A mobilidade do futuro não depende apenas das fontes de energia. Há outro desafio tão ou mais difícil de ser superado que é a falta de espaço para a circulação de pessoas e mercadorias nos centros urbanos.
Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), em 2030, o planeta Terra terá 8,5 bilhões de habitantes, 60% deles, 4,9 bilhões, vivendo nas grandes cidades. E, em 2050, seremos 9,7 bilhões, com 70% de população urbana, ou seja, 6,8 bilhões.
Nesses cenários, será impossível que cada pessoa use seu próprio carro no dia a dia. Atualmente, há lugares onde a taxa de automóveis per capita beira 1 veículo/habitante. Cruzando dados do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as principais capitais brasileiras têm, em média, 0,5 veículo/habitante – o que já é muito, como se vê em ruas e avenidas em horários de pico. Mas, em Los Angeles, na Califórnia, a relação é de 1,7 carro/habitante.
Nas cidades do futuro, a mobilidade passa por transporte coletivo e dispositivos individuais como bicicletas e patinetes, principalmente porque nos centros urbanos as pessoas costumam se deslocar sozinhas e em viagens curtas, de acordo com diversas pesquisas. Aqui reunimos 11 propostas de veículos para trabalho e lazer que se enquadram nessa solução.
PEDILIO
Este pedelec (pedal electric cycle) emprega tubos de alumínio e fibra de carbono em sua construção, conta com motor elétrico (500 kW), baterias de lítio (48 V/13 Ah) e painel solar (100 W). Tem freios hidráulicos, marcha a ré e rodas aro 20. Seu motor serve para amplificar a força humana, podendo alcançar 35 km/h. Produzido na Alemanha, custa US$ 10.000.
Linde h2 bike
Bicicletas elétricas já são muito comuns nas ruas da Europa. Mas esta inova ao substituir a bateria por uma célula de hidrogênio. Seu reservatório, de 34 gramas de H2, pode ser abastecido em casa (com um gerador feito para isso), em seis minutos, e rende uma autonomia de 100 km, segundo a empresa Linde, que desenvolveu o projeto, ainda em fase experimental.
A Evolve fabrica diferentes linhas de skates elétricos. Aqui, mostramos um dos mais sofisticados, que possui versões on e off-road (4×4), e pranchas que podem ser de fibra de carbono ou bambu e fibra de vidro. A versão standart traz um par de motores (nas rodas traseiras) de 1.500 W e baterias de 504 Wh/14 Ah. Custa US$ 2.900 e tem um ano de garantia.
CITYQ
Produzido na Noruega, este quadricíclo elétrico para transporte de mercadorias tem versões com uma ou duas baterias de 250 W cada e caçambas com capacidade volumétrica distinta: 800 cm3, 1 m3 e 1,5 m3. Conta com um alternador, que converte os movimentos do pedal em energia elétrica para alimentar as baterias. Preço: a partir de US$ 7.525.
INMOTION V13
Já existem muitos monociclos rodando, inclusive em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. Este é um dos mais avançados. Tem motor de 4.500 W e baterias de 3.024 Wh, o que rende velocidade máxima de 90 km/h e autonomia de 140 km. Sua suspensão é a ar e o painel tem tela touch. Custa US$ 4.000.
SEGWAY LOOMO PERSONAL ROBOT
Além de transporte, tem habilidades autônomas, como ir de um ponto a outro, seguir o dono e se orientar nos deslocamentos. Reconhece comandos de voz e gestos. Tem processador de 2.56 GHz e 4 GB de memória e um conjunto de câmeras, microfones e sensores (ultrassom e infra-vermelho). Vendido por US$ 1.700.
ONEWHEEL GT
Este skate com apenas uma roda central pode chegar a 32 km/h. Mede 75 cm de comprimento, 24 cm de largura e 29 cm de altura, e pesa 16 kg. A roda é de 6” e há dois tipos de pneus infláveis (asfalto e off-road). Na prancha antiderrapante, pontos de led indicam a carga da bateria. A autonomia é de 50 km. Sai por US$ 2.200.
ZUUM SHOES
Tipo de skate dividido ao meio, é controlado com o movimento dos pés (para a frente, acelera; para trás, freia). Transporta pessoas com até 140 kg de peso. É à prova d’água e de fogo. As baterias duram cerca de 1h30 e levam duas horas para ser carregadas em tomadas domésticas. Atinge 13 km/h. E custa US$ 300.
HONDA MOTOCOMPACTO
Lançada este mês nos EUA, esta minimoto mede 74 cm de comprimento, 53,5 cm de altura e 9,4 cm de largura e é dobrável, podendo ser transportada em uma mala. Seu motor entre-eixos gera 49 W e é alimentado por bateria de 6,8 Ah, que leva 3,5 horas para ser carregada e garante 19 km de autonomia, segundo a Honda. Custa US$ 1.000.
SCOTSMAN E-SCOOTER
Construído por impressão 3D, com polímero de carbono e termoplástico, este patinete pode ser customizado nas medidas (de acordo com a estatura do usuário), motorização, bateria e acessórios (farol, lanterna e luzes de direção de led, GPS, Bluetooth, Wi-Fi e câmera para registrar as viagens). Preço básico: US$ 2.999.
AIRTRICK de 4 RODAS
Parece patins tradicionais, com freios de borracha e tiras de fixação. Mas tem motores acoplados às rodas e baterias nos solados. A aceleração é ajustada por um controle remoto, que fica na mão do usuário, o qual tem um visor onde é possível ver o estado da bateria. A velocidade máxima é de 17 km/h. Custa US$ 900.
Futuro próximo
Além do crescimento vegetativo, o aumento da população urbana se deve a migrações das pessoas para as cidades, atrás de melhores condições de vida e trabalho, uma vez que a mecanização e automatização no campo reduz as oportunidades. Fenômeno esse verificado, no Brasil, nos censos agropecuários, feitos pelo IBGE, em diferentes períodos.
A ONU trata dessa questão em sua Agenda de Desenvol-vimento Sustentável para 2030, onde recomenda aos países trabalharem em duas frentes: promoção de melhorias no campo, para desestimular a migração; e na cidade, para garantir boas condições de vida.
No campo, a ONU preconiza a criação de infraestrutura, centros de comércio e oportunidades de trabalho. Na cidade, propõe atenção a saneamento básico, segurança, malha viária, coleta de lixo, áreas públicas, áreas verdes e poluição.
O problema da concentração urbana é maior nos países ricos. As estimativas mencionadas na abertura desta reportagem consideram toda a população mundial, mas analisando por grupo de países, em 2030, os moradores de cidades serão 84%, nos países ricos; 59%, nos médios; e 38%, nos pobres. Apesar do índice menor, os mais pobres enfrentam maiores dificuldades para implementar soluções.