O Vision Pro mal foi lançado, mas os óculos de realidade aumentada da Apple já estão rendendo bastante. Pela internet, não faltam ideias ou experiências que vislumbram diversas aplicações cotidianas para a tecnologia; e é óbvio que dirigir é uma delas.
Em poucos dias, várias pessoas já gravaram vídeos usando o Vision Pro ao volante. Os carros da Tesla são os preferidos, unindo o “piloto automático” dos carros elétricos aos óculos numa representação ideal da tecnologia do futuro. A prática, claro, ainda é perigosa e ilegal em todos os casos que, até agora, apareceram nas redes sociais.
A própria Apple ressalta que o aparelho não deve ser usado ao ar livre e que dirigir com um na cabeça é ainda pior. Isso porque o usuário não está enxergando diretamente através do vidro, mas pelas câmeras que ficam em cada olho. A imagem é de alta resolução, mas vê bem menos que os olhos em ambientes escuros e, caso a bateria acabe, por exemplo, o motorista ficaria sem ver nada até retirar os óculos.
Ainda não há legislação específica para essa tecnologia, e as fronteiras entre o uso prudente e irresponsável nem sempre são claras. Praticamente todos os estados dos EUA, entretanto, têm legislações que podem ser usadas para multar quem dirige com um Vision Pro. Uma suposta autuação até ganhou as redes, mas revelou-se apenas uma pegadinha:
Just hours after its release, people are already utilizing the Apple Vision Pro for driving – it’s quite astonishing how eager people are. pic.twitter.com/GRgQv20Wwj
— Trolls Gay (@TrollsGay) February 3, 2024
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No caso do Código de Trânsito Brasileiro, a Resolução 2422/2007 do Contran veio muito antes da realidade virtual e aumentada ser realidade, mas já deixou claro: “fica proibida a instalação, em veículo automotor, de equipamento capaz de gerar imagens para fins de entretenimento” caso, em movimento, o motorista consiga enxergar o conteúdo.
Perceba que não há menção a telas, mas sim ao conteúdo em si. Dessa forma, quem dirigir com um Vision Pro no Brasil pode receber multa de R$ 195,23 e cinco pontos na carteira.
Nem sempre é proibido
Mas já há previsões legais para usar a tecnologia, e isso é possível graças… a mais tecnologia. Afinal de contas, em alguns lugares dos EUA e na Alemanha já são vendidos carros com automação de nível 3. Não à toa, Mercedes e BMW só habilitam a função onde há adaptação das leis para tal.
Nesses casos, é legalmente permitido ao mostrar tirar os olhos da estrada e se preocupar com outra coisa, desde que ele possa retomar o volante se requisitado pelo computador. É tempo mais do que suficiente para retirar o gadget e assumir o comando do veículo. Não é boa ideia, porém, aumentar demais o volume do aparelho já que isso pode abafar os alertas sonoros.
Para quem está no carona, por outro lado, não há problema algum na prática. Inclusive, já há quem não largue mão de utilizar o computador “virtual” na estrada: há vantagens como não se atrapalhar com sacolejos que prejudicam o uso do teclado físico e a sensação bem “Black Mirror” de ver as páginas projetadas no mundo real.
No futuro, será possível até fazer consertos enxergando as instruções bem nas peças que devem ser mexidas. Mas, por enquanto, parece uma boa ideia a cautela nas experiências a bordo. O Apple Vision Pro tem um modo Viagem para ser utilizado no avião, mas a própria Apple explica que os sensores podem se confundir com as janelas e variações de velocidade. No carro, a tendência é que isso seja bem acentuado.