No mundo do antigomobilismo, são comuns os casos de paixão por carros ou marcas que passam de pai para filho. Mas às vezes esse amor também é passado da mãe para o filho. É o caso de Luciana Finardi, 44 anos, que incentivou seu filho Rafael, 21, a admirar carros desde a infância. O primeiro brinquedo que ele ganhou, ainda aos 2 anos, foi um clássico em miniatura. “Minha paixão era tanta que eu não podia ver um carrinho que comprava para ele. Hoje o Rafael tem uma coleção com mais de 1 000”, diz Luciana.
A segunda coleção do rapaz foi de bicicletas antigas, que ele mesmo restaurava. Ao todo são 46 bikes clássicas. Enquanto Rafael as reconstruía, Luciana se divertia na restauração do seu primeiro carro antigo, um MP Lafer 1978. “Eu sempre fui apaixonada por clássicos, e depois que comprei o primeiro tomei gosto por também colocar a mão na massa”, afirma Luciana, que cuidou pessoalmente de toda a renovação do MP Lafer. “Nesse período eu era a única da família que gostava de restauração. Meu marido nunca gostou e o Rafael ainda não se importava”, conta ela.
Essa solidão durou pouco: quando o filho completou 18 anos, começou a se interessar mais pelos clássicos de quatro rodas. Foi em um Puma 1976 que Rafael começou a mexer em antigos, e logo se encantou pela arte da restauração.
Em 2011, mãe e filho encontraram um Chevrolet Impala 1960 em bom estado de lataria e motor. O carro foi desmontado e a restauração se deu na garagem da família. Após um ano de dedicação integral, mãe e filho colheram os frutos: o Impala ganhou três prêmios nos principais eventos de carros antigos do país. Depois desse sucesso, mãe e filho já pensam nos próximos projetos: um Opala SS4 1976 e um Corcel II Campeões 1983.
Coleção Finardi: carros tratados como filhos
Luciana e Rafael têm uma coleção de dar orgulho: MP Lafer 78, Puma 77, Fusca 64, Impala 60, Opala SS4 76 e Corcel II Campeões 83. O Impala foi o que recebeu mais dedicação: ele estava abandonado havia quatro meses. “Estava todo empoeirado e com os pneus no chão, mas via-se que a lataria estava impecável e o motor, um 283 [um V8 4.6], em ótimas condições”, diz Rafael. Decidiram desmontá-lo e retirar toda a pintura, que não era original. Após pesquisa extensa em busca das peças e cores originais, iniciaram a reconstrução. Luciana dedicou-se à tapeçaria e forração e Rafael ficou responsável pela parte mecânica e detalhes externos. Em 12 meses o Impala estava pronto – e já no dia seguinte era premiado no Encontro Paulista de Autos Antigos, o maior da América Latina.
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