Sem nova geração, Renault Sandero e Logan têm data para morrer no Brasil
A nova geração dos Sandero e Logan já lançada na Europa não será fabricada no Brasil; modelos antigos têm mais dois anos de vida
Sandero e Logan mudaram radicalmente a imagem (e o tamanho) da Renault no Brasil. Juntos, hatch e sedã, tiveram mais de 1,26 milhão de carros vendidos no Brasil entre 2010 e 2020. Mas a fabricante francesa já definiu uma data para o fim dos seus carros de maior sucesso no Brasil.
Em passagem no Brasil, o CEO global da Renault, Luca de Meo, sinalizou que os Sandero e Logan apenas cumprirão seu ciclo de vida já traçado e sairão de linha no Brasil daqui a dois anos, no final de 2024.
“Sandero e Logan têm seu ciclo… Queremos estruturar a marca em um patamar de preço acima do atual. (…) Assim, será mais fácil depois a empresa voltar a atacar carros de grande volume se houver demanda”, disse o executivo a um pequeno grupo de jornalistas.
QUATRO RODAS antecipou, em setembro, o cancelamento dos projetos XJF – a nova geração de Logan, Sandero e Stepway no Brasil. O projeto de nacionalização dos novos carros, agora baseados na plataforma CMF-B, vinha sendo trabalhado no Brasil há um ano.
Àquela altura, pessoas próximas ao projeto adiantavam que eles estavam avançados, mas não aprovados pela matriz. Depois, o projeto acabou cancelado por Luca de Meo. Pelo menos nos próximos três anos esse projeto não será retomado.
Um futuro sem Sandero e Logan
As decisões mais recentes da Renault parecem fazer sentido agora. Ao longo de 2021 a fabricante acabou com as versões mais completas de Sandero e Logan, com motor 1.6, câmbio CVT e itens mais sofisticados. Também elevou significativamente o preço dos seus compactos. O recém-lançado Sandero S Edition tem motor 1.0 de 82 cv e custa R$ 76.790.
Este é um movimento em busca de uma rentabilidade global de 5% até 2025, e que Luca de Meo diz estar bem encaminhado e alinhado com as operações na América do Sul.
O foco da Renault a partir de agora será se posicionar no mercado em segmentos de carros mais caros, com maior valor agregado, mas sem que isso represente uma mudança no seu posicionamento no país.
O Renault Kwid, que será reestilizado em janeiro, seguirá por mais tempo como carro de entrada da marca francesa por aqui. Ainda reforçará sua presença com o lançamento da versão elétrica E-Tech no meio de 2022.
A picape Renault Oroch será reestilizada ainda no primeiro semestre de 2022, quando receberá visual semelhante ao do Duster indiano e motor 1.3 TCe flex com 170 cv e câmbio automático CVT com simulação de oito marchas. O Renault Duster também ganhará essa opção mecânica em 2022.
O lançamento de carros inéditos e fabricados no Brasil, baseados em um plano de investimentos que só deverá ser anunciado no segundo semestre de 2022, só começará a mostrar seus frutos daqui a pelo menos dois anos.
Para completar sua gama de SUVs, o Projeto HJF, dará origem a um SUV compacto (B-SUV) com uma opção abaixo do Duster. Este carro, sim, será baseado na nova plataforma CMF-B, mas terá carroceria e estilo completamente diferentes do novo Dacia Sandero. Por sinal, seria o substituto natural para o Stepway.
A intenção da Renault é clara: preparar uma resposta para o Fiat Pulse que será lançado até o fim de 2021, e para o possível novo SUV de entrada da VW.
Vale reforçar que o B-SUV não é o Kiger, o SUV derivado do Kwid, ou o Triber, sua minivan. Esses carros são exclusivos para a Índia e não estão previstos para o Brasil. Nem sequer há projeto deles por aqui.
Não à toa, caberá ao Renault B-SUV estrear o conjunto mecânico formado pelo novo motor 1.0 turbo flex e pelo câmbio automático CVT. Este motor, inclusive, será fabricado no Brasil. O mesmo acontecerá com o motor 1.3 TCe de 170 cv que estreou no Captur 2022. Atualmente este motor é importado da Espanha.
O outro carro é o Projeto X1312, o C-SUV. Trata-se de um SUV médio com sete lugares. Será, basicamente, uma versão Renault do Dacia Bigster. O novo SUV médio tem 4,6 m de comprimento (quase 17 cm a menos que o Jeep Commander) também será baseado na plataforma CMF-B, da Aliança Renault-Nissan
O protótipo apresentado pela fabricante também insinua como será a próxima geração do Duster, que está prevista para 2024.
Um dos destaques do Bigster, pelo menos na Europa, será a oferta de mecânica híbrida. Seria a combinação do motor 1.2 TCe de três cilindros funcionando em ciclo Atkinson, em diversos níveis de potências e tipos de hibridização, com direito ao sistema E-TECH, para melhorar a eficiência do SUV de 4,6 metros de comprimento.
Luca de Meo confirmou a estreia de carros híbridos no Brasil para os próximos anos. “A Renault está muito, muito bem posicionada no mercado de híbridos, por também ter carros plug-in e híbridos leves”, conta. “Vamos ver se seremos capazes de fabricar híbridos no Brasil ou decidir se importaremos estas versões”, completou.