Bentley Flying Spur: classe econômica
Sedã de quem gosta de acelerar ou viajar atrás, o modelo está 20% mais barato. Mas seu V8 ficou com "apenas" 507 cv
A Bentley nunca vendeu tanto carro e ganhou tanto dinheiro. É o fruto de uma estratégia de crescimento que trabalha agora em duas frentes: a entrada no lucrativo segmento dos SUVs, prevista para 2017, e a conquista de novos mercados. É nesse contexto que surge o Flying Spur V8, que tem como um dos principais focos a China. Vale lembrar que a nova geração do Spur, lançada no fim de 2013, queria ser mais que apenas a versão quatro portas do Continental. Veio com design ligeiramente diferente, um ou outro item exclusivo para o banco de trás e motor W12 6.0 turbo de 625 cv.
Agora estreia a versão V8 4.0 turbo de 507 cv (que já equipa o Continental), mas usando a mesma transmissão de oito marchas com tração integral. “A ideia é abrir as portas da marca a clientes que nunca nos consideraram, principalmente ex-donos de Mercedes Classe S AMG, que estão prontos para dar um passo importante na escada da exclusividade”, diz Paul Jones, diretor de desenvolvimento do Spur. Por fora, a versão V8 se distingue da W12 pela cor vermelha do logotipo Bentley no capô e na traseira e pelos escapes com a forma de um 8 deitado.
Na refinada cabine, tudo remete ao requinte de sempre da marca inglesa: as poltronas dianteiras de couro são amplas, com farto apoio lateral e diversos mimos, como massagem e refrigeração. O acabamento interno é impressionante, com fartura de couro e madeira nobre. Pena que alguns detalhes destoem, como as borboletas do câmbio, de plástico tosco e um pouco afastadas do aro do volante. Ou os comandos de iluminação e do computador de bordo, escondidos atrás da direção e feitos de um plástico que não é digno de um sedã desse preço – ele custa na Europa 220 000 euros, enquanto no Brasil a versão W12 está tabelada em R$ 1.549.000.
Champanhe gelada
Atrás, a altura disponível para a cabeça é generosa, assim como o espaço para as pernas, podendo o comprador optar pela configuração de dois bancos individuais (nesse caso, ele ganha um grande console central cheio de comandos) ou um assento inteiriço de três lugares. São inúmeras as possibilidades de configurações decorativas da cabine, que permitem escolher os revestimentos, a cor e suas combinações e o tipo de costura. Há até uma opção em que o interior pode contar com 10 metros de madeira natural.
A tela de 8 polegadas, na qual se controlam a navegação e o áudio, possui acabamento sofisticado, mas fica devendo na rapidez – o software que faz a rota do GPS se mostrou bem lento no teste. Mas bacana mesmo é o novo controle portátil criado para quem vai atrás. Ele permite mexer no ar-condicionado e no som, com direito a fones de ouvido próprios e monitores de 10 polegadas embutidos nos encostos de cabeça à frente.
Não é de espantar que haja tanta mordomia lá atrás, já que o dono de um Bentley muitas vezes viaja nesse banco conduzido por seu chofer. Por isso, há ainda a opção de um refrigerador de champanhe e cortinas com acionamento elétrico.
Já para quem deseja assumir o volante, é importante saber que, mesmo pesando 120 kg mais que o Continental V8 e sendo 50 cm maior, o Flying Spur alcança um desempenho intimidador: atinge 295 km/h e leva só 5,2 segundos para ir de 0 a 100 km/h, notável para um sedã de 5,3 metros e 2,4 toneladas. Seu câmbio automático de oito marchas é muito suave, faz as trocas de modo bem rápido e é auxiliado pela exuberância do seu torque em giros tão baixos – são 67,3 mkgf a apenas 1 700 rpm. A tração 4×4 trabalha em condição normal com 60% da força na traseira, mas pode variar de 65% no eixo da frente até 85% atrás. Isso ajuda a manter esse colosso controlado nas curvas, que, se forem feitas rápido demais, tendem a deixar o carro sair de frente, mas sempre de modo progressivo e fácil de reverter, como mostrou nosso test-drive entre Londres e Ascott, na Inglaterra.
Na viagem, a suspensão se manteve quase imperturbável nas poucas irregularidades do piso, mérito dos amortecedores de dureza variável (em quatro níveis) – nem o ajuste mais rígido causa desconforto, ainda que em estradas malconservadas. Afinal, nada pode afetar a tranquilidade do milionário dono de um Bentley que vai ao trabalho todos os dias repousado em sua majestosa poltrona traseira.
VEREDICTO
O Flying Spur V8 perdeu 118 cv e alguns itens de luxo, mas ficou 55 000 euros mais barato e manteve o design da versão topo de linha. Não é que foi uma troca justa?
Motor | dianteiro, longitudinal, V8, 32V, turbo, injeção direta |
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Cilindrada | 3 993 cm3 |
Diâmetro x curso | 84,5 x 89,0 mm |
Taxa de compressão | 9,3:1 |
Potência | 507 cv a 6 000 rpm |
Torque | 67,3 mkgf a 1 700 rpm |
Câmbio | automático, 8 marchas, tração 4×4 |
Dimensões | comprimento, 529,9 cm; largura, 192,4 cm; altura, 148,8 cm; entre-eixos, 306,6 cm |
Peso | 2 425 kg |
Porta-malas/caçamba | 475 litros |
Tanque | 90 litros |
Suspensão dianteira | triângulos sobrepostos |
Suspensão traseira | multilink com amortecimento eletrônico variável |
Freios | discos ventilados |
Direção | hidráulica |
Pneus | 275/45 R19 |
0 a 100 km/h | 5,2 s |
Velocidade máxima | 295 km/h |