O que é o Ford Territory, futuro concorrente de Compass e ix35
Com chances de chegar ao Brasil, o SUV é derivado de chinês lançado em 2016 que custa menos que um Renault Kwid
A Ford mostrará no Salão do Automóvel de São Paulo o Territory, um SUV médio que no Brasil poderia disputar clientes com o Jeep Compass. Na prática, porém, nem Ford ele é.
Apresentado na China em agosto, o Ford Territory nada mais é que um Yusheng S330 com alterações cosméticas no design. Primeiro é preciso explicar quem é a Yusheng.
É uma submarca da Jiangling Motors Corporation (JMC), uma das duas parceiras da Ford na China e proprietária da Landwind, marca mais conhecida por vender um clone do Range Rover Evoque.
A JMC também foi responsável por um clone da Volkswagen Amarok.
Além do Territory, a JMC produz em parceria com a Ford o Everest, SUV derivado da Ranger, e inúmeras versões da van Transit.
O Yusheng S330, porém, é um caso à parte. Foi lançado em 2016 de olho na expansão do mercado de SUVs nas grandes cidades do interior da China.
O motor 1.5 turbo desenvolvido pela própria Jiangling rende 163 cv e pode ser combinado a câmbios manual ou automático, ambos de seis marchas.
Na China, seus preços começam em 7.300 dólares, o equivalente a R$ 27.250 no câmbio atual.
Mais fraco e sofisticado
Para transformar o Yusheng S330 no Territory, mudaram grade dianteira, para-choques, faróis e lanternas. Depois, aplicaram os logotipos da Ford.
O interior, por sua vez, é completamente diferente. Além do design mais moderno, recebeu materiais de melhor qualidade. Além dos plásticos duros do S330, o Ford tem toque macio em parte do painel e nas portas.
A lista de equipamentos do Territory inclui central multimídia com comando de voz e o sofisticado sistema Co-Pilot360, que une frenagem de emergência, monitoramento de pontos cegos, acendimento automático dos faróis e piloto automático adaptativo.
Por outro lado, o motor 1.5 turbo da Jiangling foi amansado. Rende 143 cv, 20 cv a menos que o Jiangling. Em compensação, o consumo melhorou: chega a 14,9 km/l, contra 13,8 km/l do irmão chinês.
Ele tem 4,58 m de comprimento, 1,94 m de largura, 1,67 m de altura e 2,71 m de entre-eixos. É sensivelmente maior que um Jeep Compass, que tem 4,42 m de comprimento, 1,82 m de largura, 1,64 m de altura e 2,64 m de entre-eixos. Também é maior que o Hyundai ix35, que tem 4,41 m de comprimento, 1,82 m de largura, 1,66 m de altura e 2,64 m de entre-eixos.
Um chinês sendo vendido pela Ford no Brasil?
Para se instalar na China, fabricantes ocidentais precisam se associar às empresas chinesas. Essa regra, que vale até 2022, fez com que muitas marcas chinesas tivessem acesso a tecnologias e processos de produção.
O movimento mais comum é ver fabricantes chineses usando projetos das marcas internacionais. É o caso do Lynk & Co 01 e do Geely Borui GE, ambos baseados na mesma plataforma CMA do Volvo XC40.
A Ford fez o contrário. Com as vendas em baixa, recorreu à sua parceira para ter um SUV interessante e barato sem muito esforço.
Não por acaso, é justamente o que a Ford precisa no Brasil. Hoje vive dos bons números de vendas do Ka e do EcoSport, mas o Fiesta vende pouco e o Focus sairá de linha no ano que vem.
Importar ou produzir localmente o Kuga/Escape, seu SUV médio para Estados Unidos e Europa, seria caro e demorado. Ficaria difícil ter preços competitivos para concorrer com o Jeep Compass, SUV mais vendido no Brasil hoje.
No Brasil, o Ford Territory poderia ajudar a marca a dar uma respirada. Importar da China ou montar no Brasil em CKD custaria pouco à Ford, que teria uma grande margem de lucro posicionando ele acima do EcoSport, na faixa dos R$ 100 mil.
A marca não confirma o lançamento do Territory no Brasil, mas não esconde que já estudou a faixa de preço onde pode colocar ele. Mas, se vier, será apenas a partir do segundo semestre de 2019.
Difícil será convencer o brasileiro a comprar um Ford que não é Ford.