Randon lança carreta híbrida plug-in que reduz consumo do caminhão em 25%
Motor elétrico é montado no implemento e pode transformar qualquer cavalo-mecânico em híbrido. Próximo passo é usar energia solar para recarregar baterias
Se caminhões elétricos ainda estão distantes da realidade das estradas brasileiras, a Randon, maior fabricante de reboques e semirreboques da América Latina, está lançando na Fenatran uma carreta eletrificada que promete transformar qualquer caminhão em híbrido e reduzir seu consumo em até 25%. E pode usar até energia solar para ser recarregada.
Há duas tecnologias por trás disso. Uma delas é o chamado E-Sys, um eixo com motor elétrico montado na carreta com um sistema elétrico totalmente independente do caminhão.
Este motor elétrico tem 209 cv e 102 kgfm, e é capaz tanto de auxiliar o caminhão em subidas e ultrapassagens, quanto de recuperar a energia em descidas e frenagens ao mesmo tempo que auxilia os sistemas de freio de serviço ou freio-motor do caminhão. Ou seja, funciona quase como um carro híbrido plug-in, como um Jeep Compass 4xe.
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A energia é acumulada em uma bateria montada entre as longarinas da carreta de 600V e 52 kWh, e também pode ser recarregada em tomadas industriais quando estiver parada. O mais interessante é que o funcionamento do sistema é completamente independente do caminhão que traciona o implemento híbrido.
Cabe a um algoritmo auxiliado por sensores reconhecer os momentos de aceleração e redução de velocidade do caminhão, e se está fazendo curvas ou não, para decidir se o motor elétrico auxiliará a impulsionar o caminhão. A Randon inclusive reforça que há sistemas redundantes para a segurança do sistema para evitar, por exemplo, que o motor elétrico atue na iminência de um acidente.
A única conexão com o motorista, na cabine, é sem fio. Há um sistema, que inclusive pode ser instalado na central multimídia, que permite o monitoramento de dados
no sistema híbrido e a adoção de modos de funcionamento 100% elétrico ou híbrido. Ele ainda armazena os dados mesmo com a energia desligada.
O lado bom é que a carreta com o E-Sys poderá ser usada em qualquer caminhão onde for montado. Então qualquer cavalo-mecânico poderia se tornar híbrido.
Este sistema foi apresentado na última Fenatran, em 2019, ainda como um protótipo e após testes em operações está sendo lançado no evento deste ano. Foi nos testes que a empresa chegou ao resultado de 25% na redução de consumo de combustível. O custo do sistema híbrido é de R$ 571.000, fora o preço do implemento.
Este valor também não considera os painéis solares montados na carreta frigorífica apresentada no stand da Randon e que ainda estão em teste. Esta é a próxima evolução do sistema: usar a energia solar para recarregar a bateria do sistema híbrido, que no caso da carreta frigorífica também é compartilhada com o sistema de refrigeração.
Acontece que carretas frigoríficas tradicionais dependem do funcionamento do motor do caminhão para manter a temperatura no compartimento de carga. Ou seja: quando o caminhão está parado, ou o motor precisa ficar ligado ou o implemento precisará estar conectado à energia elétrica – o que também evita o barulho do motor.
Os painéis solares garantem autonomia elétrica para o sistema. Eles podem ser montados nas duas laterais e também no teto do baú frigorífico, são flexíveis e têm potência de até 15 kW. São até 11.500 kW por ano, o que, de acordo com a empresa, representa uma economia de 1.800 litros de diesel no período.
A energia é acumulada na mesma bateria do sistema híbrido E-Sys. Ou seja, a recarga da bateria pode ser feita tanto pela frenagem regenerativa quanto por energia solar. A bateria, sozinha, pode garantir 5 horas de funcionamento do sistema frigorífico em temperatura de congelamento, que é a que mais exige energia.
Como ainda está em testes, o conjunto de painéis solares ainda não têm preço.