Paíto Motors: não existe crise na maior loja de superesportivos do Brasil
Uma das dez maiores lojas de superesportivos do planeta fica em Araras, no interior de São Paulo. Ali são vendidos os carros mais caros que se pode comprar
Araras é um pequeno município do interior paulista que fica a 150 km da capital. A cidade, que tem cerca de 130.000 habitantes, é a localização de uma das maiores lojas de carros superesportivos do mundo, a Paíto Motors, que, desde 2003, trabalha somente com o mercado premium e superpremium de automóveis.
São 5.000 metros de área de terreno e 3.000 metros de área construída. A loja conta com tudo o que você imagina, desde centro estético para preparação dos carros e heliponto até um estúdio especialmente projetado para fotografia automotiva.
Um perfumista desenvolveu o aroma que exala no sistema de ar-condicionado exclusivamente para a loja. Ao todo, são 36 funcionários na operação. A loja conta ainda com seis caminhões guincho fechados, com plataforma sider para as entregas.
O estoque é dividido em dois espaços, o primeiro para carros premium. Se você quer um Audi RS6, Mercedes-AMG C63, BMW M3, Porsche Cayenne, ou até mesmo um BMW X1 Blindado seminovo em ótimas condições, é ali que vai encontrar.
Agora, se você procura algo único, exclusivo, de baixa produção e que ultrapasse os 300 km/h, é melhor entrar no outro showroom: o dos superesportivos. E se prepare para cair da cadeira. Não tem como não ficar impressionado.
No salão fechado, com um bar central, se encontram os carros mais caros, raros e rápidos que existem. Porsche GT2, GT3 ou até mesmo um ultraexclusivo 918? Lá você vai encontrar. Ferrari? Pode escolher, tem a 488 Pista, 599 GTB, F12 ou até uma Testarossa vintage.
Se estiver atrás de um Lamborghini, você pode escolher a cor. Se é apreciador de carros ingleses tem também algumas McLaren ali no canto. Prefere SUV? Vá de G63 da Mercedes-AMG. Mas se precisar de um sedã de alto luxo, talvez um Bentley lhe caia bem.
Agora, se o carro que você quer não estiver no showroom, não tem problema, a loja importa para você. E promete a entrega em tempo recorde. Foi o que aconteceu com o Porsche 918 (das cinco unidades desse modelo existentes no Brasil, a Paíto trouxe duas) e o Lamborghini SVJ, que vieram de avião.
A loja também importou carros elétricos da Tesla e até um Bentley Bentayga, o primeiro a desembarcar por aqui, até onde se tem notícia. Mas atenção: recuperado da visão das máquinas todas juntas, você vai precisar de outro tipo de fôlego para sair dali com seu brinquedo novo.
Estamos falando de carros que partem de R$ 800.000 e ultrapassam os R$ 2.000.000, com a mesma velocidade que alcançam nas pistas. A Paíto já recebeu barco, imóvel e até helicóptero como pagamento de alguns bólidos. Além de outros carros que entram na troca. “Estamos aqui para atender o cliente e fazer negócio”, diz o dono, Paíto.
A loja e as histórias que se passam dentro dela podem parecer ficção para muitos. Mas não é. O mercado de luxo no Brasil sempre foi reconhecido como um dos maiores do planeta. Aqui vende-se mais Ferrari e Porsche que na grande maioria dos mercados do mundo, segundo especialistas que acompanham o mercado.
E se você acha que com a pandemia os negócios entraram em crise, está redondamente enganado. Este ano, uma marca como a Porsche do Brasil teve um crescimento de 90% comparado ao mesmo período de 2019 no Brasil.
A BMW vendeu todas as nove unidades do M8 Gran Coupé First Edition, que vai trazer para o Brasil, na abertura da pré-venda. Preço? R$ 1.150.000 (veja o carro na página 114). E o mesmo aconteceu com a Mercedes-AMG em relação ao AMG GT, que terá cerca de dez unidades importadas para cá. Detalhe: esse carro só chega em 2021.
A Paíto Motors teve um crescimento de 30% nas vendas este ano. E a explicação de Paíto Boldrin é simples. Ele acredita que o consumidor de um carro superexclusivo tem um perfil conservador e sempre protela esse tipo de investimento, mas, com a pandemia, seu modo de enxergar a vida mudou, ele quer viver o agora, curtir, realizar seu sonho antes que seja tarde demais.
Esse cliente, porém, quer muito mais do que um carro novo em uma loja linda. Para atendê-lo, é preciso estar atento a todos os detalhes possíveis e imagináveis. E é aí que a Paíto Motors se destaca, segundo o proprietário, que diz tratar seus clientes como amigos e o pós-venda é algo levado a sério. O serviço vai desde zelar pela manutenção dos carros até o socorro para o carro e para o cliente em uma necessidade.
Os clientes se tornam tão fiéis que é muito comum ver carros que foram vendidos pela Paíto voltando ao estoque da loja, tempos depois, como parte do pagamento de um outro modelo novo. Paíto Boldrin é reservado, mas ele conhece o gosto, a preferência e as manias de cada um.
Ele sabe, por exemplo, que há os colecionadores que chegam a comprar 20 carros por ano, e os que trocam de automóvel com frequência. Um deles chegou a fazer isso 18 vezes no ano.
Para entender um pouco mais sobre essa miragem no meio de uma pequena cidade do interior, é preciso conhecer seu criador. Com 41 anos atualmente, Paíto trabalha há 18 no mercado de carros “diferentes”.
Seu pai é do ramo de automóveis, trabalhando há 55 anos em diferentes concessionárias de marcas como Mitsubishi, Ford e Fiat. Depois que se formou em administração, na Universidade Mackenzie, em São Paulo, Paíto estagiou em praticamente todos os setores do comércio de veículos, segundo ele, antes de voltar para Araras e iniciar o seu negócio.
“Nunca tive um carro que não estivesse à venda”, afirma. “O primeiro carro que meu pai me deu, encontrei um comprador e não pensei duas vezes”, lembra. “Ele ficou chateado, mas depois reconsiderou porque viu que fiz um bom negócio.”
Depois, com o capital que veio da venda do carro do irmão, ele começou a comprar e vender automóveis para os amigos. O primeiro carro exótico veio em 2002, um Porsche Boxster 1997. “Vendi tudo o que eu tinha e ainda fiquei devendo.
” Aos poucos, o negócio foi crescendo e em 2003 nasceu a Paíto Motors, em um imóvel emprestado do pai. A loja começou a funcionar, sempre focando em carros um pouco diferentes para o padrão da cidade.
Em 2004, veio a primeira Ferrari, uma Modena 360 vermelha ano 2001, o dono era de Campo Grande, e o carro ficava em São Paulo para ele passear nos finais de semana. “Também fizemos um esforço financeiro enorme, mas conseguimos comprá-la e as coisas foram acontecendo com o volume de veículos vendidos crescendo, carros cada vez mais exóticos.”
Nos 17 anos de existência, a Paíto já comercializou mais de 10.000 modelos e, no que depender de Paíto e de seus clientes, vem muito mais por aí. A nova meta do vendedor é trazer um exemplar do Bugatti Chiron para o Brasil.
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