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Morre Charles Marzanasco, ex-assessor de Senna e colunista de Quatro Rodas

Reconhecido pela criatividade para criar pautas, Charles Marzanasco Filho lutava contra um mieloma múltiplo quando contraiu covid-19

Por Redação Quatro Rodas
Atualizado em 16 jun 2022, 12h07 - Publicado em 16 jun 2022, 12h00
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  • O colunista da Quatro Rodas, Charles Marzanasco Filho, faleceu hoje, em São Paulo, aos 67 anos. Charles vinha se tratando de um mieloma múltiplo desde 2020, mas estava internado em decorrência de complicações da Covid-19.

    Jornalista formado pela Cásper Líbero, Charles estreou no jornalismo automotivo em 1973, na revista AutoEsporte. Três anos depois, se tornou repórter da Agência Folha e do Jornal A Gazeta Esportiva.

    Foi contratado como repórter de Quatro Rodas em 1977 e integrou a equipe por quase 10 anos. Com a reportagem “Pneu vazio, um descuido caro demais”, conquista o prêmio “Chico Landi de Jornalismo” de 1985, promovido pela ANFAVEA e patrocinado pela Fiat.

    Mas gostava de lembrar, também, de uma reportagem feita para a revista Placar, também da Editora Abril: em 1981, foi escalado para substituir o meia Everton, do São Paulo, em um amistoso festivo contra a Seleção Paulista. O jogo comemorava a conquista do título estadual, conquistdo uma semana antes após uma vitória por 2 a 0 sobre a Ponte Preta. A intenção da reportagem era mostrar como um jogador de peladas se sentiria entrando em campo vestindo a camisa do seu time do coração. Charles Marzanasco era são-paulino apaixonado.

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    Charlinho, como era conhecido no setor, também falava com orgulho das histórias vividas nos dez anos que passou como assessor do Ayrton Senna. Depois, se tornou assessor da Senna Import, da Audi Senna e, posteriormente, da Audi do Brasil. No total, foram 25 anos no departamento de imprensa da fabricante alemã.

    Chico Landi e Charles
    Chico Landi (dir.) entrega as chaves de um Fiat, prêmio dado a Charles por reportagem publicada em Quatro Rodas (Acervo Pessoal/Quatro Rodas)

    Em 2020, passou a ter uma coluna em Quatro Rodas, onde vinha contando os bastidores e grandes histórias de sua época como repórter da revista, como assessor de Ayton Senna e dos seus grandes feitos como assessor da Audi – como a vez que exibiu um carro conceito futurista no meio do Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo.

    O contador de histórias

    Colunas, no jornalismo, são espaços em que os autores têm liberdade para contar histórias e expressar opiniões, diferentemente das reportagens, que devem se ater a fatos. Por conta disso – abordagens, pontos de vista, estilo, etc. – são conteúdos, com adesão limitada. Há pessoas que adoram e outras, não se interessam.

    Com o colunista de QUATRO RODAS, Charles Marzanasco, não é diferente. Pelas mensagens que nos chegam, porém, ele atrai mais admiradores do que leitores indiferentes ou opositores. Recentemente, ele ficou entre os três colunistas mais votados no prêmio Os + Admirados Jornalistas da Imprensa Automotiva, promovido pela Jornalistas Editora.

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    Confesso que, quando contratei o Charles, em outubro de 2020, eu não sabia se iria dar certo. Conhecia seu trabalho como como assessor de imprensa, ouvia as histórias que ele me contava e me contavam dele, mas não sabia se os leitores iriam gostar, principalmente porque o Charlinho substituiria o prestigiado Jeremy Clarkson o qual, naquela época de pandemia, se isolou em sua fazenda.

    Logo nas primeiras colunas, porém, me tranquilizei porque ao editar os textos eu sempre ria muito com o que o Charles escrevia, sozinho diante do computador, no retiro do meu home-office. Se eu ria, tinha certeza de que o leitor faria o mesmo.

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    E, além do humor, os textos sempre traziam conhecimentos e bastidores sobre indústria, carros e competições, graças às suas passagens como repórter, assessor de pilotos (do Senna, em particular) e de empresas (como a Audi) e em outras atividades que Charles teve ao longo da vida.

    Mês passado, publicamos sua coluna de número 21. Ele falou da rixa que provocou intencionalmente entre os pilotos de F3, Christian Fittipaldi e Renato Russo, quando assessorou o segundo, em meados dos anos 1980. “Conversando com o pai do piloto, eu tive a ideia e ele me deu carta branca”, disse Charles quando discutíamos a pauta do mês. “Fiz um release como se o Renato estivesse desafiando o Christian. O título era: Renato Russo – Não tenho medo de sobrenome”, lembrou.

    O Charles tinha grande talento para contar histórias e sabia usar isso a seu favor e das pessoas, como nós que tivemos a sorte de conhecê-lo e contratá-lo. E de seus colegas e seus leitores.

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    Infelizmente, Charles, que lutava bravamente contra um câncer, contraiu Covid-19 e não resistiu. Ele faleceu, nove dias antes de completar 68 anos, sem tempo para nos contar mais uma história, das muitas que planejava compartilhar.

    Obrigado Charlinho.
    Descansa em paz.

    Paulo Campo Grande, redator-chefe

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