Com tradição no automobilismo brasileiro, em 2018, a Giaffone Racing decidiu expandir os negócios e iniciou o desenvolvimento de um carro de rali. O objetivo era fazer um veículo que fosse competitivo e barato de manter, para disputar entre os carros. Daí nasceu o Buggy V8.
A ideia começou a criar forma em ambiente digital e em menos de seis meses o carro já estava nas pistas. “O mais impressionante é que, com esse tempo tão curto de desenvolvimento, ele conquistou um pódio (terceiro lugar) já em sua primeira participação no Rally dos Sertões”, conta o coordenador de engenharia Denis Ramon.
Frente a frente com o veículo, me surpreendi com o seu tamanho, com quase 5 metros de comprimento de chassis tubular. O motor V8 6.2, por sua vez, impõe respeito como seus 360 cv de potência e 63 kgfm de torque, conectado a um câmbio manual de seis marchas com trocas sequenciais e tração 4×2 traseira.
Minha experiência com o Buggy estava apenas começando, porém. Confesso: eu imaginava que fazer esta reportagem exigiria de mim uma boa dose de sacrifício. Mas, felizmente, eu estava redondamente enganado.
Começando a 40 km/h para pegar a mão, logo percebi que meu test-drive seria bem diferente porque ao volante eu não sentia nenhuma imperfeição da pista.
Aumentando cada vez mais a velocidade, ao ponto de conseguir ver a roda dianteira do Buggy na altura do meu rosto, quando vencia algum obstáculo, e a suspensão (independente nas quatro rodas e amortecedores duplos) trabalhava de maneira eficiente.
A trilha se apresentava cheia de lombadas e depressões, enquanto o carro seguia estável, nivelado e sempre na mão como se fosse um BMW Série 7 em uma avenida recém-asfaltada.
Depois de minha experiência ao volante, rodei como passageiro, tendo o piloto Rubens Barrichello (da equipe RMattheis), no comando. Ele correu o Sertões pela primeira vez este ano, mas já abandonou a prova. Foi a terceira surpresa do dia (as outras duas foram o porte do carro e a suspensão).
Barrichello arrancou bruscamente e contornou a primeira curva com o carro de lado, para acelerar ainda mais na reta seguinte. Após dirigir e acompanhar Barrichello, fiquei achando que o Buggy é mesmo um forte candidato ao pódio.
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Barrichello fez duas especiais durante a competicação, uma delas uma das mais duras dos 28 anos de história de Sertões: um trecho cronometrado de 353 km com a travessia pelo temido Rio Bagagem. Veja mais no parceiro Grande Prêmio.
E já na primeira experiência do @rubarrichello em uma prova de rally ele teve que encarar o Rio Bagagem. pic.twitter.com/4x7cOAGDHN
— Sertões (@SertoesOficial) November 3, 2020
Ficha Técnica
RDK Sultan Buggy
Motor: gasolina, traseiro, longitudinal, V8, 32V, 6.200 cm3, 360 cv a 4.800 rpm, 63 kgfm a 4.100 rpm
Câmbio: manual sequencial, tração traseira
Suspensão: duplo A (diant.) e braços oscilantes (tras.)
Freios: disco ventilado nas quatro rodas
Direção: hidráulica
Rodas e pneus: alumínio, 35×12.50 R15 LT 113Q
Dimensões: comprimento, 485 cm; largura, 240 cm; altura, 170 cm; entre-eixos, 310 cm; peso, 1.700 kg; tanque, 299L
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