A China realmente se tornou o polo de desenvolvimento de carros compactos da General Motors a nível global. O mais recente exemplo disso é que o projeto da nova geração da Chevrolet Montana, um carro a princípio exclusivo para a América Latina, também tem seu projeto capitaneado pelo país asiático.
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QUATRO RODAS apurou, inclusive, que os primeiros protótipos da Montana 2023 foram enviados da China para o Brasil, onde desembarcaram em meados de agosto. Os carros já chegaram com o motor três-cilindros 1.2 flex rendendo os mesmos 132/133 cv que rende no Tracker Premier, mas combinados com câmbio manual de seis marchas – uma combinação exclusiva da picape. Mesmo com câmbio manual, a picape tem piloto automático.
Estes protótipos servirão para validação de componentes do carro (hoje desenvolvidos cada vez mais em ambiente virtual) e para os primeiros testes, tanto de rodagem quando técnicos, nos laboratórios da General Motors no Brasil.
Inclusive, não é raro que o Campo de Provas da Cruz Alta, em Indaiatuba (SP) receba carros e utilitários que não serão vendidos no Brasil ou na América Latina. A validação ali segue padrões globais da GM.
Lançamento ainda vai demorar
O mais surpreendente foi a Chevrolet já ter divulgado teaser da picape tanto tempo antes do seu lançamento, A apresentação da nova Montana está programada para acontecer no segundo semestre de 2022, mas o lançamento comercial tende a ficar para o começo de 2023.
Ela será fabricada em São Caetano do Sul (SP), junto com o Tracker. A linha de montagem já começou a ser adaptada para a produção da picape de porte intermediário, aproveitando o tempo que a produção na unidade foi paralisada por falta de insumos.
A base da Chevrolet Montana 2023 é a plataforma global GEM, a mesma de Onix e Tracker. Contudo, será o maior carro da família. O entre-eixos vai superar os 2,83 metros da Oroch, o que renderá um bom espaço na cabine, com quatro portas e espaço para cinco passageiros.
O espaço na caçamba também pode ser favorecido pela suspensão convencional, por eixo de torção. Será um meio de manter o preço abaixo do da Fiat Toro (que parte dos R$ 115.000). Ainda assim, versões mais caras terão monitor de pontos cegos, Wi-Fi 4G e frenagem de emergência.
Espera-se, também, um motor mais potente que o conhecido 1.2. A principal opção recai sobre o três-cilindros 1.3 turbo com injeção direta de 163 cv que equipa o novo Monza. Independente do motor, haverá opção de câmbio automático de seis marchas.
Revolução na Montana
Não é só na estrutura que a nova Montana e será completamente diferente das duas gerações anteriores. Desta vez, terá porte de SUV e linhas mais retas, que passam sensação de solidez.
Faróis em dois andares, com leds diurnos e setas acima do bloco dos faróis, serão novidade na linha Chevrolet brasileira, mas comuns a Fiat Toro e Hyundai Santa Cruz.
Centro de desenvolvimento chinês
Após ter enfrentado o processo de concordata, iniciado em 2009, a General Motors passou a transformar a China em seu polo de desenvolvimento para carros compactos. A plataforma GSV, do Onix Joy, da Spin e do Cobalt, teve um envolvimento maior da Chevrolet do Brasil e até da Opel em seu desenvolvimento. Mas o mesmo não aconteceu com a atual plataforma GEM, de Global Emerging Markets. O nome faz todo o sentido.
A GEM é uma criação da joint venture entre a General Motors e a chinesa SAIC, sua parceira desde 1997. Foi a SAIC quem desenvolveu o visual do último Chevrolet Classic, por exemplo. Mas seus esforços foram mais longe com a plataforma GEM, específica para mercados da América Latina, África, Ásia e Oriente Médio.
E assim foi feito. O projeto original previa o lançamento de oito produtos com cinco carrocerias diferentes a partir da matriz modular GEM. Para o Brasil, ainda há espaço para um SUV a ser posicionado entre Tracker e Equinox e também um substituto para a Chevrolet Spin. Pelo atual patamar de preço, não surpreenderia se ambos fossem representados por um mesmo produto.
A SAIC também está por trás de boa parte do desenvolvimento da plataforma VSS-F, para veículos de tração dianteira, considerada sucessora das plataformas Gamma (GSV), Delta (D2XX do Cruze) e Epsilon (sedãs grandes), como uma alternativa mais premium a GEM.
É ela que equipa o SUV médio Chevrolet Trailblazer, fabricado na Coreia do Sul e na China, e vendido até nos Estados Unidos, e também a nova geração do Chevrolet Monza, que acaba de ser lançado no México como Cavalier.
Esse maior envolvimento da GM-SAIC em carros emergentes está previsto há mais de 10 anos, quando a GM estava superando seu processo de concordata e traçava seu plano de voo para encarar os próximos anos. Nesse meio tempo, porém, enxugou sua equipe de engenharia no Brasil. Isso também ajuda a explicar porque os projetos de Onix, Tracker e Montana foram capitaneados pela China.
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