Saab 900 Turbo, um sueco revolucionário
Produzido por um fabricante de aviões, o veloz esportivo tornou o turbo popular e conquistou fãs pelo mundo
O turbocompressor entrou no cardápio das marcas premium nos anos 70, quando o mercado exigia motores mais econômicos. Fabricantes de renome como BMW e Porsche logo adotaram o sistema, mas coube ao Saab 900 Turbo tornar a fórmula mais conhecida.
Disponível com três ou cinco portas, o 900 surgiu em 1979 e foi o primeiro esportivo turbinado a apresentar comportamento dócil, graças à excelente calibração da injeção: os 145 cv do seu 2.0 8V eram entregues de forma linear, com torque de 23,5 mkgf a baixas 3 000 rpm.
A máxima era limitada a 190 km/h pelo câmbio manual de apenas quatro marchas, mas o 0 a 100 km/h era feito em 9,7 segundos de forma suave e progressiva, sem o caráter arisco dos turbinados da época. Sua estabilidade direcional era evidenciada pela tração dianteira, tida como ideal para as condições adversas do inverno sueco.
Rápido, o 900 Turbo se beneficiava também da excelente distribuição de peso, resultado da concepção mecânica incomum. A dirigibilidade precisa também era mérito das suspensões pouco ortodoxas: a sofisticação dos braços sobrepostos dianteiros se opunha à simplicidade de um eixo rígido traseiro com barra Panhard. O resultado estava acima de qualquer crítica, auxiliado por eficientes freios a disco nas quatro rodas.
Fabricante de aeronaves, a Saab inspirou-se na aviação para o para-brisa convexo e quase vertical, aliando visibilidade e penetração aerodinâmica. De estilo controverso, as finas colunas dianteiras suportavam a colisão com um alce, mostrando a preocupação sueca com a segurança.
Outra herança aeronáutica era a ergonomia dos comandos, bem próximos do motorista, com destaque para a ignição no console central. O interior era bem acabado, com bom espaço para quatro adultos, poupados de malabarismo no acesso graças à soleira integrada na porta.
O 900 Turbo logo caiu nas graças do público e da imprensa especializada: o câmbio de cinco marchas chegou em 1980, junto de uma nova geração de motores, que ganhariam dois anos depois o sensor de detonação, possibilitando taxa de compressão maior, com melhoria de consumo e desempenho.
A busca pela performance levou em 1984 ao motor B202, com 16 válvulas, turbo e intercooler. Para domar seus 175 cv, recebeu suspensão com barras estabilizadoras e, para diminuir o arrasto, surgiu o pacote Aero – o aerofólio traseiro e alguns apêndices o faziam chegar a 100 km/h em 8,5 segundos e atingir 210 km/h.
Em 1986 vieram os discos ventilados, mesmo ano do conversível, que fez grande sucesso. Um ano depois, grade, faróis e para-choques eram reestilizados e, em 1989, o ABS virou item de série.
O carro das fotos é um 900 Turbo S 16 Aero 1991 e pertence ao engenheiro Valter Prieto. Foi trazido pela GM no início dos anos 90 para estudos de viabilidade de importação, o que acabou não ocorrendo.
No total, 908.817 unidades foram feitas de 1978 a 1993, tornando-o o maior sucesso da marca. Boa parte do prestígio e carisma é fruto da versão Turbo, que ajudou a dar ao 900 o status de último Saab legítimo, segundo os puristas, pois a segunda geração (1994 a 1998) usaria a plataforma do Opel Vectra.
Do contra
No 900 Turbo, tudo era diferente: tinha motor longitudinal invertido, com a embreagem voltada para a dianteira. Montado sobre o câmbio, ele ficava inclinado a 45 graus, para ocupar menos espaço, e a transmissão entre motor e câmbio era realizada por três correntes metálicas.
Ficha Técnica – Saab 900 Turbo S 16 Aero 1991
Motor: 4 cilindros em linha de 2 litros
Potência: 177 cv a 5 500 rpm
Câmbio: manual de 5 marchas
Carroceria: cupê de 5 lugares
Dimensões: comprimento, 494 cm; largura, 169 cm; altura, 142 cm; entre-eixos, 271 cm; peso, 1 290 kg
Desempenho: 0 a 100 km/h em 8,5 segundos; velocidade máxima, 210 km/h