Numa portinha perdida em uma avenida próxima ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, pode estar uma oficina repleta de relíquias automobilísticas brasileiras. Mas não se deixe enganar pelo local simples e apertado: até colecionadores franceses e alemães já foram lá comprar carros restaurados.
“Semana passada estava aqui o Puma DKW número 7 [de um total de 135 fabricados]. Há um ano, fiz a restauração completa do Puma 4R [um dos três exemplares conhecidos, dos cinco fabricados em 1971, em homenagem a QUATRO RODAS]. Já fiz o Corvette que foi do Elvis, o Cadillac do Tim Maia, lanchas e até um helicóptero”, conta o proprietário, Domingos Avallone, nome que remete ao Avallone TF, famoso fora de série nacional dos anos 70 queera réplica do MG 1953. Domingos é primo do fundador da marca, Antônio Carlos.
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Primo, aliás, que em 1971 emprestou um Opala para Domingos correr em uma prova do Campeonato de Marcas e Pilotos, quando um acidente acabou com sua futura carreira de piloto. Mas o colocou na faculdade de engenharia mecânica, numa carreira na Ford e, nos últimos 30 anos, na sua oficina, hoje referência na restauração de carros de fibra de vidro. “Fiquei três dias em coma, quem me socorreu foi o Ingo Hoffman”, conta.
Domingos explica que o mercado nunca esteve tão bom quanto agora. Diz que os Pumas (carro-chefe da oficina) de qualquer ano e modelo estão cada vez mais colecionáveis, fazendo com que o número de restaurações aumente. “Eu não reformo, eu restauro. Por isso, um projeto do zero vai custar entre R$ 30.000 e R$ 50.000.” Como o trabalho é artesanal, finaliza uma média de dois carros por mês. “A fibra é um material que precisa de paciência, carinho e atenção para um resultado bom e duradouro.”