Chevrolet faz comparativo entre nova Montana e Renault Oroch em rodovia
Prática comum na indústria, comparação das duas picapes chamou atenção por acontecer publicamente no interior de São Paulo
“Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado da batalha”. Assim diz uma das frases do clássico dos coaches, o livro “A Arte da Guerra”, de Sun-Tzu. E a Chevrolet parece seguir por esse caminho, uma vez que a nova Montana vem sendo testada ao lado de uma das suas principais rivais, a Renault Oroch.
O flagra foi feito pelo editor de arte de QUATRO RODAS, Fábio Paiva, perto de Indaiatuba (SP), e também revela com mais detalhes a grade frontal da caminhonete, que terá quatro barras horizontais.
Peso-pena
“O que mais impacta na performance e na dinâmica de uma picape: torque, peso ou aerodinâmica?”, pergunta Silvio Mariano, engenheiro de desenvolvimento veicular da GM. Para Mariano e seu time, a resposta está no equilíbrio. E é isso que a Chevrolet diz buscar há cerca de quatro anos, quando iniciou os trabalhos de criação da nova Montana.
Uma das soluções adotadas desde o início é o uso de materiais leves na carroceria. Desse modo, é possível aproveitar o motor 1.2 turbo do Tracker Premier, provavelmente com os mesmos 132 cv e 21,4 kgfm que, menor, também permite um capô reduzido e, ao mesmo tempo, uma cabine mais espaçosa.
Com base em pesquisas de mercado, a Chevrolet parece ter confirmado a tendência de que picapes menores se tornem quase que SUVs com caçamba. Assim, a marca não tem medo de criar expectativas quanto ao uso diferente que criou para a Montana: ao mesmo tempo que será pequena (de olho em cidades), ela terá uma caçamba multifuncional semelhante às de Ford e Ram.
Marianni Sanchez, gerente de pesquisa avançada de mercado na GM América do Sul, vai além e crava em comunicado: ninguém terá o espaço interno e o conforto do modelo, que deve chegar às lojas em 2023.
Engenharia reversa
A unidade da Chevrolet Montana flagrada por QUATRO RODAS foi feita de maneira artesanal, por uma equipe de prototipagem com 50 pessoas envolvidas. Para fabricar, uma a uma, todas as partes de uma caminhonete, o custo atinge os milhões de reais. O custo total do projeto, então, está ordens de grandeza acima.
Para não queimar dinheiro, a Chevrolet optou por desenvolver a Montana com base na concorrência, que inclui a Oroch e a Fiat Toro. Segundo a marca, a Montana com câmbio de seis marchas será a mais econômica entre os modelos automáticos, o que significaria consumo menor melhor que 9 km/l (cidade) e 12,6 km/l (estrada).
Já quem optar pela Montana manual, também com seis marchas, terá, nas promessa da GM, a caminhonete mais rápida do segmento; ou seja, 0 a 100 km/h na casa de 10 s. Todos os modelos terão uma central eletrônica que permite “até três vezes mais variáveis de calibração que picapes de geração anterior”. Pode significar tanto eficiência quanto modos de direção.
Com predicados tão altos, a Chevrolet parece ter chegado ao momento de validar sua “filha”, que já passou por testes internos que incluíram o da câmera térmica, onde o veículo enfrenta temperaturas que variam de -30 ºC a 80 ºC para garantir o funcionamento de tudo em ambientes hostis.
Depois de mais de seis milhões de quilômetros rodados, é a hora de colocá-la frente a frente com as rivais, em provas na rua. O flagra desssa semana, tudo indica, captou um desses momentos, no qual a Montana é testada detalhadamente junto à Renault Oroch 1.3 turbo (o Chevrolet Tracker pode servir como referência).
Nesse tipo de ensaio, itens óbvios como a aceleração, consumo e direção são avaliados em ambos os carros; a lista de comparações, entretanto, é quilométrica. Um ensaio do tipo, acessado por QUATRO RODAS, mostra comparações entre marcas que incluem até o aspecto da chave.
Também são feitas anotações quanto a ergonomia. Mas não é só em aspectos claros como o conforto dos bancos; a lista inclui estudar a suavidade de fechamento do porta-luvas, o barulho do acabamento sobre diferentes superfícies, o aspecto visual das chaves e até, num viés quase psicológico, a sensação de luxo que o carro transmite.
Dessa vez, é a Chevrolet que está destrinchando cada detalhe de uma rival enquanto compara, imediatamente, os mesmos aspectos em seu novo carro da plataforma GEM, voltada para países mais pobres. A prática, porém, é comum no mercado, e não é a primeira vez que QUATRO RODAS flagra um caso neste ano.
Há alguns meses, por exemplo, unidades da Ford Maverick XLT e da Hyundai Santa Cruz apareceram em Minas Gerais, adquiridas pela Stellantis. Em Betim, os modelos estão sendo conhecidos nos míseros detalhes, a fim de guiar o desenvolvimento da picape média da Ram, o projeto 291.