Vídeo: Ford Maverick GT V8 Quadrijet era sonho dos jovens nos anos 70
O modelo é equipado com o lendário motor V8 Windsor de 302 polegadas cúbicas que recebeu alterações mecânicas pra render até 257 cv
Nada de motor V8, carroceria duas portas e tanque de combustível de 100 litros. Mais de 40 anos após ser descontinuado, o Ford Maverick voltou à vida, mas não da forma como conhecemos e sim como uma picape intermediária, rival da Fiat Toro.
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Se você faz parte de um seleto grupo de entusiastas que valoriza e exalta o surgimento do Maverick em seu formato de maior sucesso: cupê, irá gostar do vídeo que preparamos com o modelo equipado com o lendário motor V8 Windsor de 302 polegadas cúbicas que rendia até 197 cv e pode chegar a 257 cv no modelo Quadrijet.
Como tudo começou?
O carro popular apresentado pela Ford em 1969 foi feito para combater modelos compactos como Plymouth Duster, AMC Hornet, além de modelos importados de Volkswagen, Datsun e Toyota.
Sucessor do Ford Falcon, o Maverick custava apenas US$ 1.995 e continuava sendo um automóvel barato, confiável e muito fácil de manter.
Suas proporções eram semelhantes às do Torino e do Mustang: um cupê de capô longo e traseira curta, com o teto em queda suave no melhor estilo fastback, modismo que nasceu nos autódromos e que dominou o final da década de 60.
Seu sucesso foi instantâneo: mais de meio milhão de unidades vendidas no primeiro ano de produção. As versões mais simples recebiam motores Ford de seis cilindros em linha, mas o V8 Windsor de 302 polegadas cúbicas entrou para a lista de opcionais em 1971.
No Brasil
Por aqui sua primeira aparição ocorreu em novembro de 1972, por ocasião do VIII Salão do Automóvel de São Paulo. O Maverick ocupou a lacuna entre o popularíssimo Corcel e o sofisticado Galaxie, em uma faixa de mercado já dominada pelo Chevrolet Opala.
Herança do Ford Itamaraty, o motor de seis cilindros e três litros ainda contava com válvulas de escapamento no bloco. Seu rendimento estava abaixo do esperado: mais de 20 segundos para ir de 0 a 100 km/h, com máxima de 150 km/h e consumo médio de 7,7 km/litro.
Por outro lado, o V8 Windsor de 302 polegadas cúbicas consumia em média 7,2 km/litro mas desenvolvia 197 cv brutos e 39,5 kgfm. Importado, era oferecido como opcional nas versões Super e Super Luxo mas era equipamento de série na versão esportiva GT.
Logo no lançamento, o teste de QUATRO RODAS registrava as marcas do novo “monstro”. Apenas 11,6 segundos na prova de 0 a 100 km/h e 178 km/h cravados na máxima.
A alavanca do câmbio de quatro marchas, bem próxima do motorista, faz com que se mudem as marchas com facilidade e rapidez. Durante a troca, uma acelerada. Menos para manter o giro, mais para ouvir o som dos oito cilindros embalando a agulha do pequeno conta-giros sobre o volante.
Era caracterizado por travas no capô, faróis auxiliares, rodas e pneus mais largos, alavanca do câmbio no assoalho e bancos dianteiros separados por console.
Vitorioso nas pistas
E foi o V8 que em agosto de 1973 consolidou o Maverick no folclore automotivo brasileiro: nas mãos dos pilotos Bird Clemente, Nilson Clemente e Clóvis de Moraes o motor foi essencial para estrear nas pistas com uma vitória sobre o Chevrolet Opala nas 25 horas de Interlagos.
Equipado com o novo motor 250-S o Opala deu o troco nas 25 horas de Interlagos de 1974 mas para superá-lo o chefe de equipe Luiz Antônio Greco desenvolveu o lendário Maverick Quadrijet.
O V8 recebeu carburador Holley de corpo quádruplo, coletor Edelbrock e comando de válvulas esportivo Iskenderian. Inclusive é essa versão Quadrijet que foi escolhida para o nosso vídeo.
Os cabeçotes receberam tuchos sólidos, molas duplas e juntas de cabeçote mais finas: a potência do Maverick Quadrijet chegava a 257 cv brutos, suficientes para acelerar de 0 a 100 km/h em 7,8 segundos e alcançar os 200 km/h.
Avaliado em julho de 1974 o Maverick Quadrijet exigia habilidade nas arrancadas para evitar que os pneus perdessem tração. A taxa de compressão mais alta exigia o uso de gasolina azul: o consumo variava de 2,2 a 6,5 km/l.
O começo do fim
O domínio nas pistas não se refletiu no mercado: o Maverick foi afetado pela crise petrolífera de 1973. Em uma época em que o Brasil importava 80% do petróleo consumido o barril saltou de US$ 3,00 para US$ 12,00.
Desta forma, em junho de 1975 foi lançado o motor Ford OHC 4 cilindros, com comando de válvulas no cabeçote e fluxo cruzado de gases. O novo motor de 2,3 litros rendia 99 cv, garantindo consumo médio de 9,1 km/l.
Mas era tarde demais para salvar a imagem do Maverick. Baseado num projeto alemão o Opala oferecia maior espaço interno e pesava cerca de 150 kg a menos, com reflexos óbvios no consumo e desempenho.
A bem sucedida carreira do Maverick foi encerrada nos EUA em 1977, com mais de 2 milhões de unidades produzidas. Neste mesmo ano começou a segunda fase do Maverick no Brasil, com diversas alterações técnicas e estéticas. Mas o prego no caixão do Maverick foi martelado pela própria Ford: o Corcel II lançado em 1978.
A Ford chegou a considerar uma reestilização completa do Maverick mas o cenário incerto da economia mundial decretou seu fim em 1979.