A partir de meados deste ano, a Audi passará a fabricar no Brasil o novo Q3, após um hiato de cerca de um ano e meio, período em que a montagem no Paraná foi suspensa. O modelo será produzido nas opções SUV e Sportback, ambas com motor 2.0 TFSI de 231 cv e tração Quattro.
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Os modelos tiveram a pré-venda aberta nesta quarta-feira (16), quando a marca também revelou os preços. A versão convencional será oferecida em três níveis: Prestige (R$ 279.990), Performance quattro (R$ 297.990) e Performance Black (R$ 322.990), enquanto o Q3 Sportback terá as opções Performance quattro (R$ 322.990) e Performance Black (R$ 347.990).
Todos os Q3 nacionais serão equipados com motor 2.0 turbo a gasolina de 231 cv e 34,7 kgfm e, pela primeira vez, a Audi montará no Brasil um modelo com a tração integral quattro. O câmbio será automático de oito marchas.
Também todas as versões terão faróis full LED, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay e piloto automático. As intermediárias Performance quattro incluem porta-malas com abertura e fechamento elétrico, ar-condicionado de duas zonas e quadro de instrumentos digital. Na topo de linha entram ainda teto solar panorâmico, rodas de 19 polegadas e pacote visual esportivo. Sistemas de condução, como piloto automático adaptativo, são opcionais para a versão mais cara.
Para antecipar o que vem por aí, avaliamos a novidade na carroceria Sportback, em sua configuração mais econômica, híbrida leve. Ela ainda não vem ao Brasil: os A3, A3 Sportback e Q5 Sportback, sim, terão versões híbridas no Brasil em breve.
A segunda geração do Audi Q3 é claramente menos monótona que a primeira. Mas, não satisfeita com isso, a marca dos quatro anéis queria adicionar um pouco mais de emoção quando decidiu acrescentar ao SUV a opção de carroceria com ares de cupê – uma forte tendência entre as fabricantes.
Com teto mais baixo e coluna traseira mais inclinada, não há dúvida de que o Q3 Sportback tem um visual mais esportivo (aliás, há ângulos em que parece um mini-Lamborghini Urus).
Dirigimos a versão mais econômica da gama na Europa, equipada com motor 1.5 turbo e injeção direta a gasolina, de 150 cv e sistema híbrido leve. O dispositivo de 48 volts auxilia nas acelerações iniciais (e-boost), contribuindo com 16 cv/5 kgfm por até 10 segundos. É quando o pequeno motor elétrico mais intervém.
E é precisamente no início do movimento que se gasta mais gasolina, porque ainda não existe inércia do veículo. Assim, é o momento em que o motor tem de arcar com todo o esforço de carregar o peso do automóvel. Essa é a razão pela qual os carros gastam mais na cidade do que na estrada.
A eletricidade também se encarrega de movimentar o veículo sem o auxílio do motor a gasolina quando o motorista não pisa no acelerador e o veículo se encontra em velocidade entre 40 e 160 km/h. Além disso, o sistema start-stop fica disponível a partir dos 20 km/h, o que resulta em maior suavidade.
O motor mostra boa resposta desde baixos regimes pela ajuda do e-boost, melhor até do que a da versão 2.0 TFSI, que não dispõe do “empurrão” elétrico. Em nosso teste, embora o modelo mostre bom ânimo em baixas rotações, acima de 3.500 rpm esse 1.5 perde um pouco de fulgor e se torna ligeiramente barulhento.
Uma vantagem do sistema híbrido leve, claro, é o consumo. Durante nossa avaliação, ficamos na média de 13,5 km/l, de qualquer forma menos do que os 15,4 km/l homologados pela fábrica.
A transmissão automatizada de sete marchas e dupla embreagem (única disponível com esse motor) é suave durante as trocas, mas não convenceu por hesitar muito em reagir ao kickdown. Também não fez redução imediata de várias marchas para proporcionar aceleração rápida, tipo de comportamento que se espera desse câmbio. E parece que a caixa está sempre procurando uma marcha mais alta do que deveria.
Dica: use as borboletas no volante, tome as rédeas da ação e reserve o modo automático para a cidade.
