Chevrolet Montana tinha o melhor do Corsa e levava muita carga
Picape derivada da segunda geração do Corsa tinha visual das UTE australianas e levava mais carga que Saveiro e Strada
Foi só a General Motors anunciar a produção de uma picape inédita, supostamente maior e com cabine dupla, que veio a notícia de que a Chevrolet Montana deixou de ser fabricada há algumas semanas.
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Esta segunda geração da Montana esteve à venda por mais de 10 anos e não teve qualquer atualização visual em todo esse tempo. Esteve mais tempo em produção, inclusive, que sua primeira geração, vendida entre 2003 e 2010. E não estaríamos forçando a barra se disséssemos que a primeira geração deixou saudade.
Houve, inclusive, uma reviravolta técnica nessa mudança de geração. A primeira Chevrolet Montana era baseada na primeira geração do Corsa e chegava para substituir a Corsa Pick-Up, baseada na plataforma GM 4200, que seguiria viva com Celta e Classic.
Isso, pelo menos, até o lançamento da segunda geração da Montana em 2010. A geração que acaba de sair de linha era baseada no Agile, outro carro baseado na velha base 4200, que enfim foi aposentada.
Em menos de 20 anos a picape compacta conseguiu avançar e regredir tecnicamente. Agora, o resgate do primeiro teste da primeira geração da Montana, publicado no final de 2003, mostra que ela poderia ter sido baseada no Celta. E nessa, estaria até hoje com a mesma base do Corsa de 1994.
Chevrolet Montana Off Road – Ela veio para brigar
Cabine maior, mais capacidade de carga e três anos de garantia para motor e câmbio são os principais argumentos para enfrentar a concorrência
Publicado originalmente em outubro de 2003
Desde o lançamento do novo Corsa, em abril do ano passado, os picapeiros de plantão aguardavam a versão utilitária do compacto. Nesse quase um ano e meio entre desenvolvimento e apresentação – a Strada veio sete meses depois do Palio – chegou-se a cogitar que a Montana não seria derivada do Corsa mas sim do Celta.
A demora, segundo a fábrica, não está relacionada a problemas durante o projeto, porém ao calendário de lançamentos da GM. É bom lembrar que entre a chegada dos dois modelos ela ainda lançou a Meriva, também derivada do Corsa, e o novo Astra.
Pelas fotos já dá para imaginar que a missão da Montana é se aproximar da Strada – e se possível ultrapassá-la. Seu preço deverá ficar perto dos 23.000 reais (R$ 59.230 em 2021, IPCA), para a versão básica (ainda há a Sport e a Off Road, a avaliada por nós).
Vale adiantar que não haverá versões com cabine estendida. Segundo a GM o conceito “Max Cab”, adotado na Montana, tem a melhor relação entre capacidade de carga e espaço interno, graças à maior distância entre-eixos: são 2,71 metros contra 2,48 na picape Corsa. No total, a nova picape é 37 centímetros maior que a antecessora.
De fato a cabine é espaçosa e até os mais altos não têm problemas para achar a posição ideal ao volante – os bancos têm regulagem de altura na versão Off Road. Quanto àquele espacinho atrás dos bancos, saiba que ele é mais que suficiente para levar uma mochila ou pequenas caixas. Mas nada comparável ao espaço da Strada com cabine estendida.
Ainda no interior, o visual e o acabamento seguem o padrão da família Corsa, com predominância de plástico cinza e pequenas falhas de acabamento, percebidas no encaixe de algumas peças do painel.
Se por dentro ela lembra o Corsa, externamente essa afirmação só é válida se a picape estiver de frente. E apenas na versão básica, que leva o mesmo pára-choque do hatch. As linhas da Montana foram um dos últimos trabalhos de David Rand, ex-diretor de design da GM Brasil e que agora ocupa o cargo de diretor do departamento de estilo da marca, na matriz, em Detroit.
Responsável pelo design de Corsa, Corsa Sedan e Meriva, ele teria deixado o projeto pronto, ficando a cargo de Carlos Barba, o atual chefe do departamento, os acertos finais.
Entenda-se aí os adereços estéticos, como os detalhes da versão Off Road.
Nela, o pára-choque dianteiro tem um quebra-mato que sustenta dois faróis de neblina. O conjunto óptico recebeu uma máscara preta, que acompanha o formato dos refletores. E, a exemplo do que acontece na Strada Adventure, a Montana tem protetores plásticos nos pára-lamas e estribos laterais.
Na tampa traseira, a influência veio de outro fabricante. Em vez do tradicional Chevrolet por extenso, como é na S10, a Montana ostenta o logotipo da marca, assim como a Saveiro.
