Peças de Strada, Argo e Toro: este Fiat Uno é o mais moderno do Brasil
Além de reformas mecânicas e estruturais, o modelo ganhou a central multimídia do Fiat Argo, o volante da nova Strada e start stop com partida remota
A história do Fiat Uno está chegando ao fim com o lançamento do Fiat Uno Ciao, série de despedida (e limitada a apenas 250 unidades) do icônico hatch lançado em 1984. Mas nem mesmo os últimos exemplares do compacto são tão completos quanto o Fiat Uno Mille 2004 do mineiro Wagner Amâncio.
Essa história começou há quatro anos, mais especificamente em novembro de 2017. Foi quando Wagner decidiu trocar sua moto Honda CB300R no compacto. O começo, vale dizer, foi bem conturbado, com risco de uma separação definitiva por duas vezes consecutivas.
“Foi uma troca meio louca, ‘no escuro’, como dizem. Não vistoriei muito bem o carro”, conta Amâncio. A falta de vistoria cobrou o preço: o hatch estava em péssimo estado, com pontos de ferrugem nos para-lamas e em uma longarina, para-choques e faróis quebrados, pneus ruins e pintura comprometida.
“Fiquei muito chateado e desanimado depois que vi a situação real do carro. Pensei em devolver, mas já tinha assinado o recibo e foi uma troca ‘chave na chave’, então resolvi seguir com ele”, completou.
A partir daí, Wagner começou a deixar o carro com a sua cara. Comprou pneus novos, rodas de liga leve de 13 polegadas originais (para substituir as rodas de aço com calotas que imitavam as rodas da antiga Palio Weekend Adventure), trocou para-choques, para-lamas e colocou as molduras da caixa de rodas do Mille Way, lançado anos depois da produção deste Uno.
Até onde os olhos enxergam, tudo estava indo muito bem. Porém, o motor ainda não estava nas melhores condições. Wagner colocou a mão na massa e retificou, ele mesmo, com a ajuda do pai, o motor 1.0 Fire de 55 cv e 8,5 kgfm. Não foram feitas modificações mecânicas, permanecendo o conjunto original.
Uno ou Argo?
Antes da personalização, porém, o interior foi todo desmontado para o tratamento da ferrugem. Ele também recebeu um revestimento de manta asfáltica e feltro que, segundo o dono, garante um isolamento acústico e térmico que o Fiat Uno nunca teve.
“Até então, a minha intenção era deixar o Uno todo original. Porém, achava os bancos muito desconfortáveis e encontrei assentos dos Hyundai HB20 novos e com excelente preço, e partir daí segui customizando”, disse Wagner.
A troca do volante, que estava em péssimas condições, foi um capítulo à parte. “Acabei comprando o volante do Grand Siena com comandos de som, mas não tinha rádio. Queria mesmo era multimídia, mas não achava lugar no painel onde poderia adaptar. Até que um dia encontrei a central multimídia do Fiat Argo e ficou perfeito no painel do Mille”, diz.
A instalação da multimídia em um modelo que não foi projetado para isso foi uma verdadeira saga. Foram cinco meses de estudo para conseguir fazer funcionar. “Não achava nada na internet sobre a instalação, mas com a ajuda de um amigo e na base da gambiarra, conseguimos,” conta Wagner.
“Depois disso, comprei o volante da Fiat Toro e o start stop com partida remota, que deu vida nova pro carro. ”Mas, o volante da Toro durou pouco no Mille. Assim que a Nova Strada foi lançada, o volante da picapinha foi escolhido como o quarto modelo que o Mille teria em sua jornada.
Natural de Belo Horizonte (MG), Wagner, além de assistente executivo, também atua revendendo peças automotivas pela internet – o que favorece a customização do seu carro, já que ele tem acesso a preços menores.
Uma das mais recentes aquisições foi a grade customizada com a Fiat Flag (o símbolo com as cores da Itália, presente em todos os recentes lançamentos da marca), que Wagner utiliza apenas nos encontros de carros antigos.
“Posso dizer que se tivesse comprado todas as peças pelo valor de tabela teria gasto já uns R$ 15.000 – mais que o valor do próprio carro”, garantiu, sem dizer o gasto real.
Além dessa vantagem, Wagner criou, há um ano e meio, um perfil no Instagram para o Mille modernizado. A página @unomillesilveredition, onde ele mostra toda a evolução e as novidades do carro, já acumula mais de 10.000 seguidores.
“Só criei a conta graças ao incentivo dos amigos @unoredmille e @rafaadouno – que inclusive foi quem criou o nome do meu perfil – sem eles acho que não teria exposto o projeto”, diz.
Com a atuação no Instagram, Wagner conseguiu algumas parcerias com autopeças e tem ajudado outros amantes de Uno a modernizarem os seus carros. Segundo ele, é “bem gratificante”.
A intenção de Wagner é continuar investindo no Uno para torná-lo ainda mais moderno, até por ser o seu carro do dia a dia. E, não. Ele não pensa mais em se desfazer do tão amado Mille.