A Série 7 acabou de ser reestilizada, mas não parece. Só um observador muito atento vai conseguir identificar o que de fato é novo no mais luxuoso sedã da BMW. Os faróis (agora com tecnologia de leds) têm desenho mais afilado, a típica grade em rim tem nove barras de cada lado (antes eram 12), as entradas de ar sob o para-choque cresceram e surgiu uma faixa cromada na tampa do porta-malas. Realmente, é pouco. Mas, se deixarmos o design de lado, não há como negar que há muito mais novidade neste modelo do que alcançam os olhos: motores mais potentes e econômicos, mecânica aprimorada, pacote de equipamentos reforçado e eletrônica aprimorada.
No sofisticado chassi, por exemplo, foram colocados novos amortecedores e batentes de borracha para aumentar o conforto. A suspensão a ar (de série) conta agora com sistema de autonivelamento no eixo traseiro, que se traduz em maior estabilidade e segurança. Com isso, quem viaja atrás – em geral o feliz proprietário do carro – vai sofrer menos com ondulações no asfalto e movimentos da carroceria.
Por falar em conforto, a versão que avaliamos é a espaçosa 750 Li, mais longa (seu comprimento é de 5,22 metros, 14 cm a mais que o do 750i), que em nosso test-drive em São Petersburgo (Rússia) mostrou mais suavidade para rodar em pisos irregulares e comportamento geral em estrada superior, mesmo perdendo um pouco de agilidade em curvas sinuosas. Para o motorista que vai lá na frente, a direção está um pouco menos leve do que se esperaria num sistema elétrico, problema que é atenuado por ela ter assistência variável em função da velocidade. O quadro de instrumentos vale a visita: tem aspecto analógico, mas é só uma simulação digital. E pode ser substituído por uma tela assumidamente digital de 10,3 polegadas, onde é exibida toda a informação relevante para a direção. Essa tela é configurável, permitindo variar as cores e os gráficos apresentados. Além dela, há um novo monitor no centro do painel.
Os bancos de couro tiveram desenho aperfeiçoado, enquanto na parte de trás é possível optar entre um banco inteiriço para três ou duas poltronas individuais. As crianças vão gostar do sistema de entretenimento (opcional), com monitor de 9,2 polegadas para ver filmes ou jogar videogame. Já os pais podem curtir o novo áudio Bang & Olufsen (também opcional) de 1200 watts e 16 alto-falantes.
A linha de motores na Europa tem gasolina (740i, 750i e 760i), diesel (730d, 740d, 750d xDrive) e um híbrido (ActiveHybrid7), que podem equipar a carroceria longa ou a curta, com exceção do 740d. Todos os motores são combinados com uma rápida e suave transmissão automática de oito marchas.
O V8 turbo do 750 Li avaliado recebeu um sistema de variação do ângulo de abertura das válvulas (Valvetronic) e um de variação do tempo de abertura e fechamento (Vanos). A mudança resultou num acréscimo de 42 cv na potência (agora são 450 cv) e de 4,1 mkgf no torque (total de 66,3 mkgf entre 2 000 e 4 500 rpm). Se com isso o desempenho (que já era ótimo) mudou pouco, no consumo a evolução foi notável: subiu de 8,7 para 11,6 km/l no ciclo europeu homologado, sem abrir mão de uma impressionante aceleração de 0 a 100 km/h em meros 4,8 segundos.
Como em todos os BMW recentes, passa a existir um comando Driving Experience (ao lado do coman- do rotativo de controle da central multimídia), que permite selecionar os modos Comfort, Sport e Eco Pro. Eles alteram a resposta do motor, do câmbio, da direção e, no modo Eco Pro, do ar-condicionado e do aquecimento/refrigeração dos bancos. Neste último ajuste, a iluminação da tela que simula os instrumentos fica azul e o conta-giros transforma-se num indicador que mostra o grau de eficiência da pilotagem. No modo Sport, a instrumentação ganha a cor laranja e o velocímetro exibe gráficos numéricos.
No geral, a mudança na nova Série 7 foi suficiente para dar fôlego ao BMW até a estreia do novo Mercedes Classe S, comentado na indústria como revolucionário no segmento. Enquanto essa briga não esquenta, os brasileiros poderão conferir no Salão do Automóvel como ficou o novo BMW.
VEREDICTO
Se a mudança no visual foi discreta, a melhoria em conforto e no motor (em especial no consumo) dão novo gás para o Série 7 encarar sem medo a atual concorrência.