A popularidade do Forza Horizon ajudou a desviar as atenções, mas faz seis anos que o último Forza Motorsport foi lançado. A espera pelo oitavo jogo da franquia (que costumava ter uma nova versão a cada dois anos) está chegando ao fim. Será lançado daqui a um mês, em 10 de outubro, mas Quatro Rodas foi até Los Angeles para ter um contato antecipado com o jogo.
O Forza Motorsport 7 foi lançado para o Xbox One, mas o novo é dedicado aos Xbox Series X|S, e PCs. O jogo precisou ser totalmente refeito para explorar ao máximo os hardwares de nova geração. Porque depois de tantos anos era impossível apenas atualizar o jogo. Até tentaram misturar rodar a nova física e inteligência artificial com as pistas antigas, mas não deu certo.
“Foi no primeiro protótipo… e foi impossível pilotar o carro. Ele colidia com objetos invisíveis, coisas absurdas aconteciam. Então em vez de consertarmos os traçados para fazer funcionar, refizemos todas as pistas de forma mais detalhada. alinhada os novos sistemas mais precisos, também refeitos”, Chris Esaki, diretor criativo da Turn 10, a desenvolvedora da série Forza Motorsport.
Não tinha como reformar. Reconstruíram tudo também repensando os comportamento dos carros e as habilidades necessárias na para a progressão no jogo. E justamente por isso o Motorsport já rodou em 4k a 60 quadros por segundo nesta prévia no Xbox Series X, que também oferece ray tracing. A iluminação global com ray tracing, porém, será exclusividade do jogo para computador.
A introdução coloca a expectativa lá no alto. Começa com uma volta no Maple Valley, uma pista clássica do Forza Motorsport, com o Chevrolet Corvette E-Ray, versão híbrida do esportivo. É difícil não se distrair com as árvores frondosas, as sombras, o sol atravessando a névoa e até com as manchas no asfalto. Foi mais impressionante do que ver folhas voando e peças do carro vibrando nos Motorsport anteriores.
Em seguida, a missão é completar as últimas duas voltas de uma corrida de endurance no novo circuito de Hakone pilotando o Cadillac V-Series.R, protótipo LMP2 do mundial de endurance. Você assume a pilotagem após a última troca de pneus. Confesso que me assustei com a explosão do motor V8 entrando em ação para dar suporte aos motores elétricos, exatamente como no carro real.
O céu arroxeado do início da noite é deslumbrante, mas a diferença de comportamento e de aderência começam a dar as caras. O protótipo tem muito mais aderência. permitindo andar mais rápido. Ficou a impressão de que esse novo circuito fictício também é bastante veloz.
O passo seguinte dessa demonstração, chamada Builder’s Cup, seria uma escolha difícil até na vida real. Eu teria que optar entre a aderência de um Subaru STI S209 2019, com tração integral, a precisão do Honda Civic Type R, com tração dianteira, e a traseira mais solta do Ford Mustang GT 2018 para continuar para a série de tutoriais em três corridas.
Optei pelo Subaru e não me arrependi. Na verdade, me lembrei de quando escolhi o Cyndaquil no início do Pokémon Silver para Gameboy.
Pilotaria o Subaru nos circuitos Grand Oak (fictício), Mugello e Kyalami (estes, conhecidos de GPs da Fórmula 1), repetindo um ciclo que começa por um treino de pelo menos três voltas com uma meta de tempo por volta, antes da corrida propriamente dita. Se você for atento, perceberá que cada etapa acontece em um momento do dia, passando da névoa da manhã ao Sol se pondo pela tarde.
Antes de correr o jogo já convida a ajustar a quantidade de combustível e pressão dos pneus, mas os maiores ajustes ainda estavam bloqueados.
As evoluções, porém, vêm com o tempo. Mesmo durante o treino o desempenho na pilotagem já soma Car Points, a moeda de troca por outros carros, e Car XP, usado para garantir evoluções no carro. A ideia é fazer o melhor uso desses créditos para elevar o nível do carro ao limite das atualizações de cada fase, superando os concorrentes.
O desafio é recompensado, pois não há uma corrida classificatória. No modo carreira você escolhe a posição de onde quer largar: quanto mais para o final do grid, maior será a bonificação se cumprir um certo número de ultrapassagens até o fim da corrida. É quase uma aposta que te pressiona por um objetivo, mas sem obrigar a vencer a corrida logo de cara para ter uma grande evolução no jogo.
Isso também estimula a estreitar a relação com o carro, o que pareceu ser fundamental para se dar bem no novo Forza Motorsport. Senti que o jogo exige e até estimula a entender o comportamento e os limites do carro, e até seus vícios ao longo do traçado.
Um bom exemplo é uma descida antes de um “S” em subida na pista de Grand Oak, onde me senti à vontade para contornar a primeira curva mais rápido forçando uma saída de traseira com meu Subaru STI azul com uma leve frenagem no início da curva. Essa tática, porém, não funcionou na curva Casanova de Mugello. Acabei descobrindo que quando você perde o carro, perde de verdade.
Essa sensação ficou mais clara mais tarde, conversando Chris Esaki. Ele enalteceu o nível de detalhamento, o que pode parecer um lugar comum para quem está lançando um jogo. Mas no caso do Forza Motorsport não faltaram exemplos para provar o esforço da Turn 10 nessa empreitada.
Confira o gameplay da Builder´s Cup
Um dos primeiros esforços foi refazer a modelagem virtual dos pneus. “Antes considerávamos um ponto de contato com o asfalto, agora são oito, contemplando também as bordas, e aumentamos em seis vezes a taxa de atualização da aderência dos pneus”, explicou o diretor criativo sinalizando que os pneus se tornaram tão representativos na percepção do jogo que também foi necessário refazer a modelagem das suspensões para que acompanhassem essa evolução.
“Todos os diferentes tipos de suspensão, McPherson, duplo A, braços arrastados, e todos os diferentes pontos de fixação, de todos os carros e todos os fabricantes foram modelados da forma mais autêntica possível e você percebe isso em cada carro, em cada relevo. E o que eu realmente gosto nisso é que eles realmente se comportam de maneira diferente e passam sensações diferentes”, conta.
Esses modelos virtuais também estão ligados a como as alterações em molas, amortecedores e até na pressão dos pneus que podem ser feitas pelo jogador modificarão o comportamento do carro durante as corridas. Esse nível de preocupação parece algo particularmente importante para Chris Esaki, que confessou ter o costume de passar horas em oficinas de amigos para ter contato com os mais diversos carros e mecânicas.
Não é de se surpreender que sua garagem no mundo real tenha um Porsche 914 1973, que trata como uma joia, e seu carro de uso diário, um BMW Z3 M Coupé 2007 com um segredinho: um supercharger que elevou a potência do motor seis cilindros para além dos 500 cv. Ele realmente deve saber o que está falando quando o assunto é aderência dos pneus e sensação de pilotagem.
Depois que entendi o comportamento do meu Subaru STi em Kyalami e completei a corrida em 4° após largar em 18°, a demonstração acabou. Só pude ver um pouco dos carros e das categorias que serão liberadas no lançamento. Fiquei com muita vontade de continuar jogando.