A gama de opções de carros híbridos vem aumentando bastante no Brasil, especialmente no mercado de carros de luxo. Isso vale para híbridos leves (MHEV), híbridos (HEV) e híbridos plug-in (PHEV). Mas todos são importados ou montados localmente, e caros.
A Stellantis, porém, quer popularizar os carros híbridos leves no Brasil. O projeto vai além de combinar a tecnologia com seus motores flex, e prevê a nacionalização de todos os componentes do sistema, capaz de reduzir substancialmente o consumo e as emissões.
De acordo com João Irineu, Diretor de Compliance de Produto da Stellantis para a América do Sul, a localização dos sistemas híbridos será fundamental para a redução do custo final dos carros da empresa. Essa preocupação se estende às futuras versões híbridas-leve de carros de Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën.
Por isso, a empresa não pretende lançar um híbrido leve no Brasil antes que os componentes tenham produção local. Isso vale do motor à bateria, passando pelos softwares de gerenciamento dos motores. Mas o executivo adiantou que isso não vai demorar para acontecer e diz acreditar que os híbridos flex, hoje, são a melhor solução para o Brasil.
Na Europa, a Stellantis já tem sistema híbrido leve combinado aos motores da família Firefly. O sistema mais simples é de 12V, e combina o três-cilindros 1.0 aspirado a um elétrico com 5 cv, inclusive em versões com câmbio manual. O outro, mais robusto, trabalha com 48V e tem 20 cv e 5,6 kgfm para auxiliar o novo 1.5 turbo de 130 cv e 24,5 kgfm.
Resta entender quais das duas soluções será adotada no Brasil.
Fiat pode ter os primeiros híbridos 100% nacionais
O parceiro Autos Segredos antecipou, há um ano, que a Stellantis fabricará motores 1.0 e 1.3 Firefly com tecnologia híbrida e até motores elétricos em Betim (MG). A primeira movimentação aconteceria com a adoção de tecnologia híbrida leve entre 2024 e 2025.
As datas coincidem com o apurado por QUATRO RODAS: Pulse e Fastback serão os primeiros híbridos nacionais da Fiat e têm lançamento previsto para 2024. A dupla, fabricada em Betim, será dois dos sete eletrificados que a Stellantis lançará no Brasil até 2025.
Ambos seguirão com os motores 1.0 e 1.3 turboflex, mas se tornarão híbridos leves graças ao sistema elétrico que é ligado ao virabrequim. Além de um desempenho mais ágil, a dupla ficará mais econômica e limpa para atender os limites legais de emissões.
Isso porque o motor/gerador que substitui o alternador ligado ao virabrequim via correia dentada não apenas dá um fôlego extra quando o motor é exigido, mas também pode permitir desligá-lo em descidas, recuperar energia da frenagem e auxiliar sistemas que eventualmente roubam desempenho do carro.
O conjunto híbrido também equipará os Jeep Renegade e Compass com motor 1.3 turboflex. Os outros eletrificados previstos até 2025 seriam de Peugeot e Citroën.
Quem já aposta nos híbridos flex?
O primeiro carro híbrido fabricado no Brasil foi o Toyota Corolla, lançado em 2019 e que já fez sua estreia com motor 1.8 flex – o primeiro no mundo. Mas todo o conjunto é importado do Japão.
As versões híbridas-leve dos Caoa Chery Tiggo 5X Pro e Tiggo 7 Pro, recém-lançados no Brasil, também têm toda a mecânica importadas da China. Por sinal, o índice de componentes locais dos carros, montados em Anápolis (GO) varia entre 15 e 20%.
A Volkswagen é outra fabricante que vem apostando nos híbridos flex e, inclusive, prometeu seis híbridos para o Brasil até 2026. Um Golf de oitava geração vem sendo testado para a calibração do motor 1.5 eTSI, uma evolução do atual 1.4 TSI.
A ideia seria ajustar o referido trem-de-força a outros modelos como o Taos, que poderia ser o primeiro carro da marca a receber a tecnologia, que estará disponível tanto para o Brasil quanto para a Argentina, onde o SUV é fabricado.