Morreu na madrugada desta segunda-feira, aos 85 anos, Bird Clemente, um dos grandes pilotos do automobilismo brasileiro. Na verdade, foi o primeiro piloto profissional brasileiro.
Bird estreou nas pistas no final dos anos 1950, quando a perícia do piloto, a leveza do carro e a preparação do motor poderiam dar mais resultados do que a potência específica. Com a indústria automobilística no Brasil se formando, no início dos anos 1960, o automobilismo se profissionalizou.
Foi assim que Bird Clemente se tornou o primeiro a receber salário para correr de carro. Seu primeiro emprego, com direito ao benefício de ter um carro para uso particular, foi ao volante da equipe Vemag, sob o comando de Jorge Lettry.
Mais tarde, seria convidado a fazer parte da lendária equipe Willys, chefiada por Luiz Antônio Greco, com direito a salário, algo inédito por aqui até então.
Era a equipe que reunia nomes como como Wilson Fittipaldi Jr., Francisco “Chico” Lameirão, José Carlos Pace e Luiz Pereira Bueno, além de Emerson Fittipaldi, que em sua maioria tiveram carreira internacional.
Por aqui, chegou a ser capa da Quatro Rodas em fevereiro de 1965. Bird havia recebido o premio Victor 1964, como melhor piloto de fábrica, eleito por um júri de jornalistas especializados.
Naquele 1964, Clemente era um dos pilotos no “Desafio dos 50.000 quilômetros”, que consistia em rodar dias a fio com um Gordini em Interlagos até completar 50.000 km. Ele capotou com o carro que, porém, continuou rodando sem avarias mecânicas e completou o teste. Daí veio o apelido “Teimoso” para a versão básica do Renault Gordini.
Ao lado do irmão, Nelson Clemente, venceu os 500 km de Interlagos e as Mil Milhas Brasileiras, ambas em 1973.
Também foi eleito pela revista Autosport inglesa um dos 50 melhores pilotos do mundo que não chegaram à F-1. Foi, sem dúvida, um dos maiores pilotos brasileiros.
Há cerca de 10 anos a repórter Isadora Carvalho entrevistou Bird Clemente, que relembrou várias das suas histórias na época de piloto. Vale a pena conferir.