Vítimas da Covid impulsionaram recorde de vendas da Rolls-Royce, diz CEO
Segundo CEO, restrições da pandemia e "medo da morte" fizeram os ricos comprarem mais carros da empresa
Já não é surpresa que o mercado automotivo sentiu muito as consequências da pandemia e da crise dos semicondutores em 2021. Porém, marcas de luxo como a Porsche e agora Rolls-Royce, aparentemente não foram tão afetadas quanto outras mais populares.
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A marca inglesa comandada pela BMW vendeu ao todo 5.586 veículos, o maior número dos seus 117 anos de história. Pode parecer pouco, mas para a Rolls-Royce o número é muito expressivo, já que seus produtos são ultra luxuosos e pertencentes a um nicho restrito de compradores.
Mas o que fez os milionários gastarem suas fortunas nos “melhores carros do mundo”? Para Torsten Müller-Ötvös, seria uma epifania causada pelo grande número de vítimas do COVID-19.“Muitos testemunharam pessoas em sua comunidade morrendo de Covid e isso as fez pensar que a vida pode ser curta e que é melhor viver agora em vez de adiar para uma data posterior. Isso ajudou a Rolls-Royce”, explicou o CEO.
Para colaborar com a teoria de Müller-Ötvös, a idade média dos clientes da Rolls-Royce vem caindo nos últimos anos. Segundo o CEO, hoje ela está em 43 anos, antes os clientes beiravam os 56.
Não só o “medo da morte”, como também as restrições impostas pela pandemia colaboraram para o crescimento da Rolls-Royce. Para o CEO, sem poder viajar ou gastar em outros serviços de luxo, as pessoas ricas tiveram que achar um meio de gastar sua fortuna. Entre as alternativas que sobraram, estão os carros.
Seja lá qual for o motivo, a marca afirma que o crescimento ocorreu em todos os continentes, algo pouco comum. China e as Américas tiveram representação de 30% das vendas cada uma, enquanto a Europa somou 20% e o Oriente Médio 10%, segundo Müller-Ötvös. Ele também afirma que Coreia do Sul e Rússia tiveram vendas muito boas.
Falando dos modelos, o CEO não deu números exatos, mas disse que o líder em vendas foi o Rolls-Royce Phantom e o SUV Cullinan representou 30% das vendas de 2021. Ele também disse que nenhuma outra montadora vendeu mais carros acima de 250.000 euros, cerca de R$ 1,5 milhão.
Efeito do Brexit
Se por um lado a pandemia aqueceu as vendas da Rolls-Royce, por outro teve o Brexit. Segundo o CEO, a saída do Reino Unido da União Européia “não deixou a vida da empresa mais fácil”.
As restrições à movimentação de funcionários e à carga administrativa de exportação foram, segundo Müller-Ötvös, “dificuldades desnecessárias”. Lembrando que 90% dos veículos produzidos pela Rolls-Royce são exportados para fora do Reino Unido.
Para saber o real impacto do Brexit é preciso esperar até que a empresa divulgue seu balanço de contas. Objetivo é superar os 61 milhões de euros que empresa lucrou em 2020, o que não parece ser difícil levando em consideração as declarações do CEO.
Para um futuro próximo, a Rolls-Royce vai lançar seu primeiro EV, o Spectre, em 2023. Já a eletrificação total da marca está prevista para acontecer em 2030.