A Renault apresentou o Mégane eVision, conceito que antecipa a nova geração de seu longevo hatch médio. Ou quase isso. Além de antecipar uma novíssima plataforma para carros elétricos, ele parece estar caminhando para se transformar em crossover.
O design altamente tecnológico é inspirado no carro-conceito MORPHOZ e foi concebido sobre a plataforma modular CMF-EV, fabricada pela Nissan, o que aponta para toda uma família Mégane elétrica.
Por fora, o Mégane eVision logo chama atenção pelos os faróis full-led adaptativos, capazes de projetar luz em formas e intensidade variável. Dispostos em esquema tridimensional, assim como as lanternas traseiras, eles se assemelham à silhueta de diamantes, gerando uma paralaxe conforme o ângulo de visão.
De frente, os diodos parecem apenas uma série de linhas verticais paralelas, tal como o esquema da grade dianteira, adornada por para-choques dourados. Em ângulo, há o efeito de triângulos inclinados.
A assinatura luminosa do carro também se destaca nos emblemas da marca, envoltos por leds — brancos na frente e vermelhos atrás — cuja intensidade varia conforme a carga da bateria. Além disso, faixas luminosas contornam as laterais do teto e reforçam as linhas do habitáculo.
Um dos destaques do Mégane eVision é a ausência de coluna central e o suposto uso de portas suicidas, a fim de otimizar o espaço interno. Além disso, a falta de maçanetas aparentes nas portas traseiras sugerem o uso de mecanismos retráteis.
Outra ausência notável é a de retrovisores, que serão substituídos por pequenas câmeras em forma de aletas. Suas imagens deverão ser projetadas em telas internas e, via inteligência artificial, unidas a outros sensores externos.
Bicolor, o Mégane apresenta uma pintura cinza-chumbo predominante e detalhes em tons de cobre e ouro. O teto flutuante, entretanto, é completamente em dourado metálico, com a mudança cromática começando ainda nas colunas do para-brisa, em degradê.
Um pouco de cada
Com 4,21 m de comprimento e 2,70 m de entre-eixos, o Mégane eVision é ligeiramente mais comprido que um Sandero, por exemplo, o que reforça sua vocação urbana.
A Renault optou, porém, por rodas de liga leve de aro 20 dignas de SUV e pneus de perfil baixo (245/40), que limitam perturbações aerodinâmicas. Esse conjunto se destaca ainda mais em um carro curto e de poucas saliências. Homenageando o passado, o design das rodas lembra bastante o logo usado pela fabricante entre 1972 e 1992.
Tudo isso somado a uma altura de 1,50 m e largura de 1,80 m resulta um centro de gravidade mais baixo, favorecendo a dirigibilidade em maiores velocidades e até mesmo dando pistas sobre variantes mais esportivas da família.
Interior misterioso
Ainda que a Renault não tenha liberado muitas informações sobre o interior do Mégane, suas semelhanças com o MORPHOZ permitem supor uso amplo do sistema LIVINGTECH, focado em atender às necessidades de condutor e passageiros. As informações já disponíveis do sistema dão conta de uma grande tela com 80 cm de largura e visor OLED, localizada no console central.
Vale lembrar que o projeto do MORPHOZ prevê compatibilidade com o sistema 5G e até mesmo a opção de girar em 180º os bancos dianteiros, ao estilo da primeira geração da minivan Espace. Essas características combinadas podem sugerir modos de direção autônoma em futuro próximo.
A plataforma CMF-EV prevê também interior modular e assoalho plano, favorecendo a ergonomia e habitabilidade do veículo. Ela “otimiza a eficiência energética do veículo, enquanto a maior distância entre eixos, o assoalho plano e as rodas posicionadas nos quatro cantos oferecem novas possibilidades”, comentou recentemente o diretor da Divisão de Veículos Elétricos e Serviços de Mobilidade do Grupo Renault , Gilles Normand.
Motor e desempenho
O motor elétrico do Mégane eVision deverá ser um dos mais potentes de toda a linha Renault. Com 160 kW de potência (equivalente a 217 cv), ele entregará 30,6 kgfm de torque — desempenho equivalente, por exemplo, ao 2.0 TFSI da Audi. A Renault informou que o novo carro deverá fazer de 0 a 100 km/h em menos de 8 segundos.
A bateria ultrafina tem capacidade de 60 kWh e suporta carregamento via corrente contínua (até 130 kW) ou alternada (22 kW). Haverá suporte ao sistema V2G, que permite devolver energia elétrica à rede.
Isso pode ser útil em sistemas dinâmicos com tarifação horária. Desse modo, o proprietário pode “vender” energia ociosa do seu veículo em horários de pico e recomprá-la mais barata, carregando as baterias em momentos como as madrugadas.
De acordo com o CEO da Renault, Luca de Meo, a autonomia deverá ser de aproximadamente 500 km. Haverá, também, possibilidade de incluir dispositivos que estendam esse alcance. De Meo ressaltou, também, que o design apresentado hoje corresponde a cerca de “95% do produto final”. O novo Mégane eVision deverá ser fabricado a partir do fim de 2021, chegando ao público europeu na virada para 2022.
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