Por que a Argentina terá novo Peugeot 208 com motores 1.2 e o Brasil não
Fabricante francesa quer nova geração do compacto com posicionamento mais premium, mas motor turbo poderia deixá-lo caro demais
A Peugeot prepara para breve o lançamento da nova geração do 208 no Brasil (confira as primeiras impressões). Mas desta vez o compacto será vendido por aqui apenas em versões com motor 1.6 de 118 cv ou com um elétrico de 136 cv.
Quer dizer que a fabricante francesa abriu mão de usar o motor três-cilindros 1.2 PureTech tanto na versão turbo com injeção direta de 130 cv, presente na Europa, quanto na versão aspirada, de 90 cv, usada no Brasil desde 2016. E há motivos para isso.
No caso do 1.2 turbo o problema é custo. Os três-cilindros PureTech são fabricados na Europa e na China, e versão turbo e injeção direta é especialmente cara para ser importada em tempos de Real tão desvalorizado.
A solução seria a produção local, ou no Brasil (que produz o 1.6) ou na Argentina (onde o novo 208 é produzido). Mas é algo que a PSA ainda avalia fazer futuramente.
Não vender versão com motor 1.2 aspirado, porém, é uma questão estratégica da PSA (dona de Peugeot e Citroën) apenas para o Brasil.
Na Argentina, o novo 208 terá a versão de entrada Like com motor 1.2 aspirado e, a partir do início de 2021, a versão topo de linha GT Line, recém-confirmada. Esta será importada da França, sempre com motor 1.2 turbo e câmbio automático de seis marchas. Contudo, a versão elétrica não será vendida por lá.
Sem canibalização
A empresa decidiu que, pelo menos no Brasil, Peugeot e Citroën terão produtos complementares sempre que possível.
A exceção, por enquanto, diz respeito aos SUVs compactos Peugeot 2008 e Citroën C4 Cactus. Hoje o Cactus tem mais equipamentos e é mais caro, mas o 2008 logo terá nova geração no Brasil e será posicionado acima dele.
Se a Peugeot explora o segmento de SUVs médios com 3008 e 5008, abriu mão de vender os médios 308 e 408 no Brasil, e deu espaço para o sedã Citroën C4 Lounge.
No outro extremo da gama, o novo Peugeot 208 terá posicionamento de compacto premium, sempre com motor 1.6 e câmbio automático (por sinal, 2008 e C4 Cactus também não têm opção manual). Isso também explica a ausência de versões com rodas de aço e calotas, e sem luzes diurnas de leds.
Já o Citroën C3 seguirá à venda como carro de entrada do grupo PSA. E é justamente o C3 Attraction (R$ 59.690) o único com motor 1.2 aspirado atualmente – o Attraction 1.6 (R$ 68.690) também é automático. Mas apenas por enquanto.
A lógica de complementaridade seguirá mesmo quando a Citroën apresentar sua nova família de compactos, que será produzida no Brasil. Ela será baseada na mesma plataforma CMP do novo 208, mas em versão simplificada.
Recentemente a PSA anunciou que já produz a plataforma CMP em Porto Real (RJ). Mas o que será feito sobre ela exatamente ainda não foi confirmado pela fabricante.
QUATRO RODAS entende que são três os carros da Citroën. Um seria um novo hatch, possivelmente uma nova geração do C3; o segundo, um sedã compacto derivado do C3 para encarar VW Virtus e Chevrolet Onix Plus; o terceiro, um hatch altinho com pinta de SUV para o lugar do Aircross – que segue à venda, diga-se.
O lançamento deles está previsto para acontecer ao longo de 2021 e 2022. Eles serão produzidos e vendidos em outros países em desenvolvimento, como a Índia.
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