União Europeia quer banir carros a gasolina e diesel até 2035
Eletrificação automotiva é um dos principais condutores do plano de tornar a Europa completamente "limpa" até 2050
Após movimentos semelhantes de várias fabricantes, a União Europeia propôs que todos os carros vendidos em seus países-membros sejam carbono-zero a partir de 2035. A medida faz parte do Acordo Verde Europeu, que busca tornar o Velho Continente o primeiro “limpo” em 2050. Duas décadas antes, a meta é que as emissões já sejam 55% menores em relação aos níveis de 1990.
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Presidente da Comissão Europeia, Ursula von Der Leyen exaltou a medida e afirmou que a economia baseada em combustíveis fósseis atingiu seu limite. “Queremos deixar para as próximas gerações um planeta saudável, com bons empregos e crescimento que não machuque nossa natureza”, destacou.
As novas regras serão implementadas gradualmente com base nos limites vigentes: 95g de carbono/km para automóveis e 147g/km para comerciais leves, como picapes e furgões. Ambos serão reduzidos em 55% em 2030 e completamente zerados cinco anos depois.
Como a meta envolve tornar carros elétricos e a hidrogênio regra, ao invés de exceção, os incentivos aos veículos zero-emissão (ZEV) também serão revogados daqui a nove anos. Em paralelo, os países deverão garantir que, ao menos nas principais rodovias, haja eletropostos a cada 60 km e estações de abastecimento de hidrogênio a cada 150 km.
Hiperesportivos
Pensando em fabricantes de baixo volume como marcas de alto luxo, a Comissão manteve isenções graduais com base nas unidades produzidas. Desse modo, quem fabrica menos de mil carros/ano seguirá isento da eletrificação compulsória.
O mesmo vale, apenas até 2030, para fabricantes de 1.000 a 10.000 carros ou 1.000 a 20.000 comerciais leves. Já quem produz de 10.001 a 300.000 unidades terá benefícios limitados a 15% da meta principal e apenas por sete anos. O acordo ressalta, entretanto, que revisões serão feitas a cada dois anos e que, caso as metas não sejam atingidas, a legislação pode endurecer. Atualizações também são esperadas no que diz respeito a biocombustíveis e combustíveis tradicionais de produção sintética.
Independência
A geopolítica também influenciou a decisão, que busca alimentar a “corrida elétrica” entre Europa, EUA, China, Japão e Coreia do Sul e evitar a perda da “liderança tecnológica europeia na cadeia de valor automotiva”.
Sempre protagonistas, as europeias viram outros países registrarem 63% das patentes ligadas ao transporte verde entre 2005 e 2015. O documento também destaca a disparada chinesa, com investimento insano em infraestrutura e produção de bateria cinco vezes maior que a da União Europeia.
Impacto ambiental
Crendo que em 2027 carro elétricos serão tão baratos quanto os convencionais (a meta da Stellantis, por exemplo, é 2026), a UE garantiu se preocupar com a exploração de lítio, cobalto e grafite natural, usados nas células energéticas.
Além de investir €15 bilhões na estocagem desses componentes, haverá estímulos à reciclagem e destinação adequada das baterias e, garantem, preocupação com os impactos em países exportadores e na rede elétrica, com o aumento da demanda.
Também há atenção à desigualdade social, já que as recargas domésticas são mais caras e, ao mesmo tempo, pessoas de menor renda acabam tendo menos acesso a eletropostos, muitas vezes situados em estacionamentos particulares.
O descarte das baterias também requer atenção e ideias como a da Renault tendem a ganhar força, com células velhas saindo dos carros para veículos de serviço como enceradeiras, cortadores de grama e até eletrodomésticos.
“Criaremos um mercado sustentável para combustíveis alternativos e tecnologias de baixo-carbono. (…) Esse pacote nos levará além da mobilidade e infraestrutura verdes; é uma chance de tornar a União Europeia líder de mercado das tecnologias de vanguarda”, enfatizou o Comissário de Transportes Adina Vălean.
A proposta seguirá para votação e deve ser amplamente apoiada por países como Alemanha e Noruega, que possuem metas nacionais tão ou mais restritas. Ao mesmo tempo que apoia a eletrificação, a França, entretanto, discorda do prazo de banimento e vem discutindo uma prorrogação da existência de modelos híbridos, por exemplo.
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