Durante os últimos meses, a Citroën vem enfrentando problemas com o C3. Seu produto mais recente e que inaugurou uma nova fase da marca no Brasil, passou por uma série de campanhas para correção de defeitos de fabricação.
Entre outubro de 2022 e maio de 2023 foram ao menos 15 campanhas para o reparo de problemas técnicos, que vão desde a atualização do software de mídia até a regulagem dos faróis e substituição de chicotes elétricos.
A mais recente delas data o dia 04 de maio, última quinta-feira, e suspendeu a entrega de unidades do C3 devido a uma possível má instalação dos chicotes dos sensores do freio ABS traseiro.
Ações como essa são comuns e acontecem com todas as montadoras. Porém, o que chama a atenção neste caso da Citroën é a frequência que elas ocorrem. Fontes ligadas às concessionárias Citroën relataram a QUATRO RODAS que episódios como esse já viraram rotina. “Mais um dia normal”, alegou uma delas. “Carro que não está listado na campanha, entrega normal. Carro que já foi entregue, segura na mão de Deus e vai”, comentou a fonte.
A recorrência vem trazendo insatisfação não só dos consumidores, como também das concessionárias. No último dia 02, antes mesmo da campanha para inspeção dos sensores do ABS ser notificada, às associações de concessionários da Peugeot, que também se sentem prejudicados por problemas de atendimento ao cliente, e da Citroën do Brasil (Abracop e Abracit) notificaram formalmente o Grupo Stellantis sobre a falta de qualidade dos produtos, em especial o C3.
Na carta, as associações reclamam que “a falta recorrente de peças e problemas de qualidade dos veículos” estariam “maculando a imagem das marcas” e “afastando os tão desejados clientes das lojas.” O documento também diz que esses problemas já foram notificados outras vezes, mas que apesar dos esforços, as medidas tomadas para corrigi-los não vêm sendo efetivas.
“Em algumas dessas campanhas, não existem peças disponíveis para substituição, o que ratifica a falta de qualidade do produto, o que interfere na reconstrução da imagem das marcas de forma positiva perante os nossos clientes,” diz um trecho da carta.
Como o documento publicado pelo concessionários destaca, a insatisfação dos proprietários pode ser vista nas redes sociais da Citroën. Na postagem do Instagram sobre o novo C3 citada na carta, clientes reclamam e alertam para a má qualidade dos produtos. “A montadora Citroën é um engodo. Sinto-me lesada e não obtenho sequer uma resposta. Comprei um C3 Fell 1.0 na Saga em Uberlândia, MG, em outubro de 2022, com todos os problemas possíveis”, reclamou um dos clientes.
A carta cita ainda que no canal Reclame Aqui, a Citroën é ranqueada como “Não Recomendada”, pois não responde a pelo menos 50% das reclamações do site. Os concessionários reclamam: “questionamos se a gestão dos clientes das marcas Peugeot e Citroën esta sendo feita somente através das penalizações das concessionárias, uma vez que os canais das mídias sociais mais importantes (acima citados), nos demonstram não estarem sendo tratados/monitorados de forma adequada.”
As associações cobram com caráter de urgência soluções para os problemas de falta de peças, diagnósticos e qualidade dos produtos. Além disso, também exigem que Citroën e Peugeot assumam total responsabilidade pelas falhas e/ou defeitos de fabricação observados nos veículos fornecidos às concessionárias.
Elas também exigem que as marcas assumem todos os custos de reparação e que paguem os bônus retroativos, além de excluírem todas as pesquisas de qualidade já realizadas no período de um ano, como também as futuras e que tenham como origem os problemas arla, falta de peças, diagnóstico e carro reserva.
Os concessionários cobram um posicionamento imediato e ameaçam acionar a justiça caso essas ou outras exigências não sejam atendidas.
Em nota, o Grupo Stellantis emitiu o seguinte posicionamento: “A Stellantis detém os mais rígidos testes de qualidade, alinhados com as melhores práticas globais. Inconvenientes pontuais de abastecimento de peças são tratados e corrigidos com a maior velocidade possível.”
*Colaborou para essa reportagem: Waldez Carmo Amorim, Eduardo Passos, Fernando Pedroso e Isadora Carvalho