Novidade mesmo são as lanternas com dois círculos – no mais alto ficam a lanterna e a luz de freio e no outro a luz de ré e as luzes indicadoras de direção –, o “step side”, uma espécie de degrau próximo ao pára-lama traseiro, a exatos 55 centímetros de altura do solo, e o santantônio, que fica acoplado na caçamba.
Eis aí um dos pontos fortes do veículo. Entre as picapes pequenas, a Montana é a que tem maior capacidade de carga, levando até 735 quilos. São 35 quilos a mais que uma Courier e que uma Saveiro 1.6 e 30 a mais que uma Strada 1.8 cabine simples. Mas a Montana fica devendo o protetor plástico da caçamba, que é vendido em concessionária por 500 reais. Na Saveiro e na Strada o item é de série.
A Montana será comercializada apenas com o motor 1,8 litro Flexpower, que trabalha tanto com álcool (109 cavalos) como com gasolina (105 cavalos). A opção por utilizar apenas esse motor se justifica pela confiança depositada pela GM na tecnologia bicombustível, a exemplo do que já aconteceu com o Corsa.
Em relação ao irmão, a Montana tem alterações na relação de diferencial, que passou de 3,94:1 para 4,19:1. Tal mudança tem como objetivo prover a picape de mais força quando carregada.
Ao volante – e com a caçamba vazia –, a impressão é a de que se está dirigindo um Corsa. Prova disso está na proximidade dos números de desempenho. Comparando a aceleração de 0 a 100 km/h com o Corsa Flexpower, medido em julho deste ano, a vantagem para o hatch é de apenas sete décimos – a Montana realizou o teste em 12,3 segundos.
Na máxima, a barreira aerodinâmica causada pelo quebra-mato e pelo santantônio impediu que a picape fosse além dos 164 km/h, 7 km/h mais lenta que o irmão.
Na hora de fazer curvas, a diferença em relação ao Corsa também é pequena. Na dianteira, a GM manteve o conjunto McPherson, utilizando apenas uma calibragem mais rígida de molas e amortecedores, tendo em vista a vocação trabalhadora da Montana. Na traseira, mais requisitada na hora de transportar carga, a marca utilizou uma viga de torção com molas helicoidais.
E o esforço para tornar a picape competitiva não se restringiu à área técnica. Também o pessoal de pós-venda foi envolvido. Quem comprar a Montana terá garantia de fábrica de um ano sem limite de quilometragem e mais dois anos (além do primeiro) de garantia para motor, câmbio e todos os sistemas elétricos envolvidos nesses dois componentes. E a garantia é exclusiva à picape. Mas para ter direito a ela o cliente deverá fazer revisões – gratuitas – de seis em seis meses nas concessionárias da marca.
Fotos da Chevrolet Montana Off Road
Teste – Chevrolet Montana Off Road
0 a 100 km/h – 12,3 s
Velocidade máxima – 164 km/h
Consumo urbano – 7,2 km/l
Consumo rodoviário – 11,7 km/l
Preço – 29.500 reais (R$ 75.969 em 2021, IPCA)
Ficha técnica – Chevrolet Montana Off Road 1.8
- Motor: Dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, 8 válvulas; Cilindrada: 1796 cm3 Diâmetro x curso: 80,5 x 88,2 mm; Taxa de compressão: 10,5:1; Potência: 105 cv a 5400 rpm; Torque: 17,3 kgfm a 3000 rpm
- Câmbio: Manual de 5 marchas, tração dianteira; I. 3,73; II. 1,96; III. 1,32; IV. 0,95; V. 0,76. Ré 3,31; Diferencial 4,19; Rotação do motor a 100 km/h em 5°, 2800 rpm
- Carroceria: Dimensões: Comprimento, 456 cm; largura, 177 cm; altura, 155 cm; entre-eixos, 271 cm; Peso: 1.115 kg; Peso/potência: 10,6 kg/cv; Peso/torque: 64,4 kg/kgfm; Volumes: Caçamba 1143 L, tanque de combustível 52,5 l
- Suspensão: Dianteira: Independente, tipo McPherson, com molas helicoidais e amortecedores hidráulicos; Traseira: Semi-independente, viga de torção com dois braços de controle e amortecedores
- Freios: Disco ventilado na dianteira e tambor na traseira com ABS (opcional)
- Direção: Tipo pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica; diâmetro de giro 10,8 metros; 3,3 voltas entre batentes
- Rodas e pneus: Liga leve, aro 14; Pirelli Citynet 175/70 R14
- Principais equipamentos de série: Ar quente, barras de proteção lateral, banco do motorista com regulagem de altura, brake-light, conta-giros, direção hidráulica, estribos laterais, faróis com máscara preta, janela traseira corrediça, rodas de liga leve, protetor de cárter, quebra-mato, vidros verdes
- Garantia: 1 ano sem limite de quilometragem para o carro e três anos para motor e câmbio
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