Por R$ 204.990, Chevrolet Equinox RS é o típico SUV que vive de aparências
Apesar do visual, o modelo mantém o motor 1.5 turbo de 172 cv, muito espaço e um rodar macio clássico de um carro destinado aos Estados Unidos
Depois dos hatches Onix e Cruze, chegou a vez de os SUVs da Chevrolet começarem a ganhar a versão RS, de apelo esportivo. A configuração passa a ser a porta de entrada e o destaque do novo Equinox, que recebe atualizações visuais e tecnológicas na linha 2022. O Equinox RS tem preço sugerido de R$ 204.990, enquanto a outra versão disponível, Premier, sai por R$ 221.990.
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Assim como nos irmãos menores, o Equinox RS vive de aparências. Isso não quer dizer que o SUV não tenha um bom desempenho, muito pelo contrário: segundo a Chevrolet, ele acelera de 0 a 100 km/h em 9,2 segundos, bom número para um carro com 4,65 metros de comprimento e mais de 1.500 kg.
Porém, a sigla RS não adiciona nenhuma pimenta na mecânica, mantendo o motor 1.5 turbo de 172 cv e 27,8 kgfm, que é acompanhado de um câmbio automático de seis marchas. Ou seja, nem mesmo a configuração “esportiva” resgatou o antigo motor 2.0 turbo de 262 cv, com desempenho exemplar, mas que deixou de ser oferecido em 2021.
Vale dizer que o Equinox RS tem tração dianteira, enquanto a versão topo de linha, Premier, é equipada com tração integral.
De volta ao desempenho, o SUV não passa vergonha e tem uma atuação suficiente nas acelerações, com boas arrancadas e facilidade nas ultrapassagens. O correto escalonamento do câmbio, de trocas rápidas, também não deixa que o Equinox passe a sensação de peso ou letargia.
O comportamento de carro americano aparece em outros pontos da dirigibilidade do Equinox, que une o desempenho a um rodar confortável. A direção tem peso mediano e é voltada ao conforto, assim como a suspensão, que absorve bem as imperfeições do solo e passa longe de pancadas, transmitindo um balanço suave aos ocupantes, mesmo com rodas grandes (aro 19) e pneus de perfil baixo (235/50). Bom para viajar e para encarar ruas esburacadas nos centros urbanos, mas não para se fazer curvas fechadas com muita empolgação.
Mais uma característica americana vem na frenagem do SUV, com pedal pouco sensível. É preciso pisar mais fundo para sentir, de fato, o trabalho dos freios – desavisados poderão se assustar nas primeiras frenagens.
Mesmo com a boa dirigibilidade e uma facilidade de se encontrar a posição ideal para dirigir, um detalhe incomoda em movimento. O quadro de instrumentos fica alocado em uma posição muito baixa e profunda no painel, obrigando o motorista a desviar o olhar do trajeto além do comum. Um head-up display resolveria o problema.
Além disso, ele é composto por uma pequena tela colorida ao centro, com predominância de mostradores ainda analógicos, em plena era de quadros digitais, presentes em todos os seus concorrentes. Outro ponto de atenção fica para o precipitado alerta de colisão, que entra em ação com alertas sonoros e visuais até com carros estacionados.
Ainda na convivência com o Equinox, o quesito espaço passa ileso de críticas. Quem vai atrás tem lugar suficiente até para cruzar as pernas, mesmo que pessoas com mais de 1,80 metro estejam nos bancos dianteiros. Caso alguém precise ocupar o assento central, o assoalho plano ajudará na acomodação dos pés, ainda que o console com as saídas de ar-condicionado invada um pouco o espaço dedicado às pernas deste passageiro.
O porta-malas tem bons 468 litros de capacidade, mais do que os 440 l de um rival como o Toyota Corolla Cross, mas menos do que os 476 l de outro concorrente como o Jeep Compass.
No acabamento, o Equinox tem altos e baixos, como no Cruze. Há materiais de qualidade, emborrachados, e boa montagem. No entanto, o desenho do painel já sente o peso da idade e pede uma renovação. A versão RS foca no preto para reforçar a vocação esportiva, com detalhes em vermelho, como nas costuras dos bancos, do volante e do painel. Há também cromos escurecidos.
Por fora, o novo Equinox tem mudanças por toda parte, mas com prioridade para a dianteira. Ele adota faróis que são invadidos pela grade, que divide a peça em duas seções. Como exclusividades da versão RS, as setas ficam no para-choque e os faróis de LED são de refletores (contra projetores na Premier).
A grade também tem trama de colmeia e os cromados assumem um tom escurecido. O logo RS ganha destaque no canto direito e a gravatinha da Chevrolet é preta.
Atrás, as lanternas de LED têm novo arranjo interno e para-choque redesenhado, com a porção inferior pintada na cor da carroceria, na intenção de rebaixar visualmente o SUV. Não há saídas de escape aparentes. Já na lateral, além do nome do modelo em preto, as rodas de 19 polegadas também têm pintura escurecida.
Pacote completo
Entre os equipamentos, o Equinox RS vai bem, equipado com ar-condicionado bizona, seis airbags, frenagem automática, alerta de pontos cegos, sistema de monitoramento de pressão dos pneus, sistema de permanência em faixa, faróis com facho alto adaptativo, freio de estacionamento eletrônico, sistema de estacionamento semiautônomo e banco do motorista com ajustes elétricos.
O sistema multimídia, com tela de 8 polegadas, tem Android Auto e Apple CarPlay com projeção sem fio, Wi-Fi, além de Spotify nativo e a presença da assistente virtual Alexa.
Na prática, o pacote do RS é suficiente. A versão Premier acrescenta bons itens, mas de relevância menor do que os já presentes, entre eles teto solar, porta-malas elétrico, partida do motor pela chave, sistema de som Bose, faróis de neblina, carregador de celulares por indução, assistente de velocidade em declives (pela tração AWD) e banco do motorista com duas memórias de regulagem.
É fato que, por ter uma quantidade reduzida de unidades importadas, o Equinox nunca incomodará rivais no mercado brasileiro, como Jeep Compass e Toyota Corolla Cross, de fabricação local. Porém, dotado de bons equipamentos, desempenho afiado, muito conforto e espaço de sobra, ele mostra que tem competência para ser uma alternativa menos óbvia em um segmento tão exigente.
Basta que seus possíveis compradores ignorem pontos como o interior defasado e um mercado não tão atraente na revenda – mesmo que ele seja o atual carro de passeio da Chevrolet mais vendido no mundo.
Veredicto
Apesar dos deslizes causados pela idade, o Equinox ainda é uma forte opção para se fugir do óbvio entre os SUVs médios, com segurança, muito espaço, conforto e bom desempenho.
Ficha Técnica – Chevrolet Equinox RS
Preço: R$ 204.990
Motor: gasolina, dianteiro, 4 cilindros 16V, injeção direta, turbo, 1.490 cm³; 172 cv a 5.600 rpm, 27,8 kgfm entre 2.000 e 4.000 rpm
Câmbio: automático, 6 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: independente McPherson (diant.), multilink (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), disco sólido (tras.)
Pneus: 235/50 R19
Dimensões: comprimento, 465,2 cm; largura, 210,5 cm; altura, 169,7 cm; entre-eixos, 272,5 cm; peso, 1.561 kg; porta-malas, 468 l; tanque, 56,3 l
Desempenho*: 0 a 100 km/h, 9,2 s; velocidade máxima, n/d.
*Dados de fábrica