Chevrolet Bolt EUV tem autonomia e preço atraentes, mas prazo de validade
Com sobrenome EUV, o SUV do Bolt chega ao Brasil mais em conta e com muito mais espaço interno que seu "irmão"
O Chevrolet Bolt EUV nasceu em 2021 como o primeiro SUV elétrico da marca. No Brasil, o modelo estreia agora, em 2023, já em clima de despedida: ele deixará de ser produzido nos Estados Unidos ainda este ano, já que, a partir de 2024, todos os elétricos da General Motors serão baseados na plataforma Ultium – mais moderna em relação a que dá origem à linha Bolt.
Sendo assim, por aqui ele busca “compensar” a chegada tardia com exclusividade e preço atraente. Serão oferecidas apenas 200 unidades e por R$ 279.990, R$ 50.000 a menos do que o Bolt EV “convencional”, de menores dimensões. Será que mesmo assim vale a pena?
Apesar de guardar semelhanças por ser uma derivação, o Bolt EUV tem um descolamento visual significativo em relação ao Bolt EV (sem a letra “U”). A dianteira tem conjunto óptico full-led semelhante, mas com peças separadas, enquanto a grade é maior.
De lado vem a maior diferença entre os modelos, já que o EUV tem proporções mais definidas, como traseira mais vertical e capô mais horizontal. As rodas de 17 polegadas têm bom tamanho, mas parecem pequenas frente à extensa área de lataria.
A traseira tem particularidades como o funcionamento das luzes de freio e indicadoras de direção, que ficam no para-choque e se alternam, como em um típico carro norte-americano. Entre as dimensões, o Bolt EUV é 16 centímetros maior do que o EV no comprimento, 8 cm no entre-eixos e 3 cm na altura.
O layout inteno é o mesmo nos dois modelos, com discretas exclusividades no Bolt EUV, como o revestimento azul escuro de bancos, painéis de porta e da faixa central do painel. O painel segue com visual limpo e poucos comandos físicos, quadro de instrumentos digital de 8 polegadas e central multimídia com grandes 10,2 polegadas.
Há boa variação de texturas e brilhos, além de qualidade dos materiais (com porções emborrachadas) e montagem caprichada – mesmo que falte suavidade nos botões dedicados à multimídia atrás do volante e no fechamento do compartimento sob o apoio de braço central.
A lista de itens de série é boa, com piloto automático adaptativo, faróis altos automáticos, alerta de tráfego cruzado traseiro, bancos dianteiros e volante com aquecimento, sistema de som Bose, teto solar elétrico e dez airbags.
As maiores dimensões externas se refletem no espaço. Os ocupantes traseiros podem viajar sem qualquer aperto para as pernas, e o mesmo vale para quem precisar ocupar a posição central. O Bolt EUV é um raro caso em que o assoalho traseiro é totalmente plano. O porta-malas também é bom: são 462 litros, 82 a mais do que no Bolt EV.
Há dois escorregões, porém: ocupantes laterais com mais de 1,75 m poderão raspar a cabeça no teto e não há saídas de ar-condicionado ou portas USB atrás.
A mecânica é a mesma do “irmão”, ou seja, o Bolt EUV é puxado por um motor elétrico de 203 cv e 36,7 kgfm, alimentado por uma bateria de 66 kWh. De acordo com nossos testes, o modelo vai de 0 a 100 km/h em 8 segundos e tem autonomia projetada de 403 km em ciclo urbano e 396 km em ciclo rodoviário, bons alcances e que mostram uma economia significativa considerando o tamanho intermediário da bateria e os 1.711 kg do modelo.
Todos estes números refletem o equilíbrio que representa o Bolt EUV, que tem bom desempenho, acelerações e retomadas fáceis, mas sem a brutalidade de outros elétricos. É claro que, em acelerações totais, os ocupantes colarão no banco graças ao torque instantâneo. Isso, porém, acontece de forma suave.
A convivência segue tranquila com o conjunto bem acertado de suspensão, que absorve impactos com maciez e permite um rodar relativamente tranquilo em terrenos com imperfeições. Em mudanças bruscas, como valetas, divisórias de viadutos ou desníveis de asfalto, a suspensão produz um efeito rebote que poderia ser suavizado, mas que não tira o brilho do conjunto. A direção é mais pesada do que se pode aparentar, mas garante a boa dirigibilidade e estabilidade do Bolt, ao lado da suspensão.
O sistema de condução com um pedal é altamente funcional e pode ser reforçado com o câmbio na posição B, que intensifica as desacelerações, ou por uma aleta atrás do volante, à esquerda. A função ajuda a poupar os freios e a carga da bateria.
Veredicto
Mesmo perto do fim, o Bolt EUV é uma boa opção, especialmente frente ao seu “irmão” EV, que é menor, mais caro e que também sairá de linha. Além disso, considere que grande parte de seus concorrentes por aqui também serão descontinuados ou atualizados em breve.
Ficha técnica
Motor: elétrico, dianteiro, 203 cv, 36,7 kgfm
Bateria: Ion-lítio, 66 kWh; autonomia, 403 km urbano e 396 km rodoviário
Recarga: 10 km por hora a 2,2 kVA, 40 km por hora a 7,4 kVA, 144 km em 30 min. a 50kW
Câmbio: 1 marcha, tração dianteira Direção: elétrica progressiva
Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), disco sólido (tras.)
Pneus: 215/50 R17
Peso: 1.711 kg
Dimensões: compr., 4,31 cm; larg., 2,05 cm; altura, 1,62 cm; entre-eixos, 2,67 cm; porta-malas, 462 litros
Testes Quatro Rodas
Aceleração
0 a 100 km/h – 8 segundos
0 a 1.000 m – 30,6 s – 148,12 km/h
Velocidade máxima – n/d
Retomadas
D 40 a 80 km/h – 3,1 s
D 60 a 100 km/h – 3,8 s
D 80 a 120 km/h – 5,1 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0 – 13,1/23,3/53,9 m
Consumo
Urbano – 6,2 km/kWh
Rodoviário – 6 km/kWh
Ruído interno
Neutro/RPM máx. – n/d
80/120 km/h – 60,1/66,9 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h – 95 km/h
Rotação do motor a 100 km/h – n/d
Volante – 2,7 voltas
Seu bolso
Preço básico – R$ 279.990
Garantia – 3 anos (8 anos para bateria)