A suspensão Sport (mais firme do que a padrão no Q3 SUV) ajuda a controlar muito bem a inclinação da carroceria, que é marginalmente mais baixa que a do Q3 SUV.
E a direção (progressiva) contribui para gerar uma impressão bastante favorável do comportamento. Ela tem relação variável (graças a uma engrenagem específica), o que altera a resposta dependendo do ângulo da direção.
Na prática, fica menos direta na parte central e mais direta conforme se aumenta o ângulo, beneficiando as manobras de estacionamento e o comportamento em estradas sinuosas, onde não é necessário esterçar muito mesmo em curvas fechadas.
Em ritmos um pouco mais rápidos, pode haver um certo rolamento da carroceria em curvas, mas se mudarmos para o modo de dirigir Dynamic o comportamento melhora, principalmente se os modos de dirigir incluírem o amortecimento variável (pode valer a pena também em estradas mais degradadas como as que frequentemente se encontram no Brasil).
Por outro lado, não se compreende tão bem para que serve o modo Off-Road e o controle de descida, pois claramente se trata de um carro que no dia a dia não irá subir muito mais do que a calçada.
O painel é idêntico ao do Q3 normal, o que significa que mistura plásticos duros com outros de toque suave e aspecto mais convincente nas áreas mais altas. Há alguns elementos em preto brilhante e cromados, que ajudam a melhorar a qualidade geral percebida. A tela da central multimídia tem 10,1 polegadas, e o quadro de instrumentos virtual mede 12,3 polegadas, opcional na Europa.
De série, o modelo tem quadro digital de 10,25 polegadas. Há também conectividade Apple CarPlay e Android Auto, além da opção de assinatura de serviços como o Amazon Alexa.
O Sportback é 5 cm mais baixo que o SUV (1 cm por causa da suspensão Sport), o que se reflete em menor altura livre no banco traseiro. Na prática, significa que um passageiro de 1,80 m de altura fica com 2 cm entre a cabeça e o teto, enquanto no Q3 normal ele tem 6 cm disponíveis. Assim, para pessoas mais altas, o Q3 Sportback é menos recomendado atrás do que os rivais diretos BMW X2 e Mercedes-Benz GLA, que oferecem mais 3 cm de altura na segunda fila de bancos.
Ele é também o menos generoso dos três modelos em comprimento para pernas (66 cm, contra ao menos 69 cm dos rivais). Já em largura o modelo de Ingolstadt dá o troco, ou seja, há mais espaço para ombros.
No porta-malas, o Q3 Sportback também leva vantagem: acomoda 530 litros, superando BMW (470 l) e Mercedes (421 l). Ele tem ainda a particularidade de poder avançar ou recuar os bancos traseiros (individualmente), conforme a prioridade seja criar mais espaço no bagageiro ou na cabine de passageiros.
O problema é que, na versão que dirigimos, o compartimento de carga é menor (410 litros), por causa dos componentes do sistema híbrido leve. A propósito, quanto mais eletrificado, menor o porta-malas do Q3: no híbrido plug-in o volume é de apenas 380 litros.
Veredicto
Os brasileiros não perdem por esperar: mesmo na versão mais racional, o Q3 é um carro gostoso de dirigir.
Ficha técnica – Audi Q3 Sportback híbrido (Europa)
Preço: 43.450 euros
Motor: gasolina, dianteiro, 4 cil., 16V, turbo, intercooler, 1.498 cm3; 150 cv a 5.000 rpm, 25,5 kgfm a 1.500 rpm
Motor elétrico: 16 cv, baterias de íons de lítio, 0,46 kWh
Câmbio: automático, 7 m., tração dianteira
Direção: elétrica, diâm. giro, 11,8 m
Suspensão: McPherson (diant.), multibraços (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), sólidos (tras.)
Pneus: 215/65 R17
Dimensões: comprimento, 450 cm; largura, 184,3 cm; altura, 156,7 cm; entre-eixos, 268 cm; peso, 1.605 kg; porta-malas, 410 l; tanque, 59 l
Desempenho: 0 a 100 km/h, 9,5 s; veloc. máx., de 201 km/h