Os novos carros que a Maserati prepara para se reinventar – mais uma vez
A Maserati está em uma espiral de queda e os planos de relançamento não produziram efeitos. Agora um novo projeto está em curso para salvar a marca
De meia dúzia em meia dúzia de anos acontece: a Maserati tenta se reinventar. Normalmente há uma pequena reação positiva do mercado no primeiro e no segundo ano após o início do “plano de salvação”, mas logo a seguir tudo volta ao mesmo.
Os dois sedãs esportivos Ghibli e Quattroporte – apresentados lá se vão sete anos – e o SUV Levante, de 2016, começaram por conseguir reanimar as vendas da Maserati, mas o estímulo durou pouco e o projetado volume de produção anual de 100.000 unidades não chegou sequer a 20% (em 2019, foram comercializados precisamente 19.300 carros em todo o mundo).
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Novo plano elaborado, naturalmente afetado pela pandemia que provocou já um atraso de meio ano, os italianos voltam a respirar fundo para um novo projeto de recuperação em todos os níveis: “Este é o tempo para ter coragem”, dizem os executivos da marca, ainda que tenha mais a ver com o fato de estarem entre a espada e a parede.
Aprendendo com os erros
O plano é anunciado, glamourosamente, como “folgore” (fulgor, brilho, em italiano), que é realmente do que a Maserati precisa – ou seja, de consistência e determinação para criar um portfólio muito mais completo e dinâmico. O próprio CEO da FCA, Mike Manley, admite que “projetar ciclos de vida de oito anos foi um erro, porque, neste mundo rápido em que vivemos, poucos produtos podem sobreviver e se manter atrativos durante tanto tempo”.
Por aqui, talvez a fusão com a PSA (que estará selada, ao que tudo indica, até meados de 2021) e a entrada em ação de Carlos Tavares (o português que pegou o falido Grupo Peugeot-Citroën e o transformou em um dos mais lucrativos fabricantes de automóveis do mundo em poucos anos) sejam benéficas para garantir que existe uma estratégia de longo prazo técnica e economicamente bem fundamentada e, ainda mais crucial, que seja cumprida.
Muitos planos, poucas ações
Há uma mão cheia de anos, o falecido CEO da Fiat Chrysler Automobiles (FCA), Sergio Marchionne, definiu que a Maserati seria a líder em tecnologia de propulsão elétrica dentro do grupo, mas a verdade é que pouco aconteceu para que isso fosse realidade e todos os Tesla e Taycan deste mundo ultrapassaram os Maserati, pela esquerda e pela direita, na autoestrada da eletromobilidade.
No entanto, parece que agora vai mesmo acontecer e, em 2022, a Maserati quer ter no mercado os novos GranTurismo e GranCabrio 100% elétricos, mas a verdade é que apenas se sabe que o par está em desenvolvimento em Modena, na região da Emilia-Romagna, e que ambos serão fabricados em Grugliasco, no Piemonte.
É muito pouca informação, tendo em vista que os novos modelos já deveriam estar na fase de testes de validação se a marca italiana quer realmente ter os carros prontos dentro de cerca de 18 meses.
Acresce que este mundo dos carros elétricos é território totalmente virgem para a Maserati, que acaba de revelar o Ghibli Hybrid, que terá a companhia do Levante Hybrid no ano que vem, mas que ao contrário do que seria de esperar (ou, pelo menos, recomendável…) não é um plug-in, mas um híbrido leve.
Enquanto marcas como BMW oferecem seus modelos com tecnologia 48V sem fazer grande alarde por isso, a Maserati parece ter despertado de um longo período de hibernação quando o seu presidente, Davide Grasso, anuncia que a marca do tridente terá uma versão eletrificada no futuro, algo que nós cansamos de ouvir de quase todos os fabricantes de automóveis, há meia dúzia de anos…
MC20 elétrico
Há, pelo menos, um pouco mais de informação em relação ao superesportivo MC20, que acaba de ser apresentado mundialmente, cuja produção arranca ainda este ano e que receberá a companhia de uma versão conversível (Spyder) nos próximos 12 a 18 meses.
Só depois chegará um MC20 totalmente elétrico, o que é sinalizado na versão térmica pelas raras tomadas de ar para refrigeração, já que estas são praticamente supérfluas na propulsão elétrica. Ainda assim, a tecnologia de três motores elétricos (sendo um na frente e dois atrás, como o Audi e-Tron S) e um sistema de 800 volts com inversores de silício carbono criam alguma expectativa.
Importante será a chegada, dentro de um ano, de um segundo SUV, um pouco menor do que o Levante, cujo rival mais direto será o Porsche Macan. Terá versões a gasolina e, mais tarde, 100% elétrica e usará a base técnica do Alfa Romeo Stelvio, que terá que sofrer algumas adaptações para poder receber as grandes baterias que o alimentam. Esse já tem nome: vai se chamar Grecale, um dos oito ventos que sopram do Mar Mediterrâneo, tal como outros Maserati (Levante, Mistral…).
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