Nettuno: novo motor V6 de 630 cv da Maserati é feito a mão em laboratório
Motor tem tecnologias da Fórmula 1 e exclusivas nos carros de rua, mas tem relação muito próxima com Alfa Romeo e Ferrari
O Maserati MC20 promete ser um dos grandes esportivos da história da fabricante italiana. Mas por por trás de um supercarro sempre existe um super motor. Neste caso, seu nome é Nettuno.
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O nome do motor faz todo sentido: o tridente de Netuno é o logotipo da marca. E realmente há algo mítico por trás deste motor V6 3.0 biturbo que gera 630 cv e 74,4 kgfm – mais potência que nos V8 4.0 da Audi e que nos V8 4.4 da BMW, ambos biturbo.
Na prática, este motor pode girar acima das 8.000 rpm para entregar um excelente rendimento específico de 210 cv/litro. Imagine um motor 1.0 de dois cilindros que gera 210 cv, pois seria isso. E para alcançar esse patamar de rendimento foi necessário fazer uso de tecnologias da Fórmula 1.
O motor V6 Nettuno tem suas duas bancadas de cilindros dispostas a 90° e cada bancada tem seu respectivo turbocompressor. Ele usa dois sistemas de injeção, direta e indireta, e tem sistema de pré-câmara de combustão, com uma vela para a pré-câmara e outra para o respectivo cilindro.
É uma tecnologia comum nos carros da Fórmula 1 atuais, mas que pela primeira vez será usada no motor de um carro de rua. E certamente é um dos segredos da eficiência do novo motor da Maserati, mas não o único.
A queima se torna tão mais eficiente que a taxa de compressão vai a 11:1, um valor relativamente elevado para um motor turbo.
Produzido em laboratório
A Maserati atualizou toda uma ala na fábrica de Modena para produzir seu novo motor. O chamado Engine Lab tem limpeza de nível hospitalar, com acesso restrito, ar filtrado e ainda é pressurizado para evitar a entrada de qualquer contaminante.
Apenas 10 pessoas estão encarregadas da montagem dos motores. A montagem é feita a mão, mas não exatamente de forma artesanal, pois há muita tecnologia na supervisão, no controle e no monitoramento da montagem.
O motor Nettuno tem cerca de 1.300 componentes. Cada uma das seis estações de montagem tem duas telas, onde uma indica o processo a ser feto e a segunda permite que o funcionário controle o processo.
Um exemplo da intervenção da tecnologia é que câmeras controlam a montagem dos anéis dos pistões dentro da tolerância especificada e associam o número de série de cada componente ao motor que está sendo montado.
Em outros processos, como o da instalação das camisas do cilindro, o computador é capaz de apontar qual das disponíveis na bancada é a mais adequada para o cilindro que está sendo montado, de acordo com a tolerância das dimensões.
Depois de montado, todo motor é submetido a um teste em dinamômetro de bancada para comprovar que entrega a potência e o torque prometidos e que tudo está funcionando perfeitamente.
Herança de Ferrari e Alfa Romeo
A Maserati faz questão de falar das tecnologias do motor Nettuno e de suas particularidades para tentar torná-lo um legítimo motor Maserati. Mas não é bem assim. Mas, na verdade, o Nettuno é um motor da mesma linhagem do 690T, do Alfa Romeo Giulia Quadrifoglio, e do F154, o V8 da Ferrari que equipa modelos desde o novo Roma ao SF90 Stradale.
Todos eles têm bancadas a 90°, o diâmetro e curso dos cilindros coincide com o dos do V8 do SF90 Stradale: 88 mm e 82 mm, respectivamente. Também é comum a eles a rotação máxima a 8.000 rpm e a ordem de ignição dos cilindros, 1-6-3-4-2-5, como no Giulia Quadrifoglio.
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