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Nova droga feita com catalisadores de carros preocupa autoridades do Congo

Chamada de 'bombe', a droga soma comprimidos ao núcleo cerâmico dos catalisadores triturado e pode deixar os usuários sem se mover por horas e até dias

Por Pedro Henrique Oliveira
Atualizado em 7 out 2021, 09h39 - Publicado em 6 out 2021, 17h41
Núcleos cerâmicos de catalisadores de carros
A nova droga chamada “bombe” utiliza o núcleo cerâmico triturado dos catalisadores (Azom/Reprodução)

A capital da República Democrática do Congo lida com uma situação incomum envolvendo carros e drogas. Uma nova mania tomou conta de uma das principais cidades do país, Kinshasa, e preocupa as autoridades locais. A novidade entre a população é uma droga derivada de catalisadores automotivos.

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Apenas no mês de agosto, a polícia prendeu 100 supostos traficantes que estavam em posse de “bombe”, o nome dado a droga, que significa “poderosa” em lingala, um dialeto local. 

O fenômeno atraiu atenção até do presidente do país, Felix Tshisekedi, que afirmou que a situação “exige responsabilidade coletiva de toda a nação”. Cedrick, um jovem de 26, conta mais detalhes sobre a droga que preocupa as autoridades congolesas. 

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Núcleos cerâmicos de catalisadores de carros
Os catalisadores contém metais como ródio, paládio e platina, materiais que podem causar câncer (NewZimbabwe/Reprodução)

“Nós costumávamos beber uísques muito fortes, éramos inquietos e machucávamos as pessoas. Mas o bombe te acalma, te cansa, você fica em algum lugar, seja de pé ou sentado, por muito tempo. Quando você termina, você vai para a casa sem incomodar ninguém”, explica o jovem de 26 anos à Reuters

Especialistas em entorpecentes apresentam um outro lado. A droga, composta por um pó marrom e alguns comprimidos amassados, é perigosa. Esse pó marrom é obtido pela trituração do núcleo cerâmico em formato de colmeia dos catalisadores dos carros. 

Escapamento soltando fumaça
O catalisador filtra os gases poluentes gerados na combustão do motor (Reprodução/Internet)

Os mecânicos da cidade afirmam que a busca maior pelo entorpecente está relacionada ao aumento de roubos de catalisadores, em busca de revender elementos valiosos usados nas peças, tais como platina, ródio e paládio. Um mecânico afirmou que entre 5 e 10 clientes o procuram todos os dias porque o catalisador de seus respectivos veículos sumiu, provavelmente roubado pelos traficantes. 

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O diretor nacional da Federação Mundial contra as Drogas, Dandy Yela Y’Olemba, demonstrou estar preocupado com a situação. “Não é uma substância feita para consumirmos”, advertiu. Ele explica que os metais podem causar câncer e questionou: “somos motores ou humanos?”.

Núcleos cerâmicos de catalisadores de carros
Os sintomas a longo prazo são desconhecidos, mas a droga causa, em um primeiro momento, cansaço e faz com que os usuários fiquem imóveis ou durmam por horas ou até dias (Mairec/Reprodução)

Os usuários trituram o objeto em formato de colmeia e misturam com comprimidos de vitaminas ou até sedativos. Em alguns casos, eles misturam o pó marrom com tabaco para fumar. Ainda não há qualquer informação dos efeitos a longo prazo do uso da droga. 

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