás dele. Com o Lamborghini Veneno, um dos mais icônicos superesportivos já fabricados em Sant’Agata Bolognese, não poderia ser diferente.
O carro foi apresentado em 2013 no Salão de Genebra e tem motor V12 6.5 de 760 cv e 70,4 kgfm (o mesmo do Aventador), que permitia um 0 a 100 km/h em 2,8 segundos e 354 km/h de velocidade máxima. Apenas 13 unidades foram fabricadas, o que já é mais que suficiente para ele ser muito cobiçado quando aparece à venda.
Além do desempenho, o modelo tinha um design impecável, inspirado em carros de corrida de resistência. Faróis verticais, uma gigantesca asa traseira e muitos vincos reforçavam o caráter agressivo do carro. Só com o kit ‘básico’, o Veneno custou cerca de U$ 4 milhões em seu lançamento (aproximadamente R$ 21,5 milhões atualmente). Esse preço só aumentou com o passar dos anos.
Um dos casos mais notórios até hoje é de um exemplar que, aparentemente, pertenceu ao vice-presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Nguema Obiang Mangue, filho do ditador Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, no poder desde 1979. Após ser pego em um esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e uso indevido de bens públicos, ele teve seus pertences apreendidos. Entre eles, o Lamborghini Veneno roadster.
O esportivo foi vendido por U$ 8,3 milhões, que na cotação atual valem mais de R$ 44,5 milhões, no site de leilões Bonhams, no ano de 2019. O preço tão alto se justifica pelas condições do carro, que tinha apenas 321 km rodados, uma combinação das cores Bianco Isis e Bianco Avorio — a primeira só é encontrada em um outro exemplar — e o número de série 007. Ele não é tão cobiçado quanto o 001, mas é o único que permite sentir-se como um agente secreto.
Alguns outros detalhes especiais do Veneno incluem o conjunto de rodas cromadas e as iniciais do vice-presidente estampadas no capô e portas. Já que nem tudo são flores, o modelo também tinha algumas avarias, como a necessidade de trocar a bateria e um “leve arranhão” na roda, nada que fosse muito preocupante.
Embora seu passado seja um tanto obscuro, felizmente, o dinheiro da venda foi usado para ajudar projetos sociais da Guiné Equatorial, como informou a Reuters.
Mesmo pela cifra exorbitante, é possível que esse Veneno seja ultrapassado por outros de seus ‘irmãos’. Isso porque existem exemplares ainda mais únicos.
Das treze unidades produzidas, apenas quatro eram cupês. Três deles – um vermelho, um verde e um branco, representando a bandeira italiana – tiveram seus clientes escolhidos a dedo pela Lamborghini, usando como base o histórico de compras, entre outros dados.
Um deles foi vendido ao ex-CEO de tecnologia da Lamborghini, Antoine Dominic e outro foi comprado pelo investidor Kris Singh, conhecido por ter uma bela coleção de esportivos. O terceiro foi para um cliente do Oriente Médio não identificado, que nem sequer pode ver o carro antes de comprá-lo.
O quarto e último cupê ganhou a cor cinza e foi colocado em exibição no museu MUDETEC da Lamborghini, localizado em Bolonha, Itália.
Os nove Veneno restantes, entre eles o que pertenceu a Obiang, são todos conversíveis e costumam aparecer em casas de leilão esporadicamente. É possível encontrar um deles, na cor preta e de numeração 002, sendo leiloado neste momento no site da Sotheby’s. Esse exemplar tem apenas 450 km no hodômetro e pertenceu à família real da Arábia Saudita. Seu preço está entre os 4,5 e 5,5 milhões de euros (R$ 25,2 e R$ 30,8 milhões).
Um outro modelo apareceu à venda no site alemão Mobile, pelo equivalente a U$ 10,3 milhões (R$ 29,6 milhões), mas não há informações sobre sua venda. O mesmo vale para a unidade de número 002 que estava sendo vendida no Japão por 9,98 milhões de euros (aproximadamente R$ 56 milhões na cotação atual), em 2016.
A coroa de modelo mais caro da Lamborghini já é do Veneno. A dúvida é se seu preço vai continuar subindo a ponto dele se tornar o carro mais caro da história. O Rolls Royce Boat Tail, por exemplo, é considerado o modelo novo mais caro até hoje e sua segunda versão foi avaliada em U$ 28 milhões (R$ 150,9 milhões). Mas entre os carros de leilão, ainda falta muito para chegar aos 135 milhões de euros (R$ 756 milhões) do Mercedes-Benz 300 SLR Uhlenhaut Coupé.