Stellantis retoma projeto de motor turbo movido somente a etanol
Projeto engavetado há alguns anos teria sido retomado por conta das condições propícias, disse executivo em evento
O cenário atual de busca pela eletrificação e descarbonização dos carros faz com que as montadoras busquem alternativas sustentáveis (e criativas) para futuros lançamentos. A Stellantis, há um tempo, já havia desenvolvido um motor próprio movido a etanol, porém, ele nunca foi utilizado além de testes. Agora, parece que finalmente o projeto irá sair do papel.
O E4 é um motor turbo 100% a etanol e foi desenvolvido em 2019, com patente já registrada no Brasil. A ideia era utilizar a turbocompressão e apenas um combustível para otimizá-lo ao máximo, diminuindo a diferença de consumo frente a um propulsor a gasolina — e o resultado teria sido atingido.
Porém, o projeto foi engavetado pelos executivos da empresa com intenção de utilizá-lo no momento certo. E, segundo Antonio Filosa, Presidente da Stellantis na América do Sul, a hora é agora. Em inauguração de uma concessionária da Ram em Goiânia (GO), o executivo avaliou que atualmente existem condições de mercado para lançar um carro com motor exclusivo a álcool e que estão estudando desengavetar o projeto.
O timing tem a ver com o progama Rota 2030, criado pelo Governo Federal em 2018 com objetivos de estimular descarbonização dos veículos no Brasil. Suas próximas fases impõem metas mais severas para estimular o uso de biocombustíveis no país.
Além da motor movido a etanol, a Stellantis também está desenvolvendo um novo motor híbrido flex, do qual será possível utilizar biocombustíveis em combinação com motores elétricos, reduzindo custos e a pegada de carbono.
Para o executivo da Stellantis, o Brasil possui amplas alternativas para diminuir rapidamente as emissões de CO2 dos veículos por meio da combinação de seus biocombustíveis com a eletrificação, mas é necessário o incentivo para que esta transição ocorra.
“No exterior, esta vantagem brasileira única no mundo é muito bem reconhecida, mas parece que os brasileiros desmerecem as imensas alternativas que só existem aqui”, comentou o executivo sobre as recentes críticas da imprensa sobre o etanol estar atrasando a eletrificação e o progresso tecnológico do País.
Em relação aos modelos híbridos flex que estão sendo desenvolvidos pela Stellantis, Filosa se limitou a dizer que estão próximos e em fases de testes. Os primeiros protótipos devem ser anunciados já nas próximas semanas.