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Grandes Brasileiros: Volkswagen Gol Copa

A série especial alusiva à Copa do Mundo de 1994 marcou a aposentadoria da primeira geração do Gol

Por Felipe Bitu
Atualizado em 6 nov 2022, 10h37 - Publicado em 11 jul 2014, 18h44
Pegada esportiva era a marca do visual do Gol Copa
Pegada esportiva era a marca do visual do Gol Copa (Marco de Bari/Quatro Rodas)

Apresentada em 1982, a versão Copa foi uma tentativa (bem-sucedida) da Volkswagen de finalmente emplacar o Gol. Lançado dois anos antes para substituir o Fusca, o Gol demorou a cair no gosto da torcida, apesar de estável e bonito. A explicação estava na mecânica aquém da esportividade sugerida pela suspensão bem-acertada e pelo design.

Impulsionado por um anêmico motor 1.3 refrigerado a ar (similar ao do Fusca), ele demorou 30,27 segundos no teste da QUATRO RODAS da época, para ir a 100 km/h, e não passou dos 124 km/h de máxima, graças a um coeficiente de arrasto aerodinâmico que também comprometia o consumo.

Só o adesivo na traseira era alusivo à Copa
Só o adesivo na traseira era alusivo à Copa (Marco de Bari/Quatro Rodas)

Com a chegada em 1981 do motor 1.6 de dupla carburação, tudo mudava para melhor: o Gol era capaz de chegar a adequados 138 km/h. Para surpresa geral, até o consumo melhorou, subindo de 12,38 km/l para 13,04 km/l.

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Mas nada se comparava à maior elasticidade do motor: ele levava ótimos (para a época) 18,21 segundos para ir a 100 km/h e retomava de 40 a 100 km/h em 25,71, números melhores que os do Passat LS com seu moderno motor 1.5 a água.

Além disso, o comportamento dinâmico era favorecido pelo uso dos pneus radiais, servofreio e barra estabilizadora dianteira, tudo como equipamento de série.

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Propaganda do Gol Copa de 1982
Propaganda do Gol Copa de 1982 (reprodução/Internet)

Era tanta disposição que o Gol Copa merecia ter ido para a Espanha ao lado de Sócrates, Cerezo e Falcão: os pneus radiais pareciam ainda mais largos sobre suas belas rodas de alumínio. Além dos faróis auxiliares, havia a inscrição “Copa” nas laterais e no vidro traseiro.

O volante de quatro raios era o do Passat TS, com quatro botões da buzina e o brasão de Wolfsburg. Por dentro, um útil conta-giros e um charme que marcaria a versão: a manopla do câmbio imitando bola de futebol. Enquanto o Brasil chorava a derrota para a Itália, 3.000 unidades do Gol Copa deixaram a fábrica, todas na cor azul metálico.

Série foi lançada nas Copas de 1982, 1994 e 2006
Série foi lançada nas Copas de 1982, 1994 e 2006 (Marco de Bari/Quatro Rodas)

Depois o Gol Copa só entraria em campo em 1994, e nem de longe ostentava a pompa do original. Ele tinha volante, aerofólio, faróis de longo alcance e lanternas fumê do Gol GTi. Os espelhos eram na carroceria, um belo tom metálico denominado Azul Celeste.

Tinha ainda bancos revestidos com um sofisticado tecido cinza e encostos de cabeça vazados, típico dos esportivos da época. O conta-giros também estava de volta, mas o campeão pisou na bola: os únicos opcionais eram as travas e vidros elétricos – nada de direção hidráulica, ar-condicionado e rodas de liga.

Volante do Gol GTi, mas sem o charme do câmbio imitando bola de futebol
Volante do Gol GTi, mas sem o charme do câmbio imitando bola de futebol (Marco de Bari/Quatro Rodas)

Outra decepção era o motor 1.6 refrigerado a água, abaixo da expectativa para um hatch bom de curva apoiado em largos pneus 185/60 R14. Era a despedida da primeira geração do Gol: a segunda viria logo depois da Copa, em setembro.

O motor 1.6 de 80 cv destoava da proposta esportiva
O motor 1.6 de 80 cv destoava da proposta esportiva (Marco de Bari/Quatro Rodas)

Ao todo, 6.000 carros ganharam as ruas para festejar a conquista do tetra nos EUA. “Ele não é um carro exatamente potente, mas sua dirigibilidade é típica dos VW, extremamente agradável mesmo para os padrões atuais”, diz o arquiteto Thiago Telhado, dono do exemplar das fotos.

A série especial Copa foi reeditada na quarta geração do Gol em 2006, mas toda descaracterizada do propósito original. Com quatro portas, duas opções de motorização (1.0 e 1.6) e cinco cores para a carroceria, em nada lembrou os veteranos da primeira geração, que vestiam orgulhosos o tradicional uniforme azul da seleção brasileira.

Teste QUATRO RODAS – junho de 1994

  • Aceleração 0 a 100 km/h: 12,01 s
  • Velocidade máxima: 164,8 km/h
  • Consumo: 9,65 km/l (cidade) e 14,10 km/l (estrada a 100 km/h)
  • Preço (maio de 1994): US$ 12.000
  • Atualizado (IGP-M/FGV): R$ 52.857

 

Ficha Técnica – VW Gol Copa 1994

Motor longitudinal, 4 cilindros em linha, duas válvulas por cilindro, comando de válvulas no cabeçote, alimentação por carburador de corpo duplo eletrônico
Cilindrada 1.596 cm3
Potência 80 cv a 5.600 rpm
Torque 12,7 mkgf a 2.600 rpm
Câmbio manual de 5 marchas, tração dianteira
Carroceria hatch
Dimensões comprimento, 385 cm; largura, 160 cm; altura, 135 cm; entre-eixos, 236 cm
Peso 910 kg
Pneus 185/60 R14 radiais

 